Capítulo 26: Surpresa inesperada

882 Words
ISABELA Me vesti rápido, já sabia que o Jace ia começar com aquele papo de novo. — Amor, já falei que não precisa trabalhar — ele resmungou, encostado na porta do quarto, só de bermuda, cruzando os braços com aquela cara emburrada. Revirei os olhos, terminando de ajeitar minha roupa. — Jace, eu gosto do meu trabalho. Eu estudei pra isso. Não vou largar só porque você quer bancar tudo pra mim. Ele bufou, passando a mão no cabelo. — Mas eu posso te dar tudo, anjinha… Não quero você se matando de trabalhar. Me virei pra ele, suspirando. — Eu não tô me matando, tô vivendo minha vida. É importante pra mim. Ele me olhou daquele jeito intenso, como se tentasse me convencer só no olhar. Mas eu já tinha minha decisão. Peguei minha bolsa e fui até ele, ficando na ponta dos pés pra dar um selinho demorado. — Prometo que não vou me cansar demais, tá? Ele suspirou de novo, pegando minha cintura. — Pelo menos deixa eu te levar… — O motorista tá me esperando lá embaixo, amor — falei, rindo da cara contrariada dele. Ele segurou meu rosto com as duas mãos, me dando um beijo tão intenso que me fez cambalear um pouco pra trás. — Tô te esperando pra gente matar essa saudade depois — ele murmurou contra minha boca. — Nem fui ainda e já tá com saudade? — Sempre — ele sorriu de canto. Saí rindo, descendo com o segurança e o motorista. Já tava acostumando com essa escolta toda, mas a sensação de ser vigiada ainda era esquisita. Fazer o quê? Jace não ia abrir mão disso tão cedo. Assim que desci do carro, senti os olhares em cima de mim. Já tava até acostumando com isso desde que comecei a chegar nesses carrões, mas era engraçado ver a cara de decepção da galera quando percebia que não era o artista da noite saindo dali, e sim eu, só mais uma funcionária da casa de shows. — Ué, achei que fosse o L7nnon — ouvi alguém cochichar. Segurei a risada e segui meu caminho, já me preparando mentalmente pro trampo. O dia foi como sempre, puxado. Tudo sobrava pra mim, parecia que a galera tinha um radar que detectava quem estava mais ferrado e jogava ainda mais coisa. Enquanto isso, o segurança do Jace ficava colado em mim, um verdadeiro mordomo de luxo. — Senhorita, quer sentar um pouco? Trouxe um banquinho. — Senhorita, trouxe uma água gelada. — Senhorita, precisa de alguma coisa? Pelo amor de Deus, que tempo eu tinha pra sentar ou tomar água? Nem respirar direito eu conseguia. Só balancei a cabeça, agradecendo, mas continuei no corre. Até que, num momento que parei pra checar um equipamento, o segurança se aproximou de novo, agora falando baixinho. — O senhor Jace pediu pra você olhar as mensagens. Revirei os olhos. — Responde você. Diz que deixei o celular no armário porque não tenho tempo pra nada. O cara riu, mas acenou com a cabeça, já mandando o recado. Enquanto isso, a equipe parou pra um lanche, mas eu? Eu tava lá, dando o sangue pra garantir que mais um show saísse impecável. Fazer o quê? Essa era minha realidade. E, apesar de tudo, eu amava meu trabalho. Já tava acostumada a ficar no corre enquanto todo mundo fazia uma pausa. Alguém sempre arrumava um tempinho pra sentar, beber uma água, trocar ideia… menos eu. Se eu parasse, quem ia garantir que tava tudo certo? Enquanto ajustava uns cabos no palco, senti o segurança se aproximar de novo. Já até sabia o que era. — O senhor Jace disse que se você não responder, ele vai aparecer aqui. Suspirei fundo, já sentindo a treta vindo. — Ah, pelo amor de Deus, responde pra ele que tá tudo certo, que tô trabalhando e que ele não precisa surtar. O segurança riu e mandou a mensagem. Mas, sinceramente? Conhecendo o Jace, eu tinha certeza de que não ia ser tão fácil assim. O show começou e, como sempre, o caos se instalou. Gente correndo pra lá e pra cá, técnico ajustando som, produtor falando no rádio. E eu ali, tentando manter a ordem no meio da bagunça. No meio da correria, senti alguém me puxar pelo braço. Quando virei, quase derrubei o copo d’água que segurava. — Que p***a é essa, Jace? Ele tava ali. De boné, moletom e óculos escuros, mas era impossível não reconhecer. — Te mandei mensagem. Você me ignorou. Tive que vir. — Moleque, eu tô trabalhando! — falei, sem paciência. — Eu sei. Só queria te ver rapidinho. Antes que eu pudesse responder, ele me puxou pra um canto mais escuro do backstage e colou a boca na minha. Eu tentei resistir, mas quem disse que consegui? O beijo dele era viciante, quente, me bagunçava toda. — Agora posso ir embora tranquilo — ele sussurrou, mordendo meu lábio de leve. Bufei, empurrando ele de leve. — Some daqui antes que alguém te veja. Ele riu, deu um tapa na minha b***a e saiu sumindo no meio da equipe. E eu? Segurei a cara de brava, mas por dentro tava toda boba. Segui minha rotina com o gosto do beijo dele, agora que eu não tomaria água mesmo.
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