O sol tava rachando no alto da laje. A quebrada tava sinistra. Gente indo e vindo, rádio tocando funk antigo, criança correndo descalça, um cheiro de churrasquinho misturado com mijo e fumaça de escapamento. Eu tava sentado na mureta da boca, falando com o Jacaré e o Jhonny sobre a nova remessa que chegou. Tava com a cabeça quente, os caras do morro de cima tinham mandado recado atravessado, e se eu não respondesse, ia parecer fraqueza. — E se a gente der um recuo pra ver se eles agem? — Jacaré sugeriu. — Recuar é o c*****o — respondi. — Eles tão testando. A gente não vai dar margem. — Eles assentiram. A conversa seguiu. Mas foi interrompida. Um dos vapores veio andando ligeiro, com uma cara esquisita. Eu já senti que tinha merda. — JL — ele chamou. — Chegou isso aqui… lá no portão de

