Acordei com o som de panela batendo. O teto era diferente. A cama era diferente. Eu era diferente. O lençol tinha cheiro de cigarro e amaciante. A luz entrava filtrada por uma cortina encardida. Um ventilador barulhento rodava devagar no canto do quarto. Demorei alguns segundos pra lembrar onde eu tava. Casa dele. JL. A barriga pesava. Não era só física, era simbólica. Eu tava carregando o filho de um homem que m*l sabia meu nome. Levantei devagar. Vesti a roupa do dia anterior. Quando saí do quarto, encontrei a casa do mesmo jeito da outra vez, desorganizada, viva, crua. E lá estava ele: na cozinha, mexendo algo numa panela, de costas. — Bom dia — falei, num sussurro. Ele virou a cabeça, sem sorrir. — Bom dia. Dormiu bem? — Assenti. — Quer café? — Quero. Me sentei à mesa. O tamp

