As roupas caíam da minha mão, uma por uma, enquanto eu tentava enfiar tudo na Mala. O zíper enroscava. Os cabides batiam. O mundo inteiro parecia conspirar contra mim até no barulho. Meu quarto virou zona de guerra. E eu era o exército em retirada. A mão tremia. A respiração vinha em soluços curtos, rápidos, como se o peito estivesse contraído por dentro. — Ele não pode… Ele não pode fazer isso comigo… — minha voz saía falhada, molhada, sufocada. Minha mãe entrou correndo, o rosto branco, o cabelo bagunçado. — Filha, espera… ele tá nervoso… ele vai se acalmar… — Ele me expulsou, mãe! — gritei, sem conseguir me conter. Ela veio até mim, tentou tocar meu braço. Eu recuei, engolida por uma onda de mágoa. — Ele só tá… surpreso. É muito pra ele digerir. — Pra ele digerir? — solucei, co

