JL chegou mais cedo do que eu esperava. Nem barulho de moto, nem estalo de portão avisando com antecedência. Só apareceu, do nada, igual um fantasma, com o rosto meio tenso, olhar mais sério do que o normal. — Chegou cedo — falei sem levantar o olhar. Tava dobrando uns paninhos do Zezinho, tentando organizar as coisas dele que ainda estavam espalhadas. — É. Resolvi os bagulho rápido — ele respondeu, curto. Seco. Parei por um segundo. Estranhei. JL nunca foi muito de falar, mas tinha um “quê” esquisito no tom dele, como se tivesse engolido alguma coisa atravessada. Tentei ignorar. Peguei outro pano, dobrei do mesmo jeito, ajeitei na pilha. Mas ele ficou ali na cozinha, depois veio pra sala. Silencioso. Me observando. Parecia que eu era uma bomba prestes a explodir e ele tava esperando o

