A mão dele ainda tava ali, quente, sob a minha. Ficamos assim por um tempo. Sem música. Sem voz. Só a respiração dos dois ocupando o quarto, junto do som abafado da TV que ainda passava a série esquecida. — Valentina… — ele disse, baixo, sem me olhar diretamente. — Às vezes eu não sei nem o que tô sentindo. Mas sei que quando tu sorri… parece que o morro inteiro silencia. Minhas bochechas esquentaram. Me odiei um pouco por isso. E, ao mesmo tempo, senti algo soltar dentro do peito. Ele levantou os olhos. Me olhou de verdade. — Se tu me deixar… eu queria tentar. Com tu, com o Zezinho, com tudo. — engoli o orgulho junto com a insegurança. Quando abri de novo, ele ainda tava ali. Me esperando. E então, sem avisar, fui eu quem me inclinei. A boca dele encontrou a minha com uma delicadeza

