Naquela noite, eu disse pra mim mesma que ia dormir cedo.
Mas o corpo tava pesado, a cabeça cheia, e os pensamentos rodando mais do que qualquer novela mexicana. Tomei banho, vesti o pijama mais largo, deitei com uma tigela de pipoca que nem quis comer.
A TV tava passando uma série qualquer. Aquelas de drama exagerado, com mães solteiras abandonadas, que encontravam o amor com um cara que salvava elas no último segundo.
Ridículo e totalmente viciante.
Quando vi, já tava com os olhos marejados. Não era pela série. Era por tudo.
Pelo meu pai. Pela minha mãe, que só me liga de vez em nunca. Pelo meu filho, que ainda nem nasceu e já caiu no meio de uma guerra fria. Por mim.
Pela Valentina que eu fui, pela que eu tô tentando ser. Por tudo que me prometeram e tudo que eu perdi no caminho.
