20 - Valentina

1093 Words

Depois que minha mãe foi embora, a casa ficou com aquele cheiro agridoce de lembrança. Não era perfume, nem comida, nem nada concreto. Era só o rastro do passado batendo na porta. Eu fiquei parada no sofá, olhando pro nada. JL fechou o portão, entrou em silêncio, foi direto pra cozinha, abriu a geladeira, depois voltou com uma garrafa de água na mão. — Tu tá bem? — Tô. — Tua mãe é mais normal do que eu achei. — Ela sempre foi. O problema é que ela não tem coragem. Nunca teve. — João sentou no braço do sofá, me observando de lado. — Se quiser ver ela de novo, pode ver. — Cê vai deixar? — Eu não sou teu dono, Valentina. — Dei um suspiro e olhei pra frente — Parece. — Ele riu curto. — Só porque eu resolvo tuas marmotagens? — “Marmotagens”? — Esses desejos malucos, esse teu jeitinh

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