A luz do quarto ainda tava acesa, mas fraca, amarelada. A gente ficou deitado ali, entre os lençóis bagunçados e os travesseiros espalhados. Ele de barriga pra cima, e eu meio de lado, com a cabeça no ombro dele, o corpo todo relaxado, envolvido por aquele calor bom de depois. Meus dedos faziam um caminho leve no peito dele, desenhando linhas invisíveis que só eu via. Ele respirava devagar, os olhos meio fechados, mas com um sorrisinho escondido no canto da boca. — Cê tá rindo de quê? — perguntei baixinho, sem tirar os olhos do movimento da minha própria mão sobre a pele dele. — Tô feliz. Só isso. — Isso é muito cafona, sabia? — É. Mas é verdade. Suspirei, fechando os olhos por um instante. O quarto tinha cheiro da gente. Do sabonete, e daquele perfume amadeirado que grudava nele o t

