Eu já sabia o que me esperava quando pisei no colégio. Mesmo assim, fui. A mochila nas costas pesava menos que os olhos em cima de mim. Era como se eu tivesse virado parte do mobiliário, todo mundo olhava, mas ninguém falava. Pelo menos, não na minha frente. Os cochichos vinham pelas costas. — Olha lá… Ridícula. E ainda tem coragem de vir. — Tá se achando só porque tá grávida do chefe. — Nem sabe quem é o pai de verdade. Cada frase era uma faca. Algumas afiadas, outras só pesadas demais. Passei por um grupo de meninas que estudavam comigo desde o fundamental. Duas viraram o rosto. Uma me encarou com nojo escancarado. A outra riu baixinho. A vontade era de gritar. De perguntar onde estavam todas quando eu era “a perfeita Valentina”, a filha do doutor, a que ganhava bolsa porque era

