Capítulo 2

1205 Words
Capítulo 2 Iris Brown "Seduzir o marido dela?" As palavras de Eva ecoaram na minha mente como um trovão, me deixando atordoada. Meu primeiro impulso foi rir, porque aquilo era insano. Mas nada nessa mulher parecia uma piada. — Seduzir o seu marido? — Minha voz saiu incrédula. — Exatamente. — A resposta de Eva veio rápida, sem hesitação. Como se estivesse me pedindo um favor trivial. Fechei os olhos por um instante, tentando processar o absurdo dessa situação. Primeiro, ela queria que eu seduzisse alguém. Agora, revelava que esse alguém era seu próprio marido? — Você ficou sem palavras, Iris? — O tom de Eva era quase divertido. — Isso é loucura. — Passei a mão pelo rosto, tentando manter a calma. — Por que diabös você quer que eu faça isso? Do outro lado, ouvi o som de um líquido sendo servido. Vinho, provavelmente. Eva sempre parecia estar no controle, e aquilo me irritava. — Rui me traiu — ela disse, enfim. — E não foi só com outra mulher. Ele me enganou de verdade. Pegou o que era meu, o que pertence à minha filha. Minha mente registrou as palavras com um atraso. — Minha irmã precisa de um transplante, não de um escândalo — continuei forçando minha voz a sair firme. — E eu posso conseguir isso para você — ela retrucou calmamente. — Mas nada na vida é de graça, Iris. Eu já sabia disso. Sempre soube. Desde que nossa mãe morreu e eu tive que aprender a me virar sozinha com Sandra, o mundo fez questão de me lembrar disso todos os dias. — Eu não entendo essa sua proposta. — Meu marido controla todos os bens da família. Enquanto tudo estiver no nome dele, estou de mãos atadas. Havia uma pausa. Como se ela estivesse me deixando absorver o peso daquilo. — Mas Rui ter algum erro. Algo que pode virar o jogo para mim. — Sua voz desceu para um tom mais baixo, quase conspiratório. — Eu só preciso que você descubra o que é. Meus dedos apertaram o telefone com força. — E o que exatamente eu devo procurar? Do outro lado da linha, Eva riu baixinho. — Isso... Eu conto depois. Vai chegar um endereço no seu celular e você vai me encontrar nele. A ligação caiu antes que eu pudesse responder. Fiquei aqui, encarando a tela do celular, como se ele pudesse me dar alguma resposta. Como se pudesse me dizer por que, de todas as pessoas do mundo, Eva tinha escolhido justamente a mim para isso. Mas a verdade era que nada disso importava. Porque, no fim das contas... Eu não tinha escolha. ( ... ) Poucas horas depois da ligação, que eu já estava em casa, uma mensagem chegou no meu celular. Nenhuma explicação, apenas um endereço. Podia ignorar? Podia. Mas não ia. Porque, no fundo, eu já sabia que estava envolvida até o pescoço nisso. Peguei um táxi e fui até o local. Era um hotel luxuoso, do tipo que eu jamais poderia me hospedar com meu próprio dinheiro. A recepcionista nem me olhou duas vezes quando informei o número do quarto. Eva já havia preparado tudo. Subi no elevador, minhas mãos frias de ansiedade. Quando bati na porta do quarto, ela se abriu quase que imediatamente. Eva me esperava, impecável como sempre. Vestido justo, maquiagem sem falhas. Olhos frios que me analisaram da cabeça aos pés. — Demorou — disse, voltando para dentro do quarto sem me convidar formalmente a entrar. Fechei a porta atrás de mim, cruzando os braços. — Por que eu? Eva se sentou em uma poltrona e cruzou as pernas com elegância. — Porque agora, Iris, os seus interesses e os da sua irmã estão diretamente ligados aos meus. Meu estômago revirou. — Você quer dizer que eu não posso trair você sem prejudicar a minha irmã? — Exato. — Ela sorriu, satisfeita. — E além disso, Rui tem um gosto bastante... peculiar para mulheres. Você encaixa no perfil dele. As palavras dela me incomodaram de um jeito que eu não sabia explicar. — O que isso significa? — Significa que ele gosta de mulheres como você. — Ela pegou uma taça de vinho e deu um gole, como se estivéssemos falando do tempo. — Mulheres que parecem fortes, mas que têm uma fragilidade escondida. Ele vai te notar. Eu respirei fundo, tentando digerir tudo aquilo. — E o que eu tenho que fazer? Eva sorriu, como se estivesse esperando exatamente essa pergunta. — Depois de amanhã, haverá um jantar de galä. Rui e eu estaremos lá. Eu criarei uma oportunidade para você aparecer e chamar a atenção dele. Você precisa fazer com que ele queira se aproximar. O resto... depende de você. Meu coração acelerou. Era real. Estava acontecendo. — Você vai dormir aqui hoje. Amanhã, eu vou te treinar para que esteja pronta. A ideia de ser "treinada" como se fosse um animal de exibição me enojou, mas engoli o desconforto. Não tinha escolha. ( ... ) Na manhã seguinte, Eva não perdeu tempo. Me mostrou fotos de Rui, explicou suas preferências, seus hábitos, como ele falava, como ele olhava para as mulheres. Como eu deveria agir perto dele. E então, na noite seguinte, ela me preparou. Cada detalhe foi meticulosamente pensado: o vestido perfeito, a maquiagem impecável, o perfume certo. Quando olhei para o espelho, quase não me reconheci. — Perfeito — Eva disse, analisando-me. E então, fomos para o jantar. O salão era luxuoso, iluminado por um enorme lustre de cristal. Pessoas da alta sociedade circulavam com taças de champanhe nas mãos, conversas sofisticadas enchendo o ambiente. Eva não perdeu tempo. Levou-me direto até Rui. — Querido — ela disse, sua voz doce e venenosa ao mesmo tempo —, esta é Iris, minha irmã distante. Um dos casos do meu pai. Rui virou-se para mim, e, por um segundo, vi algo em seus olhos. Interesse. Curiosidade. Ele era superficialmente gentil, educado, mantendo a pose perfeita de marido sofisticado. Mas seu olhar me examinava de cima a baixo, com um certo... flerte. O jantar continuou. O tempo passava lentamente, cada segundo preenchido por conversas vazias e risadas forçadas, não conseguia prestar atenção em nada à minha volta, mas sentia que estava sendo observada, mas não importava meu foco e interesse eram outros. Rui se levantou e subiu uma escada. Eva me lançou um olhar. Era agora. Minha respiração ficou presa na garganta. Eu sabia o que precisava fazer. Subi as escadas, indo para a área mais reservada do salão. E lá estava ele. Parei ao seu lado, e me virei para encará-lo, inclinando-me para ele de uma maneira que parecia ensaiada demais. Ele percebeu. Rui riu, um som baixo e perigoso. — Você está se esforçando demais. O calor subiu para meu rosto, mas antes que eu pudesse dizer algo, ele me lançou um olhar afiado. — Me diga... — Ele se aproximou, sua voz carregada de diversão e algo mais sombrio. — Você sempre foi assim... uma vagabundä? O insulto queimou como um tapa . Meu corpo agiu antes da minha mente, eu não podia mais voltar atrás . Dei um passo à frente e pulei direto em seus braços .
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