Entre a Lei e o Desejo

Episódio 2

Narrado por Rafael

Helena Navarro. A mulher mais irritante, provocante e inegavelmente atraente que eu já conheci. Toda vez que ela entra em uma sala, o ar muda. Como se o ambiente reconhecesse a presença de uma força da natureza. Ela tem aquele olhar de quem já viu demais, sofreu demais, e decidiu que ninguém mais vai feri-la. Ninguém, exceto talvez... eu?

A verdade é que eu odeio o que ela representa. A advogada dos criminosos. A rainha do jogo sujo dos tribunais. Mas... quando ela senta na minha frente com aquele ar de desafio, com as pernas cruzadas e um sorriso de veneno nos lábios... meu corpo me trai.

Hoje não foi diferente. Cada palavra dela era um teste. Cada gesto, uma provocação. Ela sabia o que fazia. Sabia o efeito que causava em mim. E eu a odiava por isso.

Mas também a desejava com uma intensidade que beirava o insano.

Depois da reunião, fui para a sala de investigação. O caso era sério. Tráfico de armas, execuções ligadas a um novo cartel. E ela, com aquela pose de deusa intocável, vinha me dizer que eu não tinha provas suficientes. Meu sangue fervia.

Passei a noite revendo relatórios, interrogando informantes, tentando focar. Mas a imagem dela não saía da minha mente. Aqueles olhos verdes como selvas fechadas. Aquela boca que parecia feita para pecado.

Não era só atração. Era um tipo de raiva misturada com desejo. Um impulso destrutivo. Como se a gente precisasse se tocar só pra ver quem resistiria mais tempo sem ceder.

Cerca de duas da manhã, decidi sair. Peguei o carro, sem rumo. Acabei parando em frente ao prédio dela. Por quê? Nem sei. Talvez por saber que ela estaria acordada. Talvez porque meu corpo me empurrava para lá.

Não subi. Não bati. Apenas fiquei ali, observando a janela acesa. Me perguntando o que ela estaria vestindo. O que pensava. E se, por acaso, pensava em mim.

Voltei pra casa com o corpo em chamas. Tomei um banho frio. Tentei dormir. Sonhei com ela. Em minha cama. No meu peito. E, maldita seja, no meu coração.

Eu estava perdido. E ela era a perdição em pessoa.