Capitulo 3
Ellen Philips
O ponteiro do relógio indicava ser 16:59 e eu já arrumava a minha mesa para o furacão que iria passar em aproximadamente um minuto.
Arthur Morratti era esse furacão, o homem de um metro e oitenta, cabelos castanhos e olhos cor de mel. Não sei como pode ser tão bonito e tão antipático ao mesmo tempo.
O relógio estava marcando às 17:00 horas da tarde e eu via que estava amarrada a Arthur nas próximas quarenta e oito horas de um final de semana. Não era o que realmente desejava, mas era o que eu tinha.
Meu chefe saiu do seu escritório com a sua mala, seu óculos escuros, pois ainda tinha o sol entrando pela janela. E a sua pose de homem rico e esnobe, esse era um belo resumo dele.
Um homem perfeito se não fosse tão rude na maioria do tempo.
- Vamos! - Diz passando por mim sem nenhuma cerimônia, já passamos de ter vergonha um do outro a muito tempo.
Porque esperar educação vindo dele não era mais opção, estava acostumada com o seu jeito de ser.
Eu e Arthur estamos naquela parte do casamento que os dois mau se conhecem e não conseguem mais ser civilizados um com o outro. Um casamento que eu nunca entraria se fosse real.
Deus me livre ter um casamento assim, seria muita tortura, me odiar demais.
Acho que no primeiro minuto que Arthur Morratti me contratou, ele já tomou posse da minha vida e da minha alma, para ele é tanto faz com tanto fez.
Não sei explicar nossa relação de funcionário e chefe, que dirá um relacionamento de pessoas normais e sem compromissos profissionais.
Mas como a minha mamãe sempre me lembra, depois que comecei a trabalhar nesse escritório, nunca mais tive tempo para mim mesma. Então porque pensar na minha vida pessoal?
Pego minhas coisas e vou ao seu encontro, acho estranho que ele não foi em seu elevador particular e sim no de uso comum.
Quando as portas se abrem, me vejo em uma caixa de metal com meu chefe, malas e o Jorge. Meu amigo de elevador se apressa apertando o botão do térreo.
- Boa tarde Senhor...- Arthur somente inclina a cabeça como se doesse falar " Boa tarde".
- Boa tarde Jorge...- Sorriu para Jorge e sinto os olhos de Arthur cravados em mim.
Não ligo, já estou a tempo demais reclamando e sendo tratada igual a um lixo pelo i****a a minha frente. Agora não posso cumprimentar as pessoas?
- Boa tarde menina...- Ele olha para os números que estão no painel, eu sei que está sem graça, Jorge é tão simpático com todos.
- Boa tarde Jorge.
Quando finalmente chegamos ao térreo me sinto melhor, estava a ponto de morrer sem ar dentro daquele elevador.
- Boa viagem menina! - Jorge fala quando saímos e Arthur para e olha para ele.
- Porque um simples funcionário sabe que iremos viajar? - O que ele está querendo me acusar?
- Ele é meu amigo e sempre me tratou com educação, para Jorge estou indo para a casa dos meus pais, pois passei a semana toda falando o quanto estava animada. - Invento uma desculpa. - Não falei para ele que meu chefe precisa de mim para ir a Aruba. - Digo arrumando a postura e indo em direção a porta.
- Desculpa atrapalhar seus planos... - Ele diz com desdém.
- Está perdoado...- Digo vendo o motorista do i****a do meu chefe parado nos esperando.
- Eu...- Nem deixo ele concluir, vou quase que correndo para o carro.
Não sei se terei coragem de falar o que penso para esse i****a novamente. Então quando a situação aperta o melhor a se fazer é correr!
- Boa tarde Senhorita Ellen... - Sorriu para Eduardo, nós somos quase sócios de tanto que Arthur Morratti nos perturba com trabalhos e mais trabalhos.
- Boa tarde Eduardo! Como está a esposa? - Educador sorri na mesma hora e Arthur para ao meu lado.
- Está otima Senhorita Ellen, sempre me pede para agradecer a indicação.
- Não foi por nada...- Ele pega as malas, vou para meu lugar de sempre, mas ao tentar abrir a porta quem abre é Arthur.
- Obrigada. - Digo seco, não sei porque, mas hoje eu resolvi brinca com o perigo.
Arthur bate a porta na minha cara, está estressado.
- Eduardo já sabe para onde...- Arthur pega seu celular e entra no mundo de Nárnia.
Eu pego meu celular também e vejo que a minha mãe me mandou fotos das ovelhas da fazenda. Desde que mandei um cartão presente para ela comprar um aparelho melhor para poder se comunicar comigo, minha mãe virou uma mulher conectada e antenada. Recebo fotos de tudo, tudo mesmo.
Passo as fotos e recebo uma foto onde um homem está agachado fazendo carinho em Doralice, a minha ovelha de estimação.
Ellen: Quem é esse?
Mando para a minha mãe que responde rápido demais.
Mamãezinha : Esse é o menino que tem ajudado seu pai na colheita e na fazenda. O nome dele é Max.
Olho a foto novamente e tenho quase certeza de conhecer esse homem de algum lugar...
- Ellen? - Sou tirado dos meus pensamentos com Arthur estalando os dedos na minha frente, odeio quando ele faz isso.
- Sim, Senhor Morratti? - Retomo a minha postura de secretária eficiente.
- Estava no mundo da lua ou tinha algo mais interessante no seu celular? - Qual a possibilidade dele ter visto a foto?
Alta! Bem alta...
- Estava vendo algo...mas o que o Senhor deseja? - Arthur me olha como se tentasse montar um quebra cabeça.
Ele me analisou por muito tempo, e finalmente me perguntou o que queria.
- Quanto tempo não vê a sua família, Ellen? - Porque sinto que não era isso que ele queria me perguntar?
- Quatro meses... meu pai há um ano, somente o visitei na virada do ano, pois a empresa deu férias para todos e o Senhor viajou para Londres para ver seu tio.
Digo me lembrando que meu pai odeia avião, meu pai não vem me ver mas porque não consegue entrar em um avião sem estar dopado. Então preferimos não fazer dessa experiência recorrente, ele não lida bem com os remédios que o tira de órbita.
- Porque ele não vêm te ver? - Paro e penso...
Eu poderia ir lá se tivesse uma vida como os outros empregados, mas o Senhor i****a ocupa cada brecha da minha vida, cada centímetro dela. Quase todas às noites temos hora extra, já estou rica de hora extra.
Eu paguei meu apartamento na Califórnia com horas extras que Arthur Morratti me paga. Ele me fez ficar para ajudar às vezes com coisas que poderiam ser resolvidas depois ou por ele mesmo.
- Ele tem medo de avião...- Digo me mostrando incomodada com suas perguntas.
Para Arthur Morratti é sempre...
Trabalho!
Trabalho!
Trabalho!
- Vou fazer uma viagem no final do mês para o Texas, posso te levar e você irá poder ver os seus pais... - Ele diz como se fosse um grande favor me dar folga e carona.
- Obrigado. - Me limito a dizer, pois já ouvi isso antes, ele me deu esperança e quando eu dei por mim. Nada de fato aconteceu, foram retiradas toda a minha alegria em fração de segundos, pois ele não cumpria o que prometia.
- Porque tenho a sensação que não acredita em mim? - Arthur retira o óculos.
- Senhor...- Ele levanta o diacho da mão.
- Porque não acredita que irei te levar para ver seus pais? - Arthur me olha profundamente.
- Porque...- Me preparo para abrir a minha boca quando Eduardo fala que chegamos.
Arthur me olha não satisfeito, eu sei que essa viagem vai ser uma dor de cabeça.
Queria que me chefe fosse o mesmo que quando precisa que eu fiquei até tarde na empresa pede meu jantar, sobremesa, fala um pouco sobre Londres e até me leva em casa.
Claro que parei de me iludir, na manhã seguinte Arthur Morratti volta à versão de fábrica, sem emoção, sem afeto ou qualquer demostrar de interesse.
Logo estávamos em sua aeronave e torcia para ele esquecer de mim durante essa horas de vôo, não quero falar mais sobre isso.