• Capítulo 3 •

1183 Words
traduções livres ¹- Fora. ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° ° Sentia minha cabeça latejar, o chão frio, antes costumeiro, parecia estranhamente macio e com cheiro de produto de limpeza. Nunca havia deitado minha cabeça em algo tão macio como aquele travesseiro. Me sentia nas nuvens, arfei em satisfação, pensando que tudo tinha sido apenas um sonho, um infeliz pesadelo. Sorri ao sentir lambidas na ponta do meu nariz; o cachorro respirando em meu rosto era reconfortante. Minha mente, no entanto, me alertou com a pergunta: "Que cachorro, Ariel?" Abri os olhos de imediato, deparando-me com um cachorro de pelagem preta, orelhas pontudas e um focinho longo. Minha primeira reação foi gritar, o que, claro, foi uma péssima ideia. O cachorro começou a latir e rodar pelo quarto em posição de ataque. Levantei-me rapidamente na cama, rezando pela minha alma. A porta, antes fechada, foi praticamente arrombada por um homem de pele n***a. Ao ver a situação e o cachorro, ele agarrou o braço do outro rapaz que havia visto antes de perder a consciência. Usando o homem como escudo. A situação poderia ser engraçada se eu não estivesse apavorada. — Rpom! — o rapaz falou rapidamente, e o cachorro se sentou automaticamente, transformando-se de selvagem em dócil, com a língua para fora e até parecia sorrir. — ¹снаружи! — o cachorro levantou-se rapidamente com a cabeça baixa, passando pelos rapazes e desaparecendo. — Você tem que prender esse monstro! — o rapaz moreno finalmente falava em uma língua que eu conhecia. Nunca agradeci tanto por não ter desistido do curso de inglês. — Não é um monstro, você que é medroso. — A conversa entre os dois foi encerrada rapidamente, já que ambos agora direcionavam a atenção totalmente para mim. — Mandarei a Dorotéia trazer roupas para você. Tome um banho e desça. O homem alto logo virou as costas e saiu do quarto. Ainda de pé sobre a cama, encarava o rapaz moreno, que estava parado no patamar da porta com os braços cruzados. Ambos eram fortes, músculos visíveis sob o terno; imaginei que fossem lutadores. — Oi. Sou Felipe — ele me entregou um sorriso amigável — você pode sair de cima da cama ou tirar esse olhar de medo. Não vamos fazer m*l a você. Prometo que em três semanas, no máximo, estará de volta ao Brasil. — O rapaz me olhava com doçura. — Vamos esperar você lá em baixo para explicar a situação. Antes de descer, tome os remédios. Eles ajudam nas dores. Talvez sinta dores de cabeça ou um pouco de tontura pelos próximos dias. Quebramos seu nariz de novo para colocar no lugar. Arregalei os olhos com todas as informações, ganhando uma risada do rapaz. Me senti confortável com sua presença, então resolvi descer da cama, mantendo uma distância razoável e deixando a grande cama entre nós. — Aonde estou? — finalmente pronunciei o que queria saber. — Rússia, em Moscou. — Eu estava perplexa! Comecei a andar pelo quarto de um lado ao outro, várias perguntas ecoavam em minha mente. Como tinha parado ali? Pelos meus cálculos, são dezesseis horas de viagem; não fazia sentido eu não lembrar disso. A última coisa que me lembrava era que estava discutindo e dirigindo. Depois, parecia um assalto, e, como por magia, acordei em um porão. Principalmente na RÚSSIA! — Me deixe sozinha, por favor — dei dois passos para trás, tocando a parede. Felipe, ao ver meu receio, parou no mesmo lugar. — Se eu puder ficar sozinha... — falei baixo, abraçando meus próprios braços. — Você não é uma prisioneira, Ariel. Só precisamos ficar de olho em você até que seja seguro voltar para o seu país — o homem suspirou assim que percebeu o longo silêncio que se seguiu. — Certo, quando descer, ao lado da cozinha, tem um corredor. Siga até o final. Licença. Finalmente, Felipe me deixou sozinha, fechando a porta. Virei-me para a janela, tentando respirar fundo. A visão era realmente linda; um jardim gigante com um longo caminho de pedras ao meio. Não conseguia ver até onde ia aquela pequena estrada; as árvores impediam minha visão. O céu estava claro, com nuvens tranquilas em um dia atípico. •}♛{• Nunca fiquei tão feliz por um banho. Foi entregue a mim uma calça legging preta e uma regata também preta, que acabou ficando folgada no meu corpo. Me senti até mesmo em um hotel, pois ganhei produtos para o cabelo, me sentindo finalmente um pouco mais leve e, sinceramente, com um cheiro mais agradável. Fiquei horas sentada na cama, olhando para a parede branca, tentando encontrar uma solução que, até então, não tinha. Logo que saí do quarto, me senti perdida de imediato. Podia ver um enorme corredor, e o final dele terminava com uma porta branca e grande, ocupando toda a parede. Ao lado do quarto em que eu estava, havia mais duas portas pequenas. Fui na direção da escada, reparando em cada pequeno detalhe. A casa toda era pintada de branco, sem nenhuma mancha nas paredes. Quadros ocupavam toda a extensão do corredor. Fiquei tentada a ver os do fundo, perto da última porta, mas não arrisquei. Alguns quadros eram apenas pinturas, cada uma mais linda que a outra, próximas da escada. Havia uma foto do homem cujo nome eu ainda não sabia; ele estava sentado em uma poltrona marrom, com um pequeno copo de uísque em uma mão e a outra sobre a cabeça do cachorro. O animal tinha um olhar feroz, como se fosse o pior dos assassinos. Estranhamente, ambos carregavam um olhar sombrio na foto. Ao descer as escadas, a primeira coisa que vi foi uma sala típica de cinema particular. Um sofá em tom pêssego, uma televisão grande e móveis muito bem desenhados em cor de madeira. Separada por uma cozinha americana, a bancada de mármore cinza com banquinhos da mesma cor. A geladeira de inox de duas portas, uma pia enorme e um fogão digno de chef. — iiuh... — dei um assovio fraco. A casa era linda; sonhava em ter uma assim quando saísse do aluguel. Olhei ao redor procurando o cachorro, mas não o encontrei, a porta de entrada era tão grande que cabia trinta de mim em pé.— Essa porta preta estragou todo o design. Caminhei até a porta simples ao lado do balcão da pia e, ao abri-la, deparei-me com o bendito corredor. Não tinha como errar; era pequeno, com uma porta vermelha. As paredes, ao contrário de toda a casa, eram pretas. Um arrepio percorreu meu corpo, como se estivesse caminhando em direção à entrada do inferno. Rapidamente, dei três toques na porta, recebendo um 'pode entrar'. O espaço era amplo, uma mesa em formato de L ocupava grande parte encostada na parede. O lado maior estava cheio de papéis e lousa branca na parede. Uma estante pequena de livros chamou minha atenção, assim como o canto repleto de uísque de marca. — Senta aqui para conversarmos. — a voz suave de Felipe chamou minha atenção, e assim o fiz.
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