6ª part

1638 Words
Estava realmente a espera de algo que pudesse ser julgado como resposta para a questão deixada ao vento. Mas entre todas as coisas que cogitei como uma interferência, em momento algum pensei em uma bala passando bem a frente do meu rosto apenas para atingir a pessoa que residia ao meu lado. Em um reflexo, mesmo recebendo para si o disparo que talvez fosse para mim, a agente B foi rápida ao me fazer abaixar e acelerar um pouco mais o carro. Não sabia dizer de onde saiu aquele tiro, mas estava claro como água que falhar na missão não era um desejo seu. As mortes adquiridas até o momento era uma grande prova para isso. Onde algumas foram desnecessárias, não precisavam acontecer. Na verdade, nenhuma delas precisava. Eu não deveria ser um alvo, nem mesmo possuo o que é necessário para ser um. Os acontecimentos deste dia não fazem sentido algum em minha mente, isso não parece ser algo real. Mesmo vendo tudo, sentindo na pele cada emoção e ação fora do meu comum. Ainda sim, sinto possuir certa dificuldade para digerir cada acontecimento e os motivos jogados sobre mim. Era difícil acreditar em tudo. - Você precisa de um hospital, isso pode piorar caso não façamos algo - a observando estacionar frente a um prédio que ainda não se encontrava dentro dos meus conhecimentos, disse a única verdade que deveria estar visivelmente estampada em seu rosto. Mas infelizmente não estava. - Vamos logo ou tudo poderá sair do meu controle - parecendo ser um costume seu, uma vez mais naquele dia ela ignorou o que foi dito por mim. Dessa forma, cheguei a conclusão de que a minha opinião parecia não importar. Seguir as próprias estratégias era tudo o que deveria ser feito, nada mais existia em sua frente. Desde o momento em que desci do carro na sua companhia, até o instante em que passamos pela porta de um apartamento no sexto andar. Reparar e guardar em mente cada detalhe oferecido pelo elegante hotel, foi tudo o que consegui fazer no momento em que passávamos pelos seus pontos principais. O espaço não era nada de outro mundo, mas também não poderia ser julgado como algo muito simples. Pois não parecia ser um estabelecimento que estivesse aberto para todos, a falta de um elevado número de funcionários me dizia isso. Talvez eu tivesse me enganado e o ponto nem mesmo fosse um hotel. Essa me parecia ser a resposta mais óbvia para tal dúvida. Presa nos limites do apartamento, enquanto ela se encarregava de cuidar do ferimento em sua costela por conta própria, eu me vi atraída por um pequeno mural repleto de imagens minhas. Me lembrava com clareza de cada momento, de cada ação feita nos dias em questão. Estavam de olho em mim a mais de uma semana, era inacreditável. No entanto, não foi isso o que mais prendeu a minha atenção. Com o olhar avaliando cada uma das fotografias junto as anotações presas naquela parede, me vi fixada sobre uma em particular. E surpresa por tê-la encontrado entre todas as outras, sem me importar se poderia ou não o fazer, simplesmente a tomei em minhas mãos. Observando cada detalhe do que era mostrado pela imagem, me senti submersa nas lembranças de um passado distante. - Dr Aaron Stein, um homem espetacular em sua área de trabalho - se pondo ao meu lado em passos silenciosos, disse anunciando a sua presença. Mas eu não possuía muito para dizer, pois não estava ciente de todos os seus feitos. A verdade, era que pouco conseguia me lembrar com grande exatidão. Em minha mente, tudo o que permanecia eram os nossos momentos fora do seu trabalho. Sentia falta desses dias que não podem voltar. - Jamais duvidei disso, mas pra mim, melhor que um profissional. Ele era uma pessoa incrível, um ótimo pai - sentindo a emoção se fazer presente em minha voz, fiz do silêncio a minha melhor abordagem para aquele momento. Com o passar de tanto tempo, se tornava cada vez mais difícil falar nele. Mas chorar frente a uma pessoa completamente estranha não era algo que eu fosse deixar acontecer, tal situação se encontrava fora de cogitação. - Devo dizer que assim como ele recebe inúmeros elogios pelos seus feitos, também acaba sendo um alvo em potencial pelo mesmo motivo. Mas o que dificulta a vida de muitos, é o fato dele ser um homem muito difícil de encontrar - estava ouvindo as suas palavras, mas não conseguia entender como poderia existir alguma verdade nelas. - Não sei o que você está querendo me dizer, mas o meu pai morreu em um acidente de laboratório quando eu tinha apenas doze anos de idade. É claro que ninguém consegue encontrar ele - para mim, nada era mais simples. Dentro do meu conhecimento, aquela era a única verdade existente. Não havia como ele estar vivo e ter me deixado passar por tanta coisa r**m quando possuía tudo para garantir justamente o contrário. Não conseguia acreditar. - Esse acidente enganou todos nós por algum tempo, mas essa não é a realidade - tirando todo o meu chão, disse aquilo que eu não esperava - Há dois meses, um acontecimento em Madrid chamou a atenção dos meus contratantes, mas não conseguiram chegar muito longe. Por algum tempo, a maior parte deles achou ser apenas uma grande coincidência, mas essa percepção mudou quando uma outra organização se mostrou em ação - se virando pra mim, deixou de lado tudo o que me mostrava em sua perfeita montagem do que havia estudado - Eles querem o seu pai morto, e não querem menos de você. Por isso estou aqui. Irei garantir a sua sobrevivência para que você possa se atualizar e encontrar o Dr Stein antes que seja tarde. Disnorteada. Era essa a melhor palavra para me definir naquele momento exato. Buscando não me perder, estava me sentindo como se tivesse sofrido um nocaute logo nos meus primeiros segundos de ringue. Aquela luta não era minha. Havia ouvido com muita atenção cada uma de suas palavras, mas ainda sim não conseguia crer naquilo que me foi dito. Sete anos, oitenta e quatro semanas, dois mil quinhentos e cinqüenta e cinco dias. É o tempo que tenho vivido como se não tivesse mais ninguém por mim, o tempo que guardo para mim a certeza de não ter mais uma família para recorrer nos tempos difíceis. Dr Aaron Stein estava vivo, meu pai estava vivo. Voltar a analisar toda a minha vida com essa nova perspectiva me parecia uma missão impossível. Papai não fazia parte da minha rotina a um tempo logo demais para ser integrado agora. Não havia como pensar diferente, não havia como o integrar em algo que não era mais seu. Buscar uma explicação era tudo o que estava ao meu alcance, pois era por causa dele que estavam atrás de mim, era por sua causa que queriam tirar a minha vida. Mas porque iriam querer ir tão longe? O que teria te levado a uma ação tão drástica, pai? Respostas para todas as minhas questões, era algo que parecia não existir a meu favor. Com isso, minha mente se encontrava trabalhando em uma sintonia que não me pertencia, estava com os pensamentos agindo por conta própria, buscando por tudo o que pudesse servir como explicação. No entanto, sozinha não conseguiria chegar à lugar nenhum. Frustrada comigo mesma e com tudo o que esse dia me trouxe, me deixei cair sentada sobre o sofá ali presente ao ceder as costas para aquela que se focava em cuidar de mim. Seu comentário final ainda pedia por entendimento, pois não conseguia entender como poderia ajudar de alguma forma. - Quando o ocorrido em Madrid chamou por atenção, tudo aconteceu de forma muito aleatória, e mesmo que tenham dito não ser necessário, queria que você desse alguma atenção para tudo o que foi reunido. Pois mesmo que de forma superficial, acredito que nada foi por acaso. Ele ter aparecido depois de tanto tempo não pode ter sido apenas um descuido, e tenho quase certeza que não foi. Não sei porque só o fez agora, mas estou ciente de que pode ter sido você a maior causa de tudo - não me deixando sequer raciocinar, despejou cada uma de suas duvidas e certezas sobre mim - Não sabemos como, muito menos o porquê. Mas estamos certos de que você é a chave para encontrá-lo, estamos certos de ele voltou por você. - Tudo bem, a teoria de ele ter voltado por mim é algo que dá pra engolir. Afinal, é do meu pai que estamos falando - abraçando tal possibilidade, disse realmente convicta das minhas palavras. Não tirava a sua razão neste ponto - Mas como esperam que eu possa ajudar, se até o momento, para mim ele estava morto? Não há como ter algum sentido nessa crença, não posso ajudar com isso. - Antes de qualquer coisa, pelo menos faça o que pedi - não dando importância para o que falei, disse simples ao me deixar sozinha. Então me decidi por fazer aquilo que me foi pedido, talvez pudesse mesmo ter alguma coisa. Me dedicar a cada mínimo detalhe daquele espaço na parede ao novamente me por de pé e buscar ligar tudo aquilo a pasta de documentos em minhas mãos, foi a minha ação. Ao final de tudo, eles não estavam errados, eu sabia mesmo onde ele estava. Sua ressurreição se dava mesmo por minha causa, as pistas deixadas pelo caminho me diziam isso. Mas porque só agora? - Nova Iorque - sendo tudo o que deixou os meus lábios, neguei ao devolver sua foto para onde estava quando cheguei. - Eu disse que você era a chave - se não fosse o bater na porta, teria lhe dito algo imediatamente.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD