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2620 Words
Samantha POV Eram meio dia e já tive quatro aulas, Samuel esteve em duas delas. Agora seria a aula de fotografia e aconteceria no campo. Eu estava comendo um hambúrguer com bastante ketchup e Samuel panquecas com uma carne estranha no meio. - Você vai pra onde agora? – Eu disse de boca cheia. - Teatro. – Ele disse mordendo uma panqueca – E você? – Cuspiu alguns grãos. Eu respondi me limpando e rindo – Fotografia, esse ano vamos finalmente fotografar fora da aula! - Legal, se ver alguma garota com alma de verdade nessa escola, me avise. - Obrigada por me incluir nas desalmadas que conhece, Samuel. – Eu disse séria. - Você entendeu o que eu quis dizer, Sam. Nem garota você é! – ele deu de ombros. - Samuel! – Eu disse rindo e logo ele riu. Ficamos em um breve silencio enquanto comíamos, até me fez olhar ao meu redor e ver que esse ano pode não ser tão r**m assim. Eu espero não ser, é o meu ultimo ano aqui e não tenho lembranças a não ser meus vexames nessa escola. - Você… Pensou no que te propus? - O que você propôs mesmo? – Eu arqueei a sobrancelha, enquanto ele colocava mais molho apimentado nas suas panquecas. - Sobre você chamar a atenção de Cody… Sabe ficando mais gostosa e bonita. - Ah… Primeiramente, você acabou de dizer “MAIS gostosa e bonita” ou foi impressão minha? Segundo, você realmente levou o que eu falei sério? Isso é loucura! - Pode até que funcionar. Tente do seu jeito primeiro, se não funcionar, tentamos do meu. Pode ser? - Mas e o nosso pacto sobre namoros? – Eu perguntei. - Não se preocupe, eu sei que isso não vai durar até um namoro. - Samuel, achei que estava me dando apoio nisso! - Como você quer namorar com ele, se vamos nos mudar pra Califórnia, Sam? Juntos, você lembra? Eu o olhei alguns segundos e lembrei de que colocaríamos o nosso pacto acima de tudo. “Melhores amigos antes de namoros”, que de entre todas as pessoas eu o escolheria e ele me escolheria. É f**a, é. Mas o que eu posso fazer? Ele é o meu melhor amigo independente de garotos como Cody flertarem comigo. Demorou para eu dar uma reação para Samuel, o que o deixou confuso mas acabei assentindo com a cabeça. Na mesma hora me levantei e trombei com Cody que passava atrás de mim. Eu virei minha bandeja em seu peito, deixando-a toda suja de ketchup. Ele se assustou com o impacto e deu um pulo pra trás, que bateu em um garoto, que empurrou outro garoto, que derrubou um garoto em cima de uma menina que carregava um chá gelado que virou no abdômen de uma garota, Janel. Samuel começou a rir muito alto, fazendo todos ao redores de boquiabertos começarem a rir também. Eu estava em choque, segurando a bandeja vazia com uma mão e com a outra tapando minha boca, não sabendo se olhava para Cody que entreolhava sua camiseta branca cheia de ketchup e a mim, as pessoas rindo descontroladamente ou se olhava Janel com uma cara de ódio toda sem graça, se enxugando com vários guardanapos com ajuda de suas amigas. Eu olhei para Samuel, na intenção dele me ajudar com aquele constrangimento, mas ele estava todo vermelho, de tanto rir. Olhei para Cody, que sorria de lado também vermelho, mas de vergonha. Ele me olhou e disse quase mudo “Está tudo bem”. Alguns amigos dele o puxaram rindo e ele sumiu no meio da multidão, que já estava se desfazendo. E sai correndo o mais rápido dali, jogando a bandeja na mesa do lado. Corri até o banheiro feminino me segurando pra não chorar, enquanto ouvia sussurros e via os olhares das pessoas se perguntando o porque de eu estar daquele jeito. Me fechei em uma das cabines me sentando no vaso sanitário, envolvendo minhas pernas em com meus braços e debruçando minha cabeça, afim de que eu me sentisse menos envergonhada. Não passou nem dois minutos e ouvi batidas na porta. - Está ocupado! – Eu disse alto, ainda com a cabeça debruçada nos meus joelhos. Senti a porta abrir e quando olhei, era Samuel com uma cara fofa. - Ah, Samantinha… Te olhando assim é de partir até meu coração… - Ele se ajoelhou em minha frente. - Até acreditaria nisso, mas você não tem coração. – Deito minha cabeça em meus joelhos, porém permanecendo olhando para ele. - Não diga isso. Sabe que me importo com você. - Não foi o que pareceu. – Eu levanto a cabeça, arqueando uma sobrancelha. - O que queria que eu fizesse? Foi muito engraçado, você tem que admitir. Se fosse outra pessoa, você também teria rido. Eu sorri, me lembrando do constrangimento – É… Está confirmado, eu sou a pessoa mais desastrada do mundo… E até que você tem razão, foi um pouco engraçado. - Eu sempre tenho razão. – ele sorriu – Vem, vamos pra aula. Não vai querer ficar nessa cabine e perder sua primeira aula de fotografia ao ar livre, vai? - Não. – disse rindo com os olhos inchados e as bochechas vermelhas. Ele sorriu as analisando – Então vamos. – ele se levantou abrindo a porta da cabine para eu passar. Duas garotas entraram enquanto nós saíamos e nos olharam histericamente, por estarmos juntos no banheiro feminino. - Não se preocupem, garotas. Ela não é minha namorada. – Ele sorriu e piscou para elas, que as mesmas riram da situação. ** Estávamos em um pequeno grupo no imenso gramado que compunha a escola e seus arredores. O sol batia em nossas cabeças, porém a brisa estava muito boa. O som em volta era dos jogadores em campo, o apito do treinador e o canto das lideres em seu treinamento. Era possível ouvir conversas de alguns alunos que passavam e que estavam no gramado estudando. Até que a professora chega, com seu perfume floral e seus grandes olhos azuis. - Olá a todos. Meu nome é Zooey Deschanel, mas se digirir a mim como Professora Zooey ou Chanel, tanto faz! – ela riu suavemente, com sua câmera pendurada no pescoço. – Alguém tem alguma paixão em algo para fotografar? - Eu gosto de paisagens. – Uma menina disse. - Eu também! – O garoto do meu lado concordou. - E você? – Ela perguntou para um tímido garoto, o menor da turma. - Eu gosto… Gosto de fotografar coisas… Objetos… A forma da luz bater contra a lente… - É para mim o melhor efeito. – Ela sorriu e olhou para mim – E enquanto a você? O que gosta de capturar? Eu segurei alisando minha câmera com meus dedos, pensando em como dizer sem parecer estranha – Ah… Eu… Eu gosto de fotografar pessoas… Em momentos bons… Momentos que elas demonstram gostar… - Eu fui dizendo e entreolhei com todos que me olhavam pensativos, menos Zooey, que sorria verdadeiramente enquanto me ouvia -…Momentos que… Passam alegria pra quem as ver. Congelar um momento bom, é isso o que eu gosto. - De forma inusitada, eu suponho. – Ela franziu a sobrancelha, ainda sorrindo. - Sim. Geralmente elas não percebem que eu as fotógrafo. - Faz toda a diferença. A lição de hoje será isso. Qual seu nome pequena poeta? - É Samantha… Digo, Sam! Ela sorriu – Sam me inspirou, achem uma coisa que demonstrem felicidade genuína e a capture de diversos ângulos, pode ficar como lição para próxima aula. – Ela segurou sua câmera, indo focá-la em algo antes de sair dando-nos as costas sorrindo. Ela é demais. Entendia completamente minha fixação e paixão, espero que possamos nos dar bem! Enquanto nós procurávamos espalhados algo pela lente. Pude notar um casal deitado no gramado com alguns livros, eles davam alguns selinhos entre seus estudos. Depois de um tempo, vi correndo em volta do campo duas garotas, elas riam constantemente até que uma parou passando m*l com a má respiração. Corri com a lente e vi Cody arremessando a bola achatada do outro lado do campo. Ele é tão lindo, p**a merda. Dei cinco passos e me agachei para ver melhor, ele colocou as mãos na cintura depois de ouvir o apito, desacelerando seus movimentos. Estava cansado e com franzindo o cenho. Depois de alguns segundos ele me viu mirando a câmera sobre ele, ele sorriu e acenou com a mão. Eu rapidamente abaixei a câmera o olhando de longe, com a feição escancaradamente assustada por ele ter me pego. Ele sorria, andando ainda olhando para mim e então eu acenei de volta, sem graça. Olhei para a câmera, e pude ver que na hora do susto, eu o fotografei sorrindo e acenando. Sorri com aquilo e a desliguei. Chega de surpresas por hoje. Encerrei as outras duas aulas e fui para o carro de Samuel, que me esperava. - Vamos ainda ao Guaca? Ele bufou – O que não me pede sorrindo que não faço chorando? - Ah… O ditado é ao contrario, sabe disso não é? – franzi o cenho - Eu sei, calada e entra no carro – Ele disse resmungão, entrando no seu carro. Eu ri e entrei no carro. Depois de vinte minuto, chegamos ao restaurante que era todo em tons de vermelhos e amarelos, dando um ar de quente no ambiente. Sentamos no deck, que dava de frente para a rua. A brisa leve batia em nossos rostos e era bom estar ali. Samuel mexia constantemente no celular e disfarçava quando olhava pra mim. Ele estava aprontando algo. - Tá legal, gênio. O que está fazendo tanto nesse celular? - Ah… Nada – ele riu dando os ombros e guardando-o no bolso – Porque a pergunta? - Deve ser porque você não para um segundo de mexer nele. Só isso. - Tá, se eu contar promete não vai ficar nervosa comigo? - Não. - Ok, vou contar mesmo assim. Meu colega, Damon, vai dar uma festa hoje. - E o porque eu ficaria nervosa com você? - Porque eu disse que você iria. - OQUE? PORQUE? - Não é pra ficar nervosa, p***a… Porque Cody vai. - Samuel! – Eu disse irritada – Eu quero evitar o Cody por enquanto, que merda! - Porque? - Digamos que… Além do vexame com a bandeja de ketchup, ele me flagrou o espiando com minha câmera hoje. - Ah Samantha! Desse jeito você não ajuda! - Eu sei droga! Ele ficou me olhando pensativo e eu sem jeito. - Você vai, não interessa. - Mas… - eu comecei mas ele interrompeu. - Você vai fazer o que eu disser pra fazer lá e vai dar tudo certo. Tá certo, se ele diz. Mas eu estava ainda com uma certa pulga atrás da orelha, pois a ultima festa que fui, foi do meu irmão de 12 anos. Os garotos da festa me amarraram e jogaram glacê em mim com a ideia de que eu fosse a irmã alien devoradora de garotos. Foi um pesadelo. ** Samuel havia me deixado em casa dizendo que me pegaria as 19:00, abri a porta e me deparei com Michael no sofá. O cumprimentei subindo as escadas. Tirei meus tênis assim que cheguei no meu quarto e joguei a bolsa em cima da cama me lançando ao seu lado. Fiquei pensativa ali, até decidir fazer o dever de casa. Depois de feito, tomei meu banho, coloquei meu roupão fazendo um coque enquanto isso e fiz uma maquiagem não muito chamativa. Eram quase 18:00 horas e eu já estava quase pronta, Samuel havia me dito para colocar um vestido mas não tinha nenhum certo para aquele tipo de festa. Então fui até o guarda-roupas de minha mãe. Achei um vestido um tanto solto de pura renda branca. Ela o usava com uma meia fina mais escura, por ficar mais curto nela, mas em mim ficou um folgadinho um palmo acima do joelho. Minha mãe só pode ter tido um caso com um anão, só pode! Mas ficou uma graça, tenho que admitir. Coloquei um saltos brancos com detalhes em salmão/dourado. Soltei meu cabelo que com o coque que estava, ficou com várias ondas parecendo que estive na praia o dia todo. Desci as escadas que davam direto na cozinha e meu irmão estava na geladeira, quando ele me olhou ficou um tanto boquiaberto. - Nossa, onde vai? - Vou à uma festa com Samuel. - Mamãe sabe disso? - Não, mas ela não vai ligar. - Legal, posso ir? - O que? Claro que não , Mike. Você tem 15 anos, não pode ir nessas festas. - Grande coisa, você tem 17. - M-m-mas eu posso ir. - “m-m-mas eu posso ir” – ele me imitou com uma voz grosseira. - Vai pra merda! - De novo essas palavras horríveis? – Minha mãe disse abrindo a porta nos olhando. - Mãe! – Mike foi ao seu encontro, dando um beijo em sua cabeça – Ainda bem que chegou, Sam disse que não posso ir pra festa que ela vai com Samuel. - Claro que não, você só tem 15 anos. – Ela disse e eu o olhei dando a língua – E que festa é essa? – ela franziu o cenho. - Ah… Não sei, Samuel me chamou pra ir e… - Hmmm, Samuel é? – Ela piscou varias vezes indo até a geladeira para tomar água. - … O que quis dizer com esse tom? - Nada. – Ela disse maliciosamente. - Ah, mãe. Não começa! - Eu não estou dizendo nada! – Fez uma cara de surpresa que logo se desfez, para a cara maliciosa e descarada de antes me provocando. - Somos amigos, mãe. Só isso! - Se você diz, por mim tudo bem! Mas eu shippo. – disse dando um gole d’água - Shippo? – Mike franziu o cenho com minha mãe usando essa palavra. - Você não pode dizer “shippo”, mãe. – eu fiz cara de tédio. - Porque não? - Porque vocês mães tiram a graça das gírias. – Mike completou. - Isso não é verdade! – Ela disse chocada. - Mãe, posso ir a festa ou não? - Pode. Mas quero você antes das 22:00, amanhã tem aula. - 22:30? – Pedi - 22:30 em ponto! - Você quem manda! – eu disse. - Ei, esse vestido é meu por acaso? – Ela cerrou os olhos na bancada. - N-não, claro que não! – fiz uma careta, fazendo-a sorrir. Depois de alguns minutos, Samuel buzina e eu saí. Ele vestia uma jaqueta jeans clara toda despojada, todo de preto. Estava em pé encostado no carro sorrindo com as chaves na mão. - Olhando assim, dá até pra falar que você é bonitinho. Acredita? – eu disse brincando. - Desci para me certificar que estaria bonita. – Ele disse sorrindo com os braços cruzados. Eu dei uma voltinha lenta sorrindo – E então? - Você está… - Ele disse lentamente e me analisando de cima a baixo, com um sorriso bobo. - …Estou? Ele piscou algumas vezes, desfazendo seu sorriso quando olhou em meus olhos – Pegável. - Ah, você é um grosso mesmo. – revirei os olhos e fui em direção a porta do carro, que estava ao seu lado. - Ok ok, você está… Muito linda. Era isso o que queria ouvir? - Melhorou… - Eu sorri para ele, que retribuiu no mesmo segundo. E então eu imitei a voz de um inglês rico – Muito bem, Charles. Agora, abra a porta para mim. - Certamente, senhor! – Ele abriu, fazendo algumas poses.
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