- Sobre o que, quer conversar, quero que seja bem direto, não gosto de rodeios?
- Uma bebida ?
- Sem bebidas ! Quero saber o que quer de mim, além de tirar meu bem mais precioso. E levar Deus sabe para onde!
- Como conheceu, a mãe da criança?
— Ana! O nome dela é Ana, mais acho que já te disse isso, então acho que você deve procurar um médico, por que isso é grave!
— Não acho esse nome muito interessante! Ela deveria ter um nome russo, eu sou russo!
- Você cai de paraquedas na vida dela, e acha que pode trocar o nome dela?
- Não, não pretendo trocar, é um nome bom. Só não acho que seja, de alguém interessante.
- Fico agradecida que respeite pelo menos isso, mostra que pelo menos você, tem algum tipo de caráter, mesmo que duvidoso.
Nesse momento, tenho ódio de mim mesma por estar agradecendo a esse homem, que tomou tudo que eu tinha. Não mexer no nome dela é o mínimo que ele poderia fazer.
— Então, como conheceu a mãe da Ana? Ele fala arqueando a sobrancelha
- Por meio de uma agência de adoção clandestina.
Ela estava desesperada, tinha só 14 anos, a mãe colocou ela para fora de casa depois que ela ficou grávida e ela ia para um abrigo. Ela me disse que o pai da criança tinha morrido. E ela queria escolher pessoalmente uma pessoa para ficar com a filha dela, queria ter certeza que ela ficaria bem.
- Me surpreendendo novamente, senhorita Diana .Não sabia que no Brasil, tinha esse tipo de coisa, e que uma mulher com o senso muito critico do que é certo pudesse participar.
- Não seja irônico, quando se trata de uma coisa tão seria. Essas pessoas fazem esse tipo de serviço de forma clandestina, e recebem por isso. É uma forma de encurtar as coisas, aqui no Brasil, esse sistema de adoção é muito complexo e demorado, dificilmente eu teria algum tipo de prioridade em uma adoção convencional. Eles dão preferencia para família tradicionalmente constituída. E eu sou uma mulher sozinha.
- Você comprou, a Ana então ? Ele me olha com um olhar de reprovação.
- Isso é h******l de se dizer, Eu só encurtei o caminho, pulei a janela, como dizemos aqui.
- Amanda, estava muito triste, de ter que dar a filha, não fácil, mais foi o certo para ela naquele momento, e ela foi muito corajosa. Depois disso, ela pegou o dinheiro e eu nunca mais à vi.
- E a adoção ?
- Eles ajudam depois, com todo o processo. Geralmente termina em 6 meses. Eles precisam investigar se o pai da criança, está realmente morto.
Ela dizia que sim. Tinha o seu nome, mais não foi encontrado nenhum documento que comprovasse isso.
- E então, eu apareci !
- Sim, para a minha sorte.
- Lamento por você, de verdade ! Mais isso não muda o fato de que ela é minha filha. Não posso simplesmente abandonar ela aqui com você.
- Por que não ? Da pra ver que o seu amor paternal, está muito longe.
- Por que não ! Por que cuidar dos filhos, da família é a coisa certa à fazer ! E Ana é a única família que eu tenho. Na verdade eu nunca pensei em ter uma, mais já que tenho, eu não posso abandonar.
Em algum outro momento eu até poderia achar aquilo fofo, mais não agora.
- Fazer o certo é deixar ela comigo !
- Ela não gosta de mim, chora quando eu pego ela, e francamente eu não tenho tempo para cuidar de um bebê.
- Então por que você veio ?
- Por que a possibilidade de não ter nenhuma relação com ela, é inaceitável.
- Então o que vai fazer ? Contratar babás ?
- Pensei nisto. Por isso que está aqui. Quer ocupar o cargo ?
- O que ?
Eu não acreditei que ele pudesse estar falando sério, me propondo a ser babá, da minha própria filha. Ser empregada do homem que me roubou tudo. Ana era a luz na escuridão para mim, e ele veio apenas para me deixar na escuridão sem ter nenhum tipo de sentimento por ela.
- Eu entendi bem ? Você acabou de me convidar para ser babá da minha filha ?
- Como o tribunal declarou, ela não é sua filha, então eu estou propondo que você aceite ser babá da minha filha.
- Se você disser isso, mais uma vez, eu não respondo por mim.
- Só depende de você. Pode ficar aqui com o seu orgulho se quiser, mais estou te dando uma oportunidade de ficar com a Ana. Fazer parte da vida dela.
- Como você pode fazer isso comigo ?
Eu sinto a minha alma arder. Ele chega toma tudo que eu tenho, leva minha vida recém construída, Talvez eu nunca saia do poço que estou sentindo que estou. Eu amei muito meu marido, mais ele não podia me dar filhos. E não aceitava a ideia de adotarmos ou de uma inseminação artificial, ele dizia que não ia criar um filho de outro homem. Ele era um homem bom, mais muito cabeça fechada. Quando me recuperei da morte dele , me agarrei a ideia da adoção. Não podia ser mais uma esposa, mais podia ser uma mãe. E agora ele estava tomando a minha filha.
- Não estou fazendo nada com você, Ana é minha filha, e eu vou cuidar dela, por que é a coisa certa a se fazer.
- Você tem um senso estranho do que é certo.
- O meu jeito estranho, é o que a justiça acha que é o certo ! Portanto você que tem um senso estranho de justiça.
- O meu senso de justiça, envolve coração. E nem só essas leis frias, que não consideram pessoas , apenas que, é mis rico, ou antes que você me corrija, laços de sangue.
- Ai é que discordamos, nada do que eu faço envolve coração. Então com certeza não estamos falando da mesma justiça.
Naquele momento, eu olho para aqueles olhos frios e não vejo nada ali, não existe sentimento.
Nesse momento eu fico com muito medo e incerteza. Aquele homem parece não ter alma e muito menos um coração.
- Ela é tudo que eu tenho no mundo, por favor, eu te imploro.
Eu falo com as lágrimas rolando.
- Então vai recusar por orgulho ?
- Qual a parte que você não entende ? Eu não sou a babá dela, eu sou a mãe ! Só de pensar em ser paga para cuidar da minha filha...
- É o sonho de toda mulher, não ? Eu pagaria você para estar com ela .
- Poderia se instalar onde quisesse, onde se sentisse a vontade. Tenho uma cobertura em Paris, e outra em Barcelona, Tenho um apartamento em Nova York, mais ia achar a cidade barulhenta demais.
- E quanto a você ? Onde vai estar ?
- Vou continuar a viver como sempre, mais não se preocupe, não vai faltar nada para vocês duas.
- Seu dinheiro e poder não significa nada pra mim, e nem me impressiona ! Quando você quer deixar sua filha em qualquer lugar, enquanto finge que ela não existe, e a menina é criada por uma equipe de empregados.
- Mais você estaria lá, seria a empregada de mais confiança.
- Eu tenho nojo de você ! Para esse carro.
- A minha resposta é não !