Prólogo
Prólogo
Entre Véus e Vidas...
Alguns encontros não são deste tempo. São costurados em outras existências, bordados com linhas invisíveis que atravessam os séculos, resistem à morte, e vencem até mesmo o esquecimento. Há amores que nascem antes do tempo e florescem depois da vida — amores interrompidos pela inveja, dilacerados pela dor, vencidos pelas circunstâncias, mas nunca, jamais, esquecidos pela alma.
Há quem diga que tudo é acaso. Mas o acaso não explica o estremecer do corpo ao encontrar um estranho que, de algum modo, parece familiar. Não justifica o calor súbito no peito, a certeza muda de que aquele olhar já foi casa em outro tempo. O acaso não explica o sentir — esse reconhecer sem palavras, esse desejo de permanecer perto sem saber por quê.
Em algum lugar, entre o que fomos e o que somos, existe um fio vermelho. Fino, quase imperceptível, mas eterno. Ele liga duas almas destinadas a se reencontrar, não importa o quanto demore, não importa quantas vidas sejam necessárias. O tempo não é um obstáculo. A distância, tampouco. Esse fio se estica, se enrosca, se esconde, mas nunca se parte. Porque o amor verdadeiro, o amor ancestral, sempre encontra o caminho de volta.
Esse reencontro pode acontecer em corpos diferentes, com vozes e nomes que a memória não reconhece, mas que o coração conhece de cor. Uma chama gêmea, uma alma espelhada — quando se vê, sabe. Quando toca, reconhece. O mundo pode parecer o mesmo, mas algo muda para sempre. Há uma pausa silenciosa no tempo quando duas almas antigas se encontram outra vez. Uma pausa sagrada. Um milagre.
Às vezes, a vida anterior terminou em tragédia. Às vezes, o amor foi arrancado das mãos pelo ciúme de outros, pela intolerância, pela guerra, pelo destino sem explicação. A dor foi profunda, a separação foi c***l. Mas nem mesmo a morte apaga o pacto que duas almas fazem quando se escolhem. Elas voltam, renascem, e mesmo que não saibam, mesmo que andem por anos sem se olhar, uma hora se encontram. E, quando se encontram, tudo faz sentido.
Os véus que separam as dimensões são espessos, mas não para o amor. Ele atravessa realidades, sonhos, reinos invisíveis aos olhos humanos. O amor de outras vidas sussurra no vento, aparece nos detalhes, nos gestos pequenos que aquecem o peito. Ele se esconde nas coincidências, nos sonhos estranhamente vívidos, nas músicas que tocam em horas exatas, nas palavras que alguém diz e que soam como uma lembrança.
Quando o reencontro acontece, há encantamento, mas também confusão. Porque o coração se lembra, mas a mente ainda tenta entender. Surge o medo, a resistência, a dúvida: “Como posso sentir tanto por alguém que acabei de conhecer?” Mas a alma, sábia e silenciosa, apenas observa. Ela já conhece o caminho.
O amor que vem de outras vidas carrega marcas profundas. Às vezes, é necessário curar o que não pôde ser curado antes. Às vezes, é preciso libertar o que foi acorrentado. As almas se reencontram não apenas para reviver o que foi belo, mas para transformar o que foi doloroso. A segunda chance é sagrada. Não é dada ao acaso, mas ao merecimento. Quando o universo oferece essa oportunidade, é porque ambas estão prontas — prontas para amar sem medo, prontas para permanecer, prontas para escolher uma à outra, desta vez até o fim.
E há beleza em cada nuance desse reencontro. No toque que arrepia, no olhar que acalma, na palavra que cura. Há redenção em cada sorriso que antes não pôde ser dado. Há esperança em cada abraço que repara o passado. Há luz em cada escolha feita agora com consciência e coragem.
Almas gêmeas não são iguais — são complementares. Chamas gêmeas são espelhos: refletem o melhor e o pior uma da outra, para que o amor cresça além do ego, além do desejo, além da dor. São intensas, desafiadoras, mas verdadeiras. E quando se escolhem nesta vida, quando vencem os medos, quando se entregam, a fusão é divina. É como se o universo respirasse aliviado. Como se o próprio tempo parasse para aplaudir.
Este não é um conto sobre amor à primeira vista. É sobre amor à primeira vida. Um amor que já aconteceu antes e que, por alguma razão maior, retorna agora com a promessa de ser vivido com plenitude. É sobre almas que se reencontram, não por sorte, mas por destino. Porque nada é por acaso quando o coração reconhece o lar em outro peito.
Esta é uma história sobre lembranças que não se explicam. Sobre sentimentos que atravessam as camadas do ser. Sobre o eterno retorno daqueles que se amam verdadeiramente. Aqui, nesta página, começa mais uma chance. Uma nova vida. Um novo corpo, sim. Mas o mesmo amor.
E desta vez, quem sabe, o final será diferente. Desta vez, talvez, eles fiquem.
E você, acredita em amores de outras vidas?