Obsessão pela estagiária

Minha irmã invadiu o meu quarto com seus saltos altos vermelhos fazendo barulho no piso, um dia esses saltos irão sair andando sozinhos de tanto que ela os usa. — Quando você vai começar? — Pilar quer saber ao sentar na beira da minha cama. — Ele não te falou? — Passei os meus dedos entre os fios do meu cabelo e peguei minha bolsa. — Só preciso levar esses documentos no RH — Peguei minha pasta com os documentos necessários da universidade e mostrei para ela. — Estou tão feliz que conseguiu o estágio, logo você vai fazer a prova da OAB. — Nem me fale Pilar. — suspirei. — Eu não vejo a hora de chegar a minha vez — Vai sim e vai brilhar muito no tribunal. — Pilar se levantou e beijou minha bochecha. Minha irmã sempre foi minha melhor amiga, e sempre foi e é como mãe para mim, muito mais que a Silmara, meus pais sempre fizeram de tudo por Pilar e quando é relacionado a mim eu sou a ovelha n***a que não merece atenção deles. Pilar que me ajudou a enfrentar o ensino médio e a adolescência, por ser sete anos mais velha, sempre estava um passo à frente para estender a mão para mim. Agora seu noivo conseguiu uma vaga para que eu possa concluir mais uma etapa do meu ensino superior, claro com a persistência de minha irmã, que sempre consegue tudo o que quer. — Eu posso te levar, estou indo encontrar com Giovane. — disse olhando para a tela do seu celular quando fala. — Vamos? — Obrigada, vamos sim. No ensino médio trabalhei como jovem aprendiz em algumas empresas de advocacia para ter certeza se eu gostava de direito, sempre busquei estudar o máximo que podia para alcançar os meus sonhos. Eles dependem de mim, ninguém fará nada para que os nossos sonhos sejam realizados além de nós mesmos, por isso sempre me esforcei e mostrei aos meus pais que também sou capaz. — Boa sorte, Amabel— Silmara passou pela sala para dar um beijo na bochecha da Pilar, me olhando de soslaio. — Não esqueça que iremos almoçar juntas — abaixei o olhar, tentando disfarçar o quão isso me incomodava. Parece que eles não percebem o quão me fere com essa frieza comigo, muitas coisas parecem que fazem para mim por se sentirem na obrigação de pais e responsáveis por ter me colocado no mundo. Sei que não é ciúmes, no início me fizeram acreditar que fosse, fechei minhas mãos em punho, apertando a pasta em minhas mãos e respirei fundo, não é ciúmes, são eles que deixam claro que a Pilar é a favorita e minha irmã demonstra que ama ser tratada assim enquanto eu só recebo amor dela. — Vamos, Pilar? — minha voz saiu fraca, apertei meus lábios em uma linha e olhei para ela suplicando para irmos logo. Quanto antes eu conseguir comprar o meu apartamento será melhor, quero ter o meu próprio lugar, um lugar que posso chamar de lar e criar lembranças boas que não tive na casa dos meus pais. — Vamos sim, você não pode se atrasar, querida. — sua voz calma e amistosa aqueceu o meu coração, fazendo me acalmar e podendo dar um suspiro aliviado que iremos sair logo — Tchau mamãe, te amo. — Eu também amo você, Pilar.  Engoli em seco, sentindo o gosto metálico após morder o interior da minha bochecha e caminhei para fora. — Eu também amo você, minha Belzinha! — seus braços passaram em volta do meu corpo ao me abraçar por trás e beijar meu ombro — Mamãe não faz por m*l. — É ... Não faz — dei um suspiro audível. O carro de Pilar é um luxo, claro que foi um presente de Giovane, no início ela achou um absurdo ganhar um Lexus LC 500 Cabio, mas no fundo eu sabia que ela amou ser mimada daquela forma. Seu noivo sempre deu tudo que ela precisava ou desejava, nem precisava dizer que ele já estava dando um presente, e o carro foi um desses presentes logo no começo do namoro. — Eu e Giovane iremos fazer a prova de bolo, vai querer ir conosco? — Olhou para mim enquanto dava ré e saiu da garagem. — Não quero incomodar os pombinhos. — falei com um sorriso amarelo. Realmente não quero atrapalhar o casal, esse momento é deles e não quero ganhar o brilho nessa passarela. — Ah, Bel, vamos! — Ela me cutucou com o cotovelo enquanto dirigia. — Vou pensar, não quero atrapalhar vocês. — Não vai atrapalhar, vai ser legal. Sabia que eu iria recusar, imagino que irá ficar pedindo para meu cunhado insistir até eu acabar aceitando ir com eles. Depois de entregar os documentos no RH e assinar o contrato dando um passo seguinte para começar a trabalhar com o que sempre sonhei, encontrei com Giovane no elevador. — Minha irmã está te esperando no hall! — falei apertando o botão de chamada de elevador. — Pilar mandou mensagem avisando. — diz mostrando o celular. — Você virá conosco? Ela falou para eu insistir. Sorri de canto sabendo que iríamos entrar nessa conversa e já imaginando perdendo essa batalha.. — Imaginei que ela faria isso. — sorri em escárnio. — Não quero forçar algo que não deseja. — Pilar vai ficar me incomodando até aceitar. — brinquei. — ela sabe ser insistente. — Sabe mesmo. — A porta do elevador abre e ele espera que eu entre antes dele. — Então quer dizer que irá conosco? — Sim, não tenho outra escolha, não? — ri baixo. Não querendo entrar em uma breve cena de Pilar me arrastando para o carro dizendo que irei sim fazer a prova do bolo com eles. Acredito que isso seja para os noivos fazerem juntos, ambos aproveitar cada detalhe do casamento, entretanto, minha irmã só deve estar fazendo isso por causa da cena da minha mãe, acreditando que me levar irá fazer me esquecer que as duas vivem grudadas feito carne e unha. — Que bom, fico feliz por ter a presença da senhorita. — seu olhar sobre mim é quente, como se ardesse em chamas de volúpia.