O bebê não era dele.
As palavras de Dante ecoaram na minha mente como um tiro. Eu recuei na cama, meu corpo ainda dolorido, o coração batendo tão forte que doía.
— O que você está *insinuando*? — minha voz saiu áspera, como se tivesse engolido vidro.
Dante não desviou o olhar. Seus olhos âmbar queimavam com uma intensidade que me fez tremer.
— Você sabe exatamente do que estou falando, Isa.
— *Não era seu.*
— Era.
Ele disse isso com tanta certeza que por um segundo, *eu duvidei*. Mas então lembrei.
— Eu não te toquei desde Miami. E Ricardo e eu… nós *não usamos proteção*.
Dante sorriu, lento, perverso.
— E você acha que uma noite é suficiente para engravidar?
O quarto ficou *silencioso*.
Minha mente retrocedeu freneticamente.
*O teste de gravidez.
As semanas de cálculo.
A única vez que Ricardo e eu…*
*…dois dias antes do atraso.*
Mas Dante estava certo.
*Não era tempo suficiente.*
A menos que…
*Oh, Deus.*
— Você está *mentindo* — eu sussurrei, mas minha voz falhou.
Dante se inclinou para frente, seus dedos fechando em volta do meu pulso.
— Lembra daquela festa na casa de praia? Você bebeu demais. Ricardo foi chamado para uma emergência no trabalho. *Eu te levei para o quarto.*
Meu estômago embrulhou.
— Nós *não fizemos nada*.
— Você realmente não lembra, não é? — Seu polegar circulou meu pulso, um toque *intencionalmente* familiar. — Você estava tão linda, tão *molhada* por mim…
— *PARE!*
Eu puxei meu braço, mas ele não soltou.
— Você gritou meu nome naquela noite, Isa. *Assim como em Miami.*
O quarto parecia estar girando.
Eu *não me lembrava*.
Ou talvez não *quisesse* lembrar.
Mas meu corpo… meu corpo *reconhecia* o toque dele.
— Por que você está fazendo isso? — minha voz saiu quebrada.
Dante soltou meu pulso, mas seu olhar era *frio*.
— Porque você precisa saber a verdade antes que *eles* te matem.
— *Quem?*
Ele hesitou, como se lutando contra si mesmo.
— Minha mãe nunca aprovou seu relacionamento com Ricardo.
— Porque?
— Porque ela sabia que o bebê era *meu*.
*Não. Não. Não.*
Eu me levantei tão rápido que a cabeça girou.
— Você está *louco*.
Dante não se moveu. Calmo. Controlado. *Perigosamente* paciente.
— Minha mãe mandou aqueles homens. Ela não pode arriscar você descobrindo.
— Descobrindo *o quê*?
— Que Ricardo é *estéril*, Isa.
O mundo *parou*.
— …*O quê?*
Dante levantou, devagar, como se eu fosse um animal assustado.
— Ele fez um exame há seis meses. Nunca te contou.
*Mentira. Tinha que ser mentira.*
Mas então…
*Por que Ricardo fugiu do casamento?*
— Ele viu a foto e percebeu — Dante continuou, implacável. — Percebeu que o bebê não podia ser dele.
Minhas pernas cederam.
Dante me pegou antes que eu caísse, suas mãos *quentes* demais na minha cintura.
— Eu não sabia, Isa. Juro por Deus. Se soubesse que você estava grávida…
— Você *arruinou* tudo! — eu gritei, golpeando seu peito.
Ele não se defendeu.
— Eu te avisei para não se casar com ele.
— *PORQUE VOCÊ NÃO ME CONTOU?!*
Seus olhos escureceram.
— Você teria acreditado em mim?
Eu não respondi.
*Não.*
O silêncio entre nós era *sufocante*.
Até que o celular de Dante vibrou.
Ele olhou a mensagem e *endureceu*.
— Temos que ir. *Agora.*
— Para onde?
— Para encontrar Ricardo.
— *Você sabe onde ele está?*
Dante não respondeu. Em vez disso, pegou uma arma da mesa de cabeceira e a enfiou na cintura.
— Eles vão rastrear você aqui.
— *Quem?!*
Ele finalmente me olhou nos olhos.
— Pessoas que matariam por um segredo de sangue.
*O que isso significava?*
Mas não houve tempo para perguntas.
Porque a janela *explodiu*.
Vidros voaram. Dante me jogou no chão, cobrindo meu corpo com o dele enquanto *tiros* rasgavam o ar.
— *Maldita seja!* — ele rosnou, sacando a arma.
Eu engasguei com a fumaça, os gritos do lado de fora, o cheiro de *sangue*.
Dante atirou duas vezes. Um grito.
— *Vamos!* — Ele me puxou pelo braço, forçando-me a correr para uma porta dos fundos.
Escadas estreitas. Um corredor escuro.
*O som de passos atrás de nós.*
— Dante… — eu sussurrei, aterrorizada.
Ele apertou minha mão.
— Não solta.
E então, *corremos*.
O carro dele estava escondido em um beco.
Dante me jogou no banco do passageiro e acelerou antes que eu pudesse fechar a porta.
— *Onde estamos indo?!*
— Para um lugar seguro.
— *Dante!*
Ele olhou para mim, apenas por um segundo, e eu *vi*.
*Medo.*
Dante Valente *não tinha medo de nada*.
Até agora.
— Minha mãe está envolvida em coisas que você não pode imaginar, Isa.
— *Fale claro!*
Ele engoliu seco.
— Ricardo descobriu. Sobre o bebê. Sobre *tudo*. E ela não podia deixar ele te contar.
— *Tudo o quê?!*
Dante apertou o volante até os nós dos dedos ficarem brancos.
— Que você *nunca* deveria ter se envolvido com um Valente.
Três horas depois, estávamos em uma cabana no meio do nada.
Dante trancou todas as portas, checou as janelas, *armou armadilhas*.
Eu estava *enlouquecendo*.
— Você vai me contar a verdade *agora*.
Ele virou, seus olhos *selvagens*.
— Você realmente quer saber?
— *SIM!*
Dante fechou a distância entre nós em dois passos.
— Meu irmão não é *só* estéril, Isa.
Ele é *meio-irmão*.
*…O quê?*
— Minha mãe *mentiu* para ele a vida toda. O pai dele não era meu pai.
— *E quem era?*
Dante respirou fundo.
— Alguém que faria *qualquer coisa* para proteger seu segredo.
*Incluindo matar.*
— E o bebê… — minha voz falhou.
Dante encostou a testa na minha.
— *Meu.*
Eu fechei os olhos.
— Por que você não me contou?
— Porque eu *tentei*. Naquela noite, na praia. Você estava tão bêbada… você não lembra, mas *eu te disse*.
*"Nunca durma com meu irmão."*
*"Nunca dê a ele um filho."*
*"Porque ele não pode te dar um de volta."*
— Você achou que eu estava *ameaçando* você — ele sussurrou.
Eu me lembrei.
*Lembrei do pânico nos olhos dele.
Do jeito que ele me segurou, implorando para eu *ouvir*.
E como eu ri, bêbada, e o chamei de *louco*.*
Oh, Deus.
— Então… Ricardo descobriu.
Dante assentiu.
— Ele confrontou minha mãe. Ela o trancou em algum lugar. *Para protegê-lo.*
— *Protegê-lo?!*
— Dele mesmo. Ele não está… bem, Isa.
Meu coração doeu.
— E o bebê…
Dante encostou a mão no meu ventre, *tão leve* que quase não senti.
— Eu não sabia. Mas se soubesse…
*Ele teria me protegido?*
*Teria me impedido de casar?*
*Teria me amado?*
Seus olhos responderam por ele.
O toque dele queimava.
Eu deveria odiá-lo.
Mas em vez disso…
*Eu o puxei para mim.*
Dante ficou *rigido* de surpresa.
— Isa…
— *Cale a boca.*
E então, *eu o beijei*.
Foi *violento*. Foi *vingança*. Foi *desejo puro*.
Dante gemeu contra minha boca, suas mãos agarrando meu quadril como se eu fosse escapar.
— Você *odeia* mim — ele respirou.
— *Sim.*
— Então *pare*.
— *Nunca.*
E então…
*Ele me dominou.*
Seu corpo me pressionou contra a parede, suas mãos *em todo lugar*.
Meu vestido rasgou.
Seus dentes no meu pescoço.
Meu gemido *alto* no silêncio da cabana.
— Você ainda é *minha* — ele rosnou.
Eu *arranhei* suas costas.
— *Prove.*
Dante não precisou ser convidado duas vezes.
Foi *ódio*.
Foi *luxúria*.
Foi *dois anos de desejo reprimido*.
Ele me levou ao limite, me fez gritar, me fez *chorar*.
E quando ele finalmente entrou em mim, *tão familiar*, foi como *voltar para casa*.
— *Dante* — eu gemi, meus dedos enterrados em seu cabelo.
Ele me olhou nos olhos, *tão intenso* que doeu.
— Desta vez, Isa… *eu não vou te perder.*
E então…
*Alguém bateu na porta.
A batida na porta ecoou como um tiro.
Dante *congelou* dentro de mim, seu corpo tenso, seus músculos contraídos sob minhas mãos.
— *Merda* — ele rosnou, os olhos escurecendo de prazer para alerta em um segundo.
Outra batida. *Mais forte.*
Eu deveria ter me assustado. Mas com ele ainda *enterrado* em mim, meu corpo estava longe de sentir medo.
— Não pare — eu sussurrei, minhas pernas apertando sua cintura.
Dante soltou um som entre um riso e um gemido.
— Você vai ser a morte de mim, mulher.
E então, *ele se moveu.*
Lento. *Deliberado.*
Cada embate foi uma tortura *perfeita*, sua ponta roçando *exatamente* onde eu mais precisava.
— *Dante…* — meu gemido foi engolido por sua boca.
Ele me beijou com *fome*, suas mãos agarrando meus pulsos e prendendo-os acima da minha cabeça contra a parede.
— Quieta — ele ordenou, sua voz áspera.
Outra batida. *Golpes agora.*
Mas eu não me importava. Não quando ele *apertou* meus s***s com a outra mão, os dedos torcendo meus m*****s até doer.
— Você gosta disso, não é? — ele sussurrou, seus dentes no meu ombro. — Saber que alguém pode nos *pegar*.
Eu *arqueei* contra ele, meu corpo traindo meu ódio.
*Sim. Sim. SIM.*
A porta tremeu sob o impacto.
Dante não parou.
Seus quadris bateram contra os meus com uma força que me fez ver *estrelas*, cada movimento calculado para me levar ao limite.
— Eu devia te deixar aqui — ele murmurou, sua respiração quente no meu pescoço. — *Toda aberta. Toda minha.*
A imagem *arrancou* um gemido da minha garganta.
— *Seu bastardo.*
Ele riu, *sombrio*, e então—
*Mudou o ângulo.*
Eu *gritei* quando ele acertou *lá*, meu corpo curvando como um arco.
— *É isso* — ele rosnou. — *Goza pra mim.*
A porta *quebrou*.
E eu *quebrei com ela.*
O orgasmo me atingiu como um trem, meu corpo *convulsionando* em torno dele, minha boca aberta em um grito silencioso. Dante me beijou *devorando* meu gemido, seu próprio corpo tremendo quando ele *jorrou* dentro de mim, quente e *possuidor*.
— *Minha* — ele rugiu contra meus lábios.
*TILT!*
O som de uma arma sendo engatilhada nos fez *separar* num instante.
Dante me empurrou para trás dele, *protegendo*, seu corpo ainda *exposto* quando a porta finalmente cedeu.
— *Parece que interrompemos algo* — uma voz *familar* zombou.
Meu coração *parou*.
*Ricardo.*
Ele estava *irreconhecível*.
Cabelo emaranhado, olhos *injetados de sangue*, roupas rasgadas. Mas a arma em suas mãos estava *muito firme*.
— Irmão — ele cumprimentou, a voz *cortante*. — Você sempre soube *tomar o que é meu*.
Dante não se moveu.
— Você não está bem, Ricardo.
— *NÃO ESTOU BEM?!* — ele gritou, a arma tremendo. — *Você me trancou como um animal!*
— *Foi a mãe* — Dante respondeu, calmamente.
Ricardo riu, um som *quebrado*.
— Ela me contou *tudo*. Sobre meu pai. Sobre *você*. — Seus olhos *arderam* em mim. — Sobre *ela*.
Eu engoli seco, meu corpo ainda *pulsando* do orgasmo, minhas pernas *tremulas*.
— Ricardo…
— *CALA A BOCA, p**a!*
O tiro *estourou* antes que eu pudesse piscar.
Dante *me derrubou* no chão, seu corpo cobrindo o meu.
Mas não houve *dor*.
Apenas *silêncio*.
Quando olhei para cima, Ricardo estava *chorando*, a arma apontada para o próprio queixo.
— *Ele vai puxar o gatilho* — eu sussurrei, horrorizada.
Dante *moveu-se* rápido demais.
Um *corpo* contra *outro*.
Um *grito*.
Um *segundo tiro*.
E então…
*Sangue.*
Ricardo estava no chão.
*Não morto.*
*Atirado na perna.*
Dante soprava como um touro, a arma *dele* agora fumegante.
— *Você atirou nele!* — eu gritei.
— Ele ia se *matar*, Isa!
Ricardo riu, um som *quebrado*, seu sangue escorrendo pelo assoalho.
— *Ela nunca vai te amar como me amou* — ele cuspiu.
Dante *endureceu*.
— Você está *doente*.
— E você é um *mentiroso*. — Ricardo olhou para mim, seus olhos *vidrados*. — Pergunta pra ele, Isa. Pergunta *quem realmente mandou aquela foto*.
*…O quê?*
Dante *tremeu*.
E então, eu *soube*.
— *Foi você* — eu acusei, meu coração *rasgando*.
Dante não negou.
— Eu te avisei para não se casar com ele.
— *MANIPULADOR!*
Ricardo riu, *sangrando*, *insano*.
— Bem-vinda ao clube.
Dante olhou para mim, seus olhos *implorando*.
— Isa, eu—
— *SAI!* — eu gritei, minhas lágrimas *queimando*. — *SAI DE PERTO DE MIM!*
Ele *recuou*, seu rosto uma máscara de *dor*.
E então, *a porta dos fundos arrebentou*.
Homens de preto. *Armas.*
*Dona Catarina Valente* no centro, seus olhos *glaciais* em mim.
— *Acabou*, menina.
Dante *pulou* entre nós.
— *Mãe, não!*
Ela olhou para ele como se fosse *lixo*.
— Você sempre foi *fraco*.
E então…
*Ela atirou.*
A dor *não veio*.
Porque Dante *levou o tiro por mim*.
Seu corpo *sacudiu* quando a bala o atingiu no peito.
*SANGUE.*
*MUITO SANGUE.*
— *DANTE!* — meu grito *rasgou* a cabana.
Ele caiu de joelhos, seus olhos *presos nos meus*.
— *Corre…*
E então…
*Tudo ficou preto.*