Isabelly Grey procurava seu celular pela cama, disposta a jogá-lo na parede assim que o encontrasse. Enquanto procurava, se perguntava para que inventaram o despertador.
— Ah, que merdå! — ela finalmente abriu os olhos, encontrando seu telefone no chão e desligando-o. — Cinco horas da manhã, por que você colocou o celular para despertar a essa hora? — ela reclamava com seu próprio reflexo enquanto olhava pela janela.
Depois de alguns minutos sentada na cama, esperando seu espírito voltar ao corpo, a garota finalmente tomou coragem para levantar e se arrumar.
Belly só queria receber uma mensagem dizendo que as férias tinham sido estendidas por mais algumas semanas. Mesmo que fosse o último ano da garota, era extremamente cansativo ir à escola. Às vezes, ela só queria socar a cara de toda a sua turma. Estava muito feliz com a paz que seu espírito encontrava nas férias.
— Bom dia, pai — Assim que Belly, ou Bella como gostava de ser chamada, entrou na cozinha, encontrou Scott tomando café e lendo o jornal, como fazia todas as manhãs.
— Bom dia, abelhinha — a garota realmente odįava esse apelido, mas não adiantava, seu pai sempre a chamava assim. — Vou chegar tarde hoje, vou visitar sua mãe, ela quer conversar comigo.
— Tá bom — Isabelly realmente odįava Jocelyn. Quer dizer, quem abandona o marido e a própria filha do jeito que ela fez? — Sempre que ela chama você, sai correndo, igual um cachorrinho.
— Não é esse o caso, filha — ele finalmente parou de ler o jornal e olhou na direção da garota. — Um dia você irá entender, e outra, sua mãe te ama.
— Uhum, claro que ama. Bom, já terminei meu café, vai me levar até o colégio?
Scott apenas concordou. Ele sabia que tentar falar sobre Jocelyn com Isabelly era a mesma coisa que tentar convencer alguém de que pizza de brócolis com catupiry era a sétima maravilha do mundo. Não tinha como, não daria certo. Tudo que ele mais queria era que sua filha entendesse que tudo que seus pais faziam era... e é, para seu próprio bem.
Mas como ele a convenceria dessa palhaçada, se nem ele acreditava mais nisso?
Scott havia se pegado diversas noites parado na porta do quarto de Bella, se perguntando o que aconteceria se ele entrasse e contasse toda a verdade de uma vez.
— Pode parar aqui, pai. Nanda está logo ali — assim que o carro parou, Bella se despediu e desceu do veículo. — Oh, pįranha!
— Sua våca! — Fernanda correu até sua amiga e lhe deu um abraço bem forte. — Achei que você ia chegar atrasada.
— Não, só demorei para levantar — depois que a morena retribuiu o abraço, ela olhou em volta. — Cadê ele?
— Derrick só vai voltar hoje à noite — a decepção no olhar de Bella foi nítida. — Ei, não fique triste. Nós três vamos sair hoje.
— Vem, vamos entrar antes que a gente perca a primeira aula — a garota sorriu tentando disfarçar a tristeza que estava sentindo.
Derrick era irmão da Fernanda, ambos eram os melhores amigos de Bella. O rapaz havia viajado no começo das férias, sem avisar ou se despedir dela. Segundo Fernanda - ou Nanda, como Bella a chamava -, seu irmão precisava resolver coisas urgentes de sua família, e com toda certeza, se ele tivesse ido se despedir de Bella, não teria viajado.
— A pior desculpa de todas — a garota bufou irritada enquanto ia na direção de sua carteira.
— Falou alguma coisa, amiga? — Fernanda disse, sentando atrás de Isabelly.
— Não, só pensei alto — parecia uma coisa idįota, para Bella ficar extremamente triste e chateada com ele, mas não era bem assim. — Por que ele resolveu viajar depois do nosso beijo? Sem ao menos conversar comigo? — ela virou na direção de Fernanda, que nesse momento estava em choque.
— Vocês dois se beijaram? Quando? Como? Onde?!
— Shh! Fala baixo, foi no último dia de aula do ano passado, que por coincidência foi o último dia que a gente se viu.
— Ah! Por isso que ele ficou extremamente irritado quando Aurora ligou pra ele e disse que o conselho estava indo pra lá.
— Aurora? Que conselho?
— Falei demais, esquece.
— Não, agora eu quero saber. Pode continuar a fofoca.
— Quero todos sentados e virados pra frente. Temos muita coisa pra fazer e aprender esse ano — ótimo, a primeira aula deles seria de sociologia com o professor mais chato da escola. — Todos sabem que esse ano vamos ver e falar sobre os... — uma batida na porta interrompeu o professor.
— Desculpe, professor, mas você tem alguns alunos novos na sala esse ano.
Nesse momento, todos prestaram atenção na inspetora, que estava sendo seguida por dois rapazes. Um tinha os cabelos ondulados loiros, os olhos eram azuis, realmente parecia ser um anjo.
— Meu nome é Joker Keller, desculpe atrapalhar a aula, professor — o rapaz dos cachinhos se pronunciou.
— Ok, rapaz, ache uma carteira livre. E você, meu jovem?
— Jacob, Jacob Schmidt. — Nesse momento, Bella prestou atenção no rapaz que todas as meninas estavam olhando.
— Ok, pode ir se sentar. — o professor anotou o nome deles na pequena agenda e continuou sua aula. — E vamos continuar a aula pessoal, como eu estava dizendo...
A voz do professor se tornou a última coisa que Bella queria ouvir. Seu olhar acompanhou o rapaz até a última carteira da sala. Ela se sentiu extremamente estranha quando o olhar do rapaz cruzou com o seu.
Seu coração pareceu parar por alguns minutos, junto com seus pulmões, que esqueceram de como respirar. Bella poderia jurar que os olhos do rapaz mudaram de cor, mas a distância não deixava ela ver direito.
— Olha pra frente, Isabelly — Fernanda chamou a atenção de sua amiga.
— O que eu fiz? — Fernanda só a chamava assim quando estava brava com ela.
— Nada, só olha pra frente. — Bella bufou e voltou a prestar atenção no professor.
Isabelly estava vivendo uma vida humana, com suas memórias do mundo sobrenatural completamente apagadas.
Jacob, após um século longe de Bella, precisava sentir a presença de sua companheira. Daqui a três dias, ele iria embora de Pripyat e voltar para Solaria, a cidade onde sua alcateia vivia.
Quando tudo parece normal, vem a tempestade, virando seu mundo de ponta cabeça.
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