Marinette on
Dois dias se passaram desde aquele fatídico encontro, eu ainda me perguntava quem seria aquele senhor que eu ajudei, ou se tudo não passara de mera ilusão devido ao nervosismo de voltar ao colégio.
Mas tudo isso ficou para trás quando, ao chegar de mais um dia exaustivo, encontrei em cima da penteadeira uma pequena caixa preta com alguns ideogramas em vermelho, algo que eu tinha certeza de não estar ali quando saí.
Poderia ser um presente dos meus pais e, curiosa como sou, não demorei muito para abrir aquela caixinha e me deparar não só com delicado par de brincos, como também uma criaturinha cabeçuda, a qual cheguei ao ponto de chamar de rato inseto gigante, isso pouco antes de tentar acertá-la com tudo que eu via em volta.
Mas, depois do susto, aquela coisinha fofa de nome Tikki, foi se mostrando nada assustadora, se tornando uma grande e verdadeira amiga e, graças a ela, eu, uma garota totalmente sem graça e desajeitada, cuja única ambição era me tornar uma grande designer de moda, mesml sem acreditar realmente que aquilo aconteceria de verdade, me tornei o que sou hoje.
A Ladybug.
Não posso negar que, a primeira vez que coloquei aquele uniforme, foi uma sensação mais do que estranha, eu não me sentia capaz de ser aquela que teria o poder de salvar minha amada Paris, muito menos de guardar o segredo da minha identidade para todos que conhecia.
Principalmente tendo como melhor amiga uma futura jornalista que via uma matéria por todos os lugares por onde passava, ela chegou ao ponto de criar um blog para tentar desvendar aquele segredo.
Porém, não é apenas ela que seria capaz de qualquer coisa para solucionar esse mistério, mais alguém não perde uma só oportunidade para tentar, a todo custo me fazer falar, seja com uma declaração, ou uma bela piada ou um trocadilho.
Meu companheiro de batalhas, Chat Noir, meu gatinho bobo.
Desde o primeiro dia como parceiros ele foi o melhor companheiro que eu poderia querer, me dando todo o apoio quando mais precisei, estando ao meu lado nos momentos mais difíceis e turbulentos da minha nova vida dupla.
Há três anos lutamos lado a lado, crescendo e melhorando juntos a cada dia, ele sempre fazendo de tudo para me fazer sorrir e me sentir melhor, não importa o que aconteça.
Seu único defeito é não aceitar um não como resposta, principalmente depois de termos conhecido uma parceira nossa do futuro, a Bunnix, que querendo ou não, fez com que suas investidas ficassem mais e mais frequentes, não importando o quanto eu dissesse não às suas declarações.
Porém, um dia, ele foi longe demais.
A batalha foi dura, muito mais do que já havíamos enfrentado, eu podia sentir o gosto metálico do sangue, meu corpo inteiro dolorido, aquela foi a primeira vez em que não acreditei que sairia viva no final mas, por sorte, ou obra do destino, tudo havia acabado bem.
Ao menos era o que eu achava.
Fiz o mesmo sinal para o nosso cumprimento, o mesmo "zerou" de sempre, mas ele não aconteceu, estranhei quando o vi parado me olhando, não conseguia entender o porquê daquilo, algo estava muito errado, até que ele se aproximou, nossos olhos se cruzaram, pude ver seus olhos brilhando, as lágrimas correndo soltas por seu rosto tão ferido quanto o meu, antes de sentir seus braços me envolvendo, seu rosto em meu pescoço, seu choro desesperado.
Ladybug- Está tudo bem, Chat- falei deixando-me abraçar.
Chat- Não, não está nada bem, eu pensei que...não, eu não suportaria te perder-falou apertando mais ainda o abraço.
Eu nunca imaginara vê-lo naquele estado, ele estava realmente muito m*l, os sentimentos eram tão fortes que também pude sentir um aperto gigantesco no peito, seu coração batendo forte de encontro ao meu peito, as lágrimas correndo por meus olhos e se juntando às suas.
Ladybug- Chat, acabou, tá tudo bem agora- falei afagando seus cabelos, sentindo-o chorar ainda mais.
Chat- Promete, promete nunca me deixar.
Ladybug- Gatinho...
Chat- Só promete my lady. Por favor...
Não havia como negar aquele pedido, ele era meu melhor amigo, aquele que estivera comigo e que acreditara em mim quando nem mesmo eu acreditava.
Ladybug- Eu nunca...
BIP BIP
Por mais que eu quisesse continuar ali, não podia me arriscar a ter minha identidade revelada daquela forma, muito menos naquele momento.
Ladybug- Eu nunca vou te deixar, você é meu gatinho bobo, mas...agora preciso ir.
Tudo havia acabado bem e agora só me restava ir para casa cuidar dos meus ferimentos, ao menos era o que eu pensava até sentí-lo segurar meu braço com força, mas sem me machucar, me impedindo de ir.
Chat- Fica. Eu não conto pra ninguém. Eu juro. Eu te amo my lady.
Ladybug- Você é meu melhor amigo Chat, mas...eu já te disse, eu amo outro.
Chat- Um carinha que nem te dá bola!
Ladybug- Isso...não é da sua conta!
Chat- É da minha conta quando eu digo te amo e você faz comigo o mesmo que ele faz com você. Ele não te ama como eu!
Ladybug- Ele...me ama, só...não do jeito que eu quero que me ame...
Chat- Pois eu vou provar que o MEU amor é verdadeiro!- falou gritando em alto e bom som enquanto segurava meu rosto entre as mãos.
Tudo o que aconteceu depois foi muito rápido, rápido demais. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, ou ter qualquer reação, ele me puxou, fazendo com que nossos corpos se chocassem, isso ao mesmo tempo em que seus lábios tomaram os meus,sem me dar chance de uma recusa.
Em um primeiro instante não consegui reagir, sequer me mover, tudo aquilo era demais parainha cabeça, nem em sonhos eu conseguiria imaginar que ele um dia chegaria a esse ponto, não, apesar de apaixonado ele sempre foi muito doce e gentil, sempre entendendo o meu lado, ao menos era o que eu achava.
Por outro lado, no fundo eu não tinha a menor vontade de sair dali, algo naquele beijo me prendera de tal forma que era impossível dizer não, seu beijo tinha o mesmo gosto que eu guardava na lembrança, a certeza latente de já o ter provado antes,os lábios tão doces e envolventes do mesmo modo que eu imaginava.
As mãos faziam uma carícia tão suave meus cabelos que eu quase esqueci de onde e com quem estava, mas, quando me dei conta, afastei-o com força, dando-lhe um soco e desequilibrando-o, se corpo caindo com um baque surdo no chão.
Ladybug- Você não devia ter feito isso!
Me afastei sem lhe dar tempo de falar qualquer coisa, não queria ouvir nenhuma explicação ou lamúria naquele momento, só queria chegar em casa e esquecer tudo aquilo, por isso lancei meu ioiô e me joguei na noite, deixando-o para trás, ainda estático, com a mão no local atingido e o ódio no olhar.
A noite fria secava as lágrimas de raiva que corriam sem permissão por meu rosto enquanto eu saltava por entre os prédios, tudo o que eu desejava era esquecer tudo aquilo, as palavras ditas por ele ressoando em meus ouvidos sem parar.
Minha transformação se desfazendo no exato momento em que meus pés tocaram o terraço da casa, bem próximo ao alçapão que levava ao meu quarto.
Tikki- Marinette?! Você está bem?!
Marinette- Não Tikki, você não viu?! Ele...ele não tinha esse direito!
Tikki- Mas Mari, ele não queria te deixar assim.
Marinette- Ele me beijou, Tikki!
Tikki- Eu sei, mas ele não fez por m*l, ele te ama e, mesmo que você não sinta o mesmo, ele é seu amigo e sempre esteve do seu lado!
Marinette- Mesmo assim ele não poderia ter feito isso, se somos tão amigos, ele deveria me entender, não me forçar a nada.
Tikki- Mari...
Marinette- É complicado demais. Tudo que eu queria é que tudo tivesse sido diferente, que...
Tikki- Ele não tivesse dito aquilo?
Marinette- Sim, ele sempre soube o quanto eu amo o Adrien, mesmo que não saiba quem é.
Tikki- Ele errou, eu sei, mesmo assim, eu acho que você não deveria ter feito aquilo, ele te ama de verdade, já demonstrou isso muitas vezes, coisa que...o outro nunca fez...
Marinette- Eu sei, Tikki, eu errei tanto quanto ele, mas isso já está feito, não tem como voltar atrás mas, depois penso nisso, em como me desculpar com ele, agora preciso descansar, na verdade, já sei o que fazer pra resolver pelo menos uma parte disso.
Tikki- O que você vai aprontar?
Marinette- Amanhã você vai ficar sabendo. Agora vamos dormir.