— Onde esteve? — perguntou Joshua ao aproxima-se do seu irmão mais novo que vinha na direção contrária do corredor.
— Estava na sala! Olha isso! — Disse Brandon ao entregar o desenho da flor nas mãos do seu irmão.
— O que significa isso? — Perguntou Joshua.
— Significa que ela começou a lembrar de tudo! — Disse Brandon.
— Como tem certeza de que ela começou a lembrar? É apenas um desenho, ela pode ter visto uma essa flor em algum lugar e ter desenhado, isso não quer dizer que ela tenha se lembrado de alguma coisa! — disse Joshua.
— Olha bem para esse desenho, o que ver de diferente nele? — Questionou Brandon.
— Nada demais, só folhas, pétalas, raízes e... — Joshua parou de falar no momento em que percebeu o que havia de diferente no desenho em suas mãos.
— Então você percebeu! — Disse Brandon ao ver a expressão no rosto do seu irmão mais velho.
— Como isso é possível? Normalmente ela demorar para lembrar-se das coisas, por que está acontecendo tão cedo? — Questionou Joshua.
— Deve ser por causa da lua de sangue! Logo ela se lembrará e sabe o que precisaremos fazer! — disse Brandon.
— Eu sinto muito meu irmão! Mas lembre-se que é para o nosso bem! Se a maldição for quebrada, tudo voltará ao normal, voltará a ser como era antes! — disse Joshua ao lhe devolver o desenho.
Brandon ficou em silêncio, enquanto olhava novamente para aquela folha de caderno desenhada. Logo o seu olhar seguiu o som das risadas, das duas garotas que havia acabado de sair do vestiário feminino, e uma dessas garotas era a jovem Aria, que sem perceber, havia desencadeado uma porção de lembranças nas memórias de Brandon, que até então, estavam adormecidas.
Joshua percebeu o olhar do seu irmão e a sua expressão de tristeza. O mesmo seguiu com o seu olhar na mesma direção em que Brandon estava olhando e quando viu do que se tratava, o mesmo tornou a olhar novamente para Brandon e perguntou.
— O que pretende fazer agora?
— Nesse momento? Eu pretendo entrar para o time de lacrosse! — disse Brandon antes de começar a caminhar em direção ao vestuário masculino.
— Para o time de lacrosse? — Questionou Joshua.
— Sim! Precisamos agir normalmente, e a melhor forma de agir assim, é fazendo o que um adolescente comum faz! — Disse Brandon.
— E o que vem depois? Vai se forma no colégio, depois vai a faculdade. Vai se casar e ter cinco filhos e um emprego de merda? — Questionou Joshua.
— Se for necessário sim! — Disse Brandon.
— Eu não acho que seja uma boa ideia! Você deve está louco por pensar em fazer tal coisa! — Disse Joshua.
— Por que acha que não é uma boa ideia? E por que isso é loucura? — Perguntou Brandon.
— Porque para jogar lacrosse precisa de habilidade e força! — Disse Joshua.
— E são habilidades que possuo. Ainda não entendo por que não é uma boa ideia! — disse Brandon.
— É uma má ideia por que você tem essas habilidades, tem até demais. Você é mais rápido do que uma pessoa comum, e mais forte que uma pessoa comum, acha que as pessoas não vão perceber que você é diferente? Sabe que o papai não vai aprovar essa sua atitude, se você pôr o nosso segredo em risco, os humanos irão nos caçar, e os poucos que sabem sobre nós irão juntar-se a eles, todos vão tentar nos destruir, e então outra guerra vai começar! Pense bem, realmente vale a pena arrisca-se por ela? — disse Joshua.
— Não se preocupe comigo, prometo que vou me cuidar! — disse Brandon. — Me faz um favor? Guarda isso para mim! — Disse ele novamente ao entregar a folha de caderno desenhada a Joshua.
Joshua sabia que nada mudaria a decisão do seu irmão e por isso optou em permanecer calado. Brandon seguiu o seu caminho e entrou no vestiário masculino. Em busca de roupas de ginástica, o mesmo encontrou um conjunto estava sob o banco de madeira e ferro que havia perto dos armários naquele vestiário.
Brandon olhou ao seu redor, para saber se havia alguém por perto, ele também aguçou a sua audição para poder ouvir melhor, e pode ter certeza de que não havia ninguém naquele lugar, e com isso imaginou que poderia pegar aquelas roupas para usa-las.
Após se vestir o jovem Griffin saiu por umas das portas do vestiário que levava diretamente ao campo do colégio.
Ao avistar o campo, o garoto aproximou-se de um grupo de jovens que estavam em linha reta ouvindo o que o treinador tinha a dizer.
—...assim como havia dito antes, não estou aqui para aturar garotos mimados, estou aqui para treinar homens, para que quando saiam lá fora, saibam respeitar o próximo, saibam como viver a vida sem ser mesquinhos, e saibam como tratar uma garota. Nessa quadra, eu não vou aceitar, nenhum tipo de preconceito, seja racismo, machismo ou homofobia. Nessa quadra, somos um só, independente das suas escolhas e do seu estilo de vida, aqui, todos somos iguais. — Disse o treinador. — Agora que disse tudo o que queria, espero que estejam prontos. O teste vai começar, e os melhores vão fazer parte do time, e o restante fica na reserva, vamos separar em dois times, o time vermelho e o time amarelo. Vocês têm vinte segundos para fazer isso. — Disse o treinador e logo depois soprou o apito.
Os garotos que estavam na quadra começam a se dispersa-se e a pegar as camisetas das cores dos times. Brandon havia pego a cor vermelha, e Russel que havia acabado de chegar pegou a camiseta da cor amarela.
— O que faz aqui? — Perguntou Brandon ao ver Russel.
— Achou mesmo que só você iria se divertir? — Questionou Russel.
— Até quando você vai ficar seguindo os meus rastros? — Questionou Brandon.
— Eu não estou seguindo os seus rastros. Assim como você, estou apenas marcando território! — Disse Russel ao apontar com o dedo indicador para arquibancada.
O garoto afastou-se enquanto colocava a sua camiseta, e Brandon olhou para trás assim que Russel estava distante.
Ao olhar para a arquibancada, o jovem pode ver sentada no terceiro banco contando do início ao fim, a garota Patterson, que conversava com Trinity, que olhava fixamente em direção ao time de lacrosse que estava se preparando para começar jogar.
(Apito ressoando)
— O jogo vai começar! — Disse o treinador.
Brandon deslocou o seu olhar para o mesmo. O garoto começou a correr naquele campo em direção aos outros jogadores. E agora próximo daqueles que fariam parte do seu time, Brandon aquecia-se para poder jogar.
— Bom time, vamos jogar a moeda, escolham um capitão, e decidam se vai ser cara ou coroa! — Disse o treinado.
— Espera um segundo! — Disse Scott que corria em direção aos outros jogadores.
— Está atrasado! — Disse o treinador.
— Desculpe senhor Gomes, acabei me atrapalhando com algumas coisas pelo caminho! — Disse o jovem Gilbert.
— Está perdoado! Escolha um time e prepare-se! — Disse o treinador.
Scott percebeu a presença de Brandon e Russel, e sorriu de lado ao vê-los. Ao ir em direção onde estavam as camisetas das cores dos times, o jovem Gilbert, olhou para a arquibancada e sorriu ao ver Aria, que estava agora concentrada no jogo estava prestes a começar.
Depois de pegar a camisa da cor do seu time, Scott voltou correndo para junto dos seus colegas e com a camiseta vermelha, se posicionou ao lado de Brandon que foi escolhido como capitão daquele time.
— Cara! — Disse Russel que também havia sido designado a capitão do seu time.
— Coroa! — Disse Brandon.
Assim que os garotos escolheram a metade da moeda, o treinador a jogou para o alto e em alguns segundos aquela moeda caiu ao chão.
— Cara! — Disse o treinador. — O time amarelo começa. — Disse novamente o homem ao afastar-se dos garotos.
Os garotos de ambos dos times ficaram em suas posições, os capitães temporários, tomaram a frente e uma tensão começou a surgir entre eles.
— Lembrem-se! É apenas um teste! — Disse o treinador ao soar o apito.
Então o jogo começou, Russel que estava com a bola, começou a correr, e Brandon passou a segui-lo. Aquele inocente jogo, ou pelo menos era para ser inocente, tornou-se um campo de batalha para aqueles dois garotos. Que com menos de vinte segundo de jogo, começaram a se estranhar.
— Passa a bola! — Disse Russel a outro jogador.
E assim o garoto fez, mas antes que Russel pudesse pega-la, Brandon adentrou a sua frente e a pegou primeiro. O jovem Griffin sorriu vitorioso e começou a correr com aquele objeto arredondado em sua rede de lacrosse.
Russel que estava irritado, por sua vez, ativou os seus instintos de caçador. O garoto correu em direção a Brandon que estava prestes a passar a bola para Scott que estava perto do gol. Mas foi impedido por Russel que sobrevoou em um pulo, outro jogador que estava esquivando-se do mesmo, e com isso acabou caindo ao chão.
Nessa sua atitude de pegar a bola, o garoto Frost empurrou Brandon que caiu e acabou colidindo rispidamente ao chão.
— Falta! — Disse o treinador antes de ressoar o apito.
Russel que nada se agradou do ato do senhor Gomes, fez um gesto de mostrar o dedo do meio assim que o mais velho se virou para senta-se em um dos bancos de espera que havia no campo.
Brandon que agora se levantava, percebeu que o garoto Frost estava com a cor dos seus olhos avermelhadas, e para não ficar pra trás e perder para o seu inimigo, Brandon também ativou os seus extintos. Os olhos do garoto ficaram azul da cor do céu. Sua audição e olfato estavam aguçados, assim como a sua agilidade e rapidez.
O apito do professor ressoou mais uma vez, então o jogo tornou a continuar.
— O que foi Griffin? Não sabe jogar? — Questionou Russel em um tom sarcástico ao passar pelo garoto.
— Vou te mostrar quem não sabe jogar! — disse Brandon em um tom ameaçador.
De volta ao jogo, Brandon que não estava nada amigável, passou a seguir Russel e a provoca-lo e o mesmo fez o garoto Frost ao jovem Griffin.
Enquanto os garotos travavam uma batalha na quadra, Aria estava entediada com as palavras da líder do time de torcida. Que estava a falar sem nenhuma pausa para respirar.
— ... essas são as regras! Espero que tenha sido clara, não vou tolerar qualquer tipo de desobediência da parte de vocês garotas! — disse a garota de cabelos rosados, de pele clara e olhos azul esverdeado, que trajava o uniforme de torcida.
A líder do time de torcida, seguiu em direção a um aparelho de som portátil que possuía um smartphone conectado a um fio. A adolescente apertou apenas um botão e uma música começou a tocar.
— Andem! Levantem seus traseiros cheios de estrias dos bancos e me mostrem o que sabem! — disse a garota.
— Boa sorte amiga! — disse Trinity a Aria que estava levantando.
A garota seguiu em direção a pista de corrida que havia envolta do campo. E assim como as outras garotas, Aria ficou séria e esperando as ordens daquela adolescente a sua frente.
— Alienem-se e dancem! — disse a garota de cabelo rosa.
— Vai amiga!! — gritou Trinity de onde estava sentada.
Acompanhando a música, Aria e as outras garotas estavam apresentando a coreografia que foi passada para elas a alguns minutos atrás. A garota de cabelo rosa, que estava as analisando, ficou com o seu olhar sob a garota Patterson, a mesma pareceu muito interessada em Aria que agora, estava apresentando uma coreografia de sua própria autoria.
— Sorriam!! — disse a garota de cabelo rosa.
E assim as meninas fizeram, todas estavam sorrindo e dançando lindamente.
Aria se destacava entre as garotas, por sua desenvoltura e carisma, além de estar fazendo uma coreografia sexy e muito ousada, que acabou chamando a atenção de todos que estavam passando pela quadra e até mesmo do time de lacrosse que pararam o jogo para ficar a admirando.
— Aquela é a novata? Ela é muito gata! — disse um dos garotos que estavam fazendo o teste para entrar no time.
Brandon que até então estava correndo parou no mesmo instante em que viu a jovem dançar.
— Ela sempre sabe como fazer um homem cair aos pés dela! — disse Russel ao parar ao lado de Brandon.
O garoto que agora estava sério e com o seu olhar fixado em Aria, passou a perceber que a dança que ela fazia, era a dança de um antigo ritual da antiga tribo das terras de Blowing Rock.
— Aquela não é... — Dizia Scott antes de ser interrompido por Brandon.
— Sim! Vamos joga a bola na direção dela! Precisamos interrompe-la antes que aconteça um desastre! — disse Brandon ao olhar para os céus.
Nuvens escuras estavam tomando os céus naquele dia ensolarado, e a cada passo que a garota fazia, um raio ressoava entre as nuvens. Aria que estava completamente em transe, não havia percebido o que estava acontecendo ao seu redor, ela permanecia dançando e rodopiando.
— Aria! Pare! — gritou Trinity ao descer rapidamente da arquibancada em direção a sua amiga.
E nesse momento, Scott que havia concordado com Brandon, lançou a bola em direção a garota, que permanecia no mesmo estado. Ativando novamente os seus instintos de lobo, Brandon correu em direção onde ela estava. O mesmo saltou sob a grade que dividia o campo da pista de corrida, e em um só movimento, ele esbarrou em Aria que logo despertou do transe.
Ao voltar a si, a garota olhou diretamente para Brandon que agora estava a pegar a bola que vinha em sua direção. Assim que o mesmo pegou aquele objeto, ele olhou para a garota rapidamente e disse.
— Fique mais atenta! Por que se houver uma próxima vez, com toda a certeza, não vai haver ninguém para lhe ajudar!
— Eu não pedi que me ajuda-se! E muito menos sabia que precisava de ajuda! — disse Aria.
— Isso quer dizer que precisa ter mais atenção! Essa bola veio em sua direção, e iria lhe atingir se não fosse por mim — disse ele antes de virar-se e tornar a quadra.
A garota Patterson observou o jovem Griffin voltar a quadra e juntar-se ao time de lacrosse.
— Você! — disse a garota de cabelo rosa a Aria.
Ao aproximar-se da jovem Patterson, a garota de cabelo rosa, a olhou por inteiro e caminhou a sua volta, até que tornasse a frente da mesma novamente.
— Você passou no teste, amanhã as sete da manhã começa o treinamento, esteja aqui sem atrasos! Meu nome é Malia caso não saiba! — disse a garota sem ao menos dar a Aria um tempo de resposta.
Malia pegou o som portátil e seguiu de volta a porta que levaria para o interior do colégio.
— Você está bem? — perguntou Trinity ao aproximar-se de Aria.
— Estou, por que a pergunta? — Questionou a garota.
— Por nada! É que me pareceu cansada! — disse Trinity.
— Ah sim! Eu realmente estou! — disse Aria.
A jovem olhou para o alto achou estranho fato de ter surgido nuvens de chuva no céu que até então estava limpo.
— Não falou nada sobre uma possível chuva no jornal da manhã de hoje! — disse ela ainda com o seu olhar fixo aquela nuvem ao céu.
Trinity olhou para trás e depositou o seu olhar nos céus e discretamente soltou um suspiro que pareceu de alivio.
— Vamos voltar! Já vai dar a hora do intervalo. Espero que tenha hambúrguer no refeitório hoje! — disse Trinity ao virar-se para Aria novamente e ao mudar de assunto.
Aria concordou com um balançar de cabeça e antes que tornasse para o interior do colégio, Aria olhou para o campo, e o seu olhar caiu sob Brandon que no momento estava retirando a camiseta do time. O mesmo estava com a sensação de estar sendo observado. Mas o mesmo ignorou tal sensação.
O vento soprou no momento em que Brandon começou a pensar na garota e que se deveria olhar para trás. O doce perfume que lembrava o algodão doce que era vendido nos parques da cidade, adentrou as narinas do garoto, que fez com que o seu corpo arrepia-se, e de imediato ele olhou na direção de onde estava a garota, que permanecia no mesmo lugar e da mesma forma, com o seu olhar sobre ele.
“— Vamos Aria!” — disse Trinity ao longe.
— Eu não imagino a dor que você deva sentir. Acho que não suportaria passar tantos anos assistir o amor da minha vida morrer a minha frente, tudo apenas para salvar uma matilha cheia de lobos ingratos e gananciosos, que não mereciam estar vivos! — disse Scott ao aproximar-se de Brandon e ficar ao lado do mesmo.
— E se você estivesse no meu lugar? O que faria? — Questionou Brandon.
— Eu a amaria, mesmo que sempre fosse a última vez, eu a amaria, sem culpa, sem medo. Eu a teria em meus braços, a faria minha, a trataria como uma verdadeira rainha, a acordaria todas as manhãs com beijos. Eu faria muito mais do que isso, se eu estivesse em seu lugar! — disse Scott.
Ciente do amor que Scott sentia por Amara, Brandon não o questionou, e nem ao menos abriu a sua boca para tentar falar algo. Ele permaneceu calado, e fundo ele sabia que o melhor a se fazer, seria tentar amar a mulher de sua vida.
— Vamos garotos! O teste acabou, amanhã será anunciado os novos jogadores no painel de avisos da escola! — disse o treinador.
— Melhor irmos! — Disse Brandon a Scott.
Ao torna a escola, agora vestida com as roupas que havia vindo de sua casa, Aria e Trinity seguiam em direção ao refeitório, que ficava no térreo do colégio.
— Espero que hoje eu consiga pegar uma mesa boa, estou farda de me sentar perto dos nerds do colégio! — disse Trinity.
— Então não vai querer sentar ao meu lado, já que não gosta de nerd! — disse Aria.
— Não minha amiga, você não é nerd, eu vi a sua desenvoltura na aula de matemática, você não é nerd, pelo contrário, você precisa de ajuda com essa matéria e sabe-se lá os Deuses que outras matérias mais você precisa de ajuda! — disse Trinity enquanto ela e Aria desciam as escadas para o térreo.
— Deuses? Por que Deuses? E não Deus? — Questionou Aria.
— O que? — perguntou Trinity confusa com a pergunta da sua amiga.
— Você disse “Sabe se lá os Deuses”, por que não “Deus”? — Questionou Aria novamente.
— Por que não acredito em apenas um Deus. Eu sou aquele tipo de pessoa mente aberta, que acredita, que possa existir mais de uma divindade. E você? É cristã? — perguntou Trinity a garota.
— Eu sou meio cética com essas coisas de religião, eu acredito que exista um bem maior, e também acredito que exista um grande m*l, mas não sigo religião alguma. Até por que a maioria nos cega e nos deixa tolos, muitas das vezes danificam as nossas mentes! — disse Aria.
— Profunda você! Só não fale essas coisas na frente da minha mãe, ela acabou de entrar para a igreja e está prestes a batizar-se. Se ela ouvir você falando m*l da religião cristã, ele te mata! — disse Trinity com um tom de voz sério.
— Está de brincadeira, não é? — Perguntou Aria em risos.
— Bem que eu queria está brincando! — disse Trinity quase sussurrando.
— Disse alguma coisa? — Perguntou Aria.
— Disse que estou com fome! Vamos, não quero ficar no fim da fila! — falou Trinity ao segurar a mão da garota Patterson e a levar quase arrastada pelos corredores até o refeitório.
Chegando no local, Aria e Trinity entraram na fila para pegar as suas refeições.
— Não acho que vá ter lugares bons hoje! — disse Trinity com um tom de voz chateado.
— O importante é ter um lugar para nos sentarmos! Por exemplo aquela mesa ao lado daquela árvore lá fora! — disse Aria ao apontar com o dedo indicador para fora do refeitório.
— É pode ser! Melhor do que nada! — disse Trinity.
A fila onde as garotas estavam, começou a andar, elas pagaram por suas refeições e seguiram em até buffet que estava servindo os lanches daquela manhã.
— Com licença! — disse Brandon ao sobrepor sua mão sobre o ombro de Aria para alcançar uma caixinha de suco de laranja a sua frente.
No momento em que a garota ouviu a voz do mesmo, em um instante, ela virou-se para ele, que ao pegar aquela caixinha de suco, direcionou o seu olhar para ela. Eles se olharam por alguns segundos, e Brandon, logo desviou o seu olhar e afastou-se da jovem.
— Está tudo bem Aria? — Perguntou Trinity.
— Sim! Está tudo bem! — Disse a garota.
— Ótimo! Então vamos nos sentar! — disse Trinity.
As garotas seguiram para aquela mesa que Aria havia indicado. Ao se sentarem a mesa, as garotas começaram a degustar aquela refeição, era apenas as duas naquela grande mesa de cimento cru.
As irmãs de Trinity estavam ocupadas com as suas amigas e amigos em uma mesa não muito distante delas. Os irmãos de Aria Cory e Maison também estavam acompanhados por seus novos amigos.
Cory por sua vez, estava conversando com um grupo de meninas e meninos da mesma idade que ele, do lado de dentro do refeitório. Já Maison estava conversando com uma garota da sua idade, que aparentemente, gostava das mesmas coisas que ele. E isso percebia-se pelo fato de haver um enorme livro de zoologia aberto, sob a mesa em que eles estavam.
— Aria qual a sua cor favorita? — perguntou Trinity.
— Por que a pergunta? — Questionou Aria.
— Por que quero saber! Se eu resolver lhe dar um presente, eu preciso saber que cor que ele tem que ser. Vamos pensar em um exemplo. Bom! Um vestido, se por algum acaso, eu lhe presentear com um vestido, e eu compra-lo vermelho e você gostar de verde, eu vou ficar chateada por não ter comprado o vestido da cor certa para a minha amiga! — disse Trinity.
— Eu gosto de vermelho é uma cor muito bonita. Mas acho que preferiria uma cor mais neutra, como um marrom pastel, um rosa claro! — disse Aria.
— Então a sua cor preferida, são todas as cores pasteis? — Questionou Trinity.
— Não! A minha cor preferida é branco! As cores pasteis são as cores que complementam o meu dia a dia! Mas não deixo de gostar! — disse Aria.
— Interessante! E garotos? Qual o seu tipo de garoto? Eu sei que, pessoas arrogantes, m*l educadas e cheias de si, não é a sua praia! — Disse Trinity ao olhar para Russel que estava sentado a poucos metros de distância das garotas.
— O meu tipo de garoto? Essa é uma entrevista para me arrumar namorado ou o que? — perguntou Aria ao rir discretamente.
— Talvez! Se eu começar a namorar, eu vou querer que você namore também, para podermos compartilhar experiências. Agora me fala, que tipo de garoto que lhe atrai? — perguntou Trinity novamente.
— Bom argumento! Não sei, eu gosto de garotos que sejam carinhosos, que queiram passar um tempo comigo, assistir um filme no cinema, ou até mesmo fazermos uma sessão de filmes em casa sentados ao sofá, enquanto comemos pipoca. Eu gosto de caras que prefiram o sossego ao invés da agitação, que troque uma balada com uma multidão, para passar o tempo comigo ouvindo música enquanto compartilhamos o mesmo fone de ouvido. Eu gosto de caras que saibam respeitar o meu tempo, que consigam me entender e entender quando não estou em um dia bom, um cara que apenas me abrace e me diga...
— ...que vai ficar tudo bem! — completou Brandon que ouvia toda a conversa das garotas a seis metros de distância.
Era impossível não notar a tristeza no olhar do jovem Griffin, ele estava vivendo mais um Déjà vu, e ele sabia como tudo isso iria terminar, e se ele fizesse diferente dessa vez? E se ele não a amasse? E se talvez a esquecesse, era meio impossível tal coisa acontecer, até por que, o destino de ambos sempre os levava ao mesmo fim.
O dia se seguiu tranquilo na escola. Após a refeição, Aria teve aula de biologia, de artes, recebeu o seu uniforme de líder de torcida. Depois a mesma teve aula de espanhol e por fim aula de língua inglesa.
Na volta para casa, Aria estava com os seus pensamentos distantes, e o seu olhar assim como sempre, estavam fixos na paisagem que havia no caminho de volta e ida da sua casa.
— Fiquei sabendo que entrou para o time de torcida, parabéns! — disse Monica.
— Obrigada! Eu acho! — disse Aria sem demonstrar qualquer animação.
— Não me parece animada! — disse Monica.
— É por que não estou! — disse Aria.
— Se quiser conversar sobre alguma coisa, qualquer coisa, eu estarei aqui para ouvi-la. — Disse Monica.
— Ok! — disse Aria.
Percebendo que a sua filha não queria conversar, Monica direcionou as suas perguntas aos seus outros dois filhos que estavam sentados, ambos nos acentos de trás do carro.
A sua voz, seu perfume, o seu olhar. Como alguém que nem ao menos conhecia, não saia de sua mente? Esse era o questionamento de Aria, que a cada instante suspirava, com as breves lembranças do rosto e do olhar daquele garoto.
Já na porta de sua casa, e ao descer do carro da sua mãe, Aria ficou parada ao lado da porta do mesmo. Ela olhava fixamente para aquela floresta, enquanto agora pensava naquele animal ferido, que havia ajudado uma noite atrás.
— Vamos Aria! vamos garotos! O seu pai já deve ter preparado jantar! Não esqueçam de larvar suas mãos antes de se sentarem a mesa. — Dizia Monica enquanto caminhava em direção da sua casa.
— Aria! Vamos! — disse Maison ao segurar a mão de sua irmã mais velha.
A garota direcionou o seu olhar, para o seu irmão mais novo e sorriu levemente, e de mãos dadas, ambos seguiram em direção a casa.
— Como foi o seu primeiro dia de aula? — perguntou a jovem ao mais novo.
— Foi bem! Fiz uma amiga. Acredita que o livro preferido dela é origem das Espécies do Charles Darwin? — Disse Maison.
— Sério? Então por que não a convida para vir aqui em casa? — Perguntou Aria.
— Eu vou fazer isso quando completarmos duas semanas de amizade! — disse Maison.
— Tanto tempo assim para chama-la para vir aqui em casa? — Questionou Aria.
— Sim! Não se pode confiar em quem acabou de conhecer! — disse Maison.
A conversa com o irmão mais novo, perdurou-se por muito tempo. A garota estava feliz de ver que o seu irmãozinho estava se saindo bem. E isso era um alivio para ela, por que sabia que, só assim, aquele garoto não pensaria nas dificuldades que aquela família estava enfrentando.
O jantar dos Patterson seguiu tranquilo, o dia de todos havia sido muito produtivo, Monica e Connor havia conseguido um emprego na cidade, um emprego que pagaria o suficiente para sustentar aquela família e quitar as dívidas.
Diana havia feito o teste para a bolsa estudos, para ingressar na faculdade da cidade.
Após o jantar, Aria estava se preparando para dormir, a mesma estava a cobrir aquele colchão que estava ao chão da sala de estar, ela dormiria na sala pelas próximas semanas, até que o seu pai dedetizasse o seu quarto.
— Desculpa por fazer você dormir na sala novamente! — disse Monica ao recosta-se no batente da porta da sala.
Aria que estava de costas para sua mãe, virou-se de imediatamente e lhe ofereceu um leve sorriso labial.
— Não tem que pedir desculpa mãe, está tudo bem. Eu gosto de dormir perto da lareira! — disse a jovem ao tornar a arrumar os lençóis sobre aquele colchão.
— Como cresceu tão rápido? Parece que foi ontem que dei à luz a você! — disse Monica ao aproximar-se de sua filha.
A garota sorriu levemente no momento em que sua mãe a tocou em seu ombro. Monica abraçou sua filha fortemente enquanto beijava as mechas do seu cabelo solto.
— Eu amo você! Não quero te perder! — disse Monica com um tom de voz triste.
— A senhora não vai me perder! Não entendo por que está dizendo tal coisa! — disse Aria ao retribuir o abraço de sua mãe.
— A sua mãe é uma boba emocionada, não se importe com as minhas palavras. Boa noite filha, durma bem! — disse Monica antes de afasta-se do abraço.
— Boa noite mãe! — disse Aria.
A senhora Patterson saiu da sala de estar e deixou sua filha sozinha. Ao subir as escadas, ao alto dela, Connor a esperava de braços abertos, e ela por sua vez o abraçou.
— O que faremos? — perguntou Monica ao abraçar o seu esposo.
— Vamos lutar por ela. Vamos mantê-la viva, eu prometo que vai ficar tudo bem! — disse Connor ao depositar um selar sob a cabeça de sua amada.