bc

Vidro & Vertigem

book_age18+
45
FOLLOW
1K
READ
forbidden
age gap
boss
heir/heiress
drama
witty
city
cheating
childhood crush
rebirth/reborn
like
intro-logo
Blurb

"Nem todo amor nasce para salvar. Alguns surgem para destruir."

****************

Lara Souza é jovem, pobre, e favelada — mas carrega nos olhos uma força que ninguém nunca conseguiu apagar. Lavando carros nas ruas quentes da Baixada Nova, ela aprendeu cedo que dignidade custa caro e que o mundo não perdoa quem vem do barro.

Até que um dia, o impossível acontece: o Jaguar preto entra na favela. E dentro dele, está Inácio Ferraz, o bilionário mais frio e implacável do país. Um homem que não sorri, não se apega, e carrega o sobrenome Ferraz como uma coroa de gelo.

Quando os dois se encaram pela primeira vez, algo quebra. Algo arde. Ele vê nela o que não consegue comprar. E ela vê nele tudo o que jurou nunca desejar.

Mas o desejo vira arma. O poder se transforma em prisão. E o romance? Esse nunca foi justo.

Filmada, exposta, traída e humilhada diante do país inteiro, Lara será jogada fora como lixo. Mas a favela forja guerreiras. E se o mundo dos ricos pensa que pode enterrá-la, está prestes a descobrir que algumas raízes nascem justamente no esgoto.

Uma história intensa, real, marcada por preconceito, luxúria, reviravoltas e vingança. Porque entre o vidro da elite e a vertigem da queda, só sobrevive quem aprende a voar.

chap-preview
Free preview
Cheiro de Sabão e Gasolina
O sol rachava o chão de cimento da Baixada Nova como se quisesse derreter cada centímetro de dignidade que ainda restava naquele lugar. Lara puxou o boné de aba reta sobre os olhos e ajeitou a mangueira entre os dedos. O sabão escorria pelas mãos, misturado ao suor e à poeira, e fazia arder os pequenos cortes abertos de tanto esfregar latarias alheias. — Larinha, acelera aí! — gritou Joel, o dono do lava-jato improvisado com lona e barris velhos. — Esse aí é patrão. Carro de rico, ó o brilho que tem que tá! Ela respondeu com um gesto rápido e voltou os olhos para o carro preto que acabava de estacionar. Não era qualquer carro. Era um Jaguar XF, modelo novo, pintura reluzente e vidros tão escuros quanto a alma de quem estava dentro. O motorista desceu primeiro — terno preto, óculos escuros, rosto trancado. Mas foi o homem que saiu do banco de trás que paralisou Lara. Alto. Elegante. Feições duras, mandíbula cerrada, barba feita na navalha. O tipo de homem que não olha duas vezes pra alguém como ela. Mas que tinha poder o suficiente pra arrancar respeito sem dizer uma palavra. — Lava direito, que ele é exigente. — murmurou Joel ao passar por ela, tenso como nunca. Ela não respondeu. Só pegou o balde e começou a trabalhar. Manteve os olhos no carro, mas os ouvidos no dono. Ele falava ao telefone, voz firme, impaciente. — Manda o contrato pra minha mesa. Não me interessa se o advogado surtou. Se não assinar até amanhã, a Ferraz rompe o acordo. Ferraz? O nome bateu como um soco no estômago. Grupo Ferraz. A maior rede de importação e distribuição de automóveis do país. Aquilo explicava o carro. Explicava o terno. Explicava a aura de quem nasceu pra mandar e nunca precisou pedir. Lara fingiu não olhar, mas cada palavra que ele soltava grudava nela como o sabão nas calotas cromadas. — Não me faça perder tempo com gente incompetente. — Ele encerrou a ligação com um deslize seco no celular e só então se virou, como se tivesse sentido o olhar dela queimando de curiosidade. Os dois se encararam. Lara tinha o pano na mão. O braço sujo de espuma. O top colado à pele suada. E uma dignidade pendurada por um fio. Ele? Ele era o próprio capitalismo em carne e osso. Com olhos claros e cruéis como gelo caro. — Você. — a voz dele cortou o silêncio. — Tá riscando minha porta. Ela piscou. Parou. Olhou a porta. Nada. — Senhor, não tem risco. É só água secando rápido demais. Ele caminhou devagar até o carro, parando a centímetros dela. O perfume que usava era tão caro quanto invasivo. Uma mistura de sândalo, arrogância e alguma colônia francesa difícil de pronunciar. — Isso é desculpa de amadora. Se quer trabalhar com serviço, aprenda a olhar detalhes. Ou volte pra esfregar chão de bar. Ela não sabia se sentia raiva ou vergonha. Talvez os dois. — Não preciso de lição de moral de homem engravatado que nunca segurou um pano na vida. — rebateu, sem levantar a voz, mas sem abaixar a cabeça. Joel ouviu, arregalou os olhos e correu na direção deles. — Ela é nova, doutor Inácio. Ainda tá pegando o jeito. Desculpa, viu? Inácio. Era ele. Inácio Ferraz. O nome que valia milhões. O CEO que aparecia em capas de revista. O homem que ela viu na televisão há uma semana, sendo homenageado como empresário do ano. E ali estava ele... com as calças da Armani quase tocando a água suja da Baixada Nova. Inácio nem olhou pra Joel. Continuou encarando Lara. Uma tensão estranha surgiu no ar, como uma corda esticada prestes a arrebentar. — Qual seu nome? — perguntou, seco. — Lara. — Quantos anos? — Vinte e dois. — Estuda? — Estudava. Parei no segundo período de Turismo. Não tinha mais como pagar. Ele assentiu como se aquilo fosse previsível. Como se a história dela fosse apenas estatística. — E tá aqui por escolha ou necessidade? Ela mordeu o lábio. O sangue ferveu. Mas respondeu. — Por sobrevivência. Que é diferente de opção. Um leve sorriso torto surgiu nos lábios dele. Mas não era de simpatia. Era de provocação. — Hm. Interessante. E então, sem aviso, ele puxou uma nota de quinhentos reais da carteira e entregou a ela. — Termina de lavar. E da próxima vez, use menos espuma. A beleza tá no acabamento, não no excesso. Lara pegou o dinheiro com a mão molhada. Olhou o valor. Era quase metade do que ganhava em uma semana. — Isso é pra calar minha boca? — sussurrou, olhando de novo pra ele. Inácio deu de ombros. — Chame como quiser. Entrou no carro e, segundos depois, desapareceu, deixando apenas o cheiro caro e a arrogância cravada no chão rachado. Lara ficou ali, parada, olhando o sabão escorrendo pela sarjeta. A nota de quinhentos molhada nas mãos. E a certeza de que alguma coisa dentro dela tinha mudado naquele momento. Não era só raiva. Não era só curiosidade. Era algo mais perigoso. Era vertigem. Naquela noite, o céu ameaçava desabar sobre os barracos da Baixada. Lara andava entre os becos estreitos segurando um saco de pão e dois refrigerantes baratos. O chinelo batia no chão molhado e o cabelo, ainda úmido do banho, grudava na nuca. Ela entrou em casa, uma construção simples de dois cômodos que dividia com a tia e dois primos pequenos. A televisão chiava no volume máximo. A tia cozinhava no fogão de uma boca só. — Demorou, hein — disse a tia sem olhar. — Tava com quem? — Com o patrão. — respondeu, irônica. — O tal Inácio Ferraz apareceu no lava-jato hoje. A tia se virou na mesma hora. — O dono da Ferraz Automóveis? — O próprio. Arrogante até os ossos. — E tu lavou o carro dele? — Lavei. E lavei a cara dele também, com umas verdades. A tia riu, mas logo voltou à panela. — Melhor tu não mexer com esse tipo de gente, Larinha. Rico não olha pra nós com respeito. Só com vontade. E depois joga fora como pano velho. Lara ficou em silêncio. Mas algo dentro dela — talvez o orgulho, talvez o desafio — já sabia que aquele homem ainda ia cruzar o caminho dela de novo. Não porque ela queria. E quando homem rico quer… o mundo dá um jeito de entregar. Na manhã seguinte, Joel apareceu com um sorriso forçado no rosto. — Parabéns, hein, Larinha. Ela franziu a testa. — Parabéns por quê? Ele coçou a nuca. — O homem ligou. Quer que você vá até o prédio da Ferraz amanhã. Disse que é uma “oportunidade”. Lara travou. — Que tipo de oportunidade? — Não sei. Mas parece que você impressionou o tal CEO. Vai, mulher… isso pode mudar tua vida. Ela olhou pro balde, pro sabão, pro pano já encardido. Depois olhou pra própria mão cheia de calos. E lembrou dos olhos dele. Dos quinhentos reais molhados. Do sorriso torto. Aquilo era só o começo.  Mas Lara ainda não sabia... que a queda seria muito maior do que a subida.

editor-pick
Dreame-Editor's pick

bc

Amor Proibido

read
5.3K
bc

Sanguinem

read
4.3K
bc

De natal um vizinho

read
13.9K
bc

Primeira da Classe

read
14.1K
bc

O Lobo Quebrado

read
121.6K
bc

Meu jogador

read
3.3K
bc

Kiera - Em Contraste com o Destino

read
5.8K

Scan code to download app

download_iosApp Store
google icon
Google Play
Facebook