O primeiro dia de Lara como cuidadora da avó de Inácio começou antes mesmo do sol nascer. Ela acordou com a garganta seca, o coração apertado, como se uma mão invisível estivesse agarrada ao seu destino. Havia algo de errado em entrar naquela mansão como funcionária, mas ela já tinha se prometido: nunca mais seria a menina frágil que lavava carros sonhando em desaparecer. Agora, ia ficar. Ia vencer. Ia crescer. E o nome Ferraz ainda iria engolir tudo o que fez com ela. Vestiu o uniforme limpo e discreto que uma das empregadas havia deixado dobrado sobre a cama. Era bege, com gola branca. Simples, mas digno. Olhou-se no espelho — e ali não viu mais a menina humilhada na frente de todos. Viu uma mulher que sabia calar na hora certa, aprender rápido e, se precisasse, fingir que não estava sa

