Capítulo 55 GUEPARDO NARRANDO O corredor que dava acesso ao esconderijo do nosso posto clandestino estava lotado de vapor correndo, gente ferida, gente sangrando, gente segurando arma com a mão tremendo. A porrä da invasão ainda ecoava pelas paredes como se os tiros estivessem grudados no concreto. Mas eu só enxergava uma coisa: Pardal. Ele estava desacordado, carregado por dois vapores, o braço pendendo, a camisa rasgada, o sangue descendo pela costela e escorrendo pelo caminho como gotas marcando onde a guerra tinha nos acertado mais forte. — Abre essa porrä dessa porta logo! — rosnei. A enfermeira, Dona Dorotéia, a velha mais braba do morro, que costurava gente como se estivesse costurando pano, escancarou a porta com o cenho franzido. — Bota ele aqui na mesa! AGORA! — ela grito

