Capítulo 2

1068 Words
Estremeci com as batidas na porta.  Corri para a sala e quando chego vejo o meu marido está com a porta aberta. A cabeça do Edu relutante em tentar ver por trás do armário que é o corpo do Marco. - Cara, eu e ela precisamos conversar. - Choraminga pra ele. - Você não precisa de nada, Eduardo. - Rosnou irritado. O moreno recua. Volto para a cozinha e aviso a minha amiga que Edu está na porta. Seus olhos se arregalam e logo se enchem de lágrimas novamente, acho que essa é a parte difícil.  - Eu estou divorciado, Gabriela! - Ele grita e em seguida a porta é fechada brutalmente pelo meu marido.  - Por que o tio Edu tá 'bavo'? - Pedrinho pergunta ao entrar na cozinha sem ser notado. A minha amiga limpa as lágrimas rapidamente enquanto pego o meu menino no colo. Ele entrelaça suas pernas na minha cintura e brinca no meu cabelo com os seus dedinhos curtos.  - Ele está brincando de esconde-esconde com a tia Gabi. - Minto. Ele não precisa lidar com os problemas amorosos aos quatro anos.  - A tia Gabi 'pedeu'? Por isso 'ta''tisti'?  Viro o pescoço pra ela e vejo o pequeno sorriso brotar nos lábios avermelhados e trêmulos. Não sei ao certo se era um sorriso triste.  - E aí, qual é a desse b****a? - Exclamou. Ele abre os braços indignado.  Nós o repreendemos pelo olhar. Ele transfere o olhar para o Pedrinho e espalma a testa movendo os lábios em um pedido de desculpa.  - Amiga, você viu o que ele disse? Realmente acha que não precisam conversar? Caso de ex que não aceita divórcio tem muito. - E de homem canalha também. - Cuspiu as palavras brava, e logo colocou a mão na boca. Pedrinho - É de adulto né? - Ele questiona. - Posso jogar vídeo game? - Claro filho. - Beijo sua testa antes de colocá-lo no chão e ele corre para a sala. - E se for mais um canalha? - Pisca em cima das lágrimas - Entende que não posso arriscar? Estávamos falando de noivado! Ele jogou um balde d água gelada! - Acho que a Amélia tem razão, Gabi. Deveria saber ao certo o que ocorreu, mesmo que machuque cutucar a ferida. Se eu tivesse ido embora no dia que vi o Henry mexendo no cabelo da Amélia, não estaríamos aqui. E eu estava crente de que eles estavam juntos. Lembrar do Henry me causa certos calafrios de dias de agonia e pânico. Tiro a sua imagem da minha mente rapidamente.  - Ela não perderia o tempo dela em bater na minha porta, gente!  - Se não estiver aceitando o divórcio, sim. - Acrescento dando os ombros. - Nós o conhecemos há anos, não é possível que todo esse tempo ele usou uma máscara. Eu falaria com ele. - Marco aconselha - Porém se não quiser, eu te ajudo a soca-lo também.  - É amiga, são muitos anos. Acho que você merece a verdade e com certeza uma explicação.  - Por que vocês são tão perfeitos? Isso é irritante. _____•••_____ Chego na praça toda enfeitada com balões de gás Helio, lâmpadas presas em cordões ligando uma ponta a outra, de noite aquilo ficaria maravilhoso. Barracas de crepe, algodão doce, pipoca e hot-dog com fila de crianças famintas e elétricas.  Fico feliz e satisfeita com a festa que consegui proporcionar ao meu filho, estou orgulhosa da pessoa que estou me tornando. Sinto mãos segurarem na minha cintura e virar o meu corpo sem força.  - Oi gata. - Marco me dá um selinho e seus lábios repuxam em um sorriso amoroso.  - Oi gatinho. Cadê os meus pais?  - Estão terminando de se trocar. O Pedrinho vai ficar doido com essa festa. - Desvia dos meus olhos e observa a festa infantil. - Sim. Deu certo dos amiguinhos dele conseguirem vir, os pais alugaram uma van. Legal né?  - Muito. - Concorda e recebo outro selinho.  Depois de alguns minutos o Pedro chega eufórico e correndo o máximo que as suas perninhas podem aguentar. Seu queixo cai e forma um "o" perfeito no seu rosto. Os olhos azuis marejados fazem com que eu me emocione. - Gostou, amor? - Pergunto, abaixando na sua altura.  - Mamãe, é minha festa?  - Sua, meu amor!  - Você é muito princesa, mãe. - Beija o meu rosto demoradamente - Te amo!  Ele sai em disparada quando reconhece um dos seus amigos. Levanto e cumprimento meus pais, eles estão maravilhados também de como ficou bonita a festa dele.  Marco tem grande participação nisso, passou dias e noites me ajudando na decoração, contratantes e tudo o que foi necessário para que essa festa fosse realizada.  O procuro em meio aos convidados e o vejo rindo e conversando com a vizinha da minha mãe, uma idosa de setenta e cinco anos que adora falar. Ele da um gole ralo no seu corpo com cerveja e nossos olhos se encontram. Ganho uma piscadinha e me sinto a mulher mais feliz do mundo.  Tenho um filho incrível, um homem maravilhoso, amigos especiais e a melhor família do mundo. Estou realizada.  Do outro lado da rua, sem fazer questão de se esconder Henry está parado com as mãos fechadas e os olhos transparecendo ódio. Sua barba está imensa e o cabelo da também, roupas surradas e se eu não o conhecesse bem diria que era um morador de rua. Meus olhos estreitam para ter certeza do que estou vendo. Realmente é ele. Os meus batimentos cardíacos aceleram e fica difícil respirar. O que ele esta fazendo aqui?  Olho para o Marco novamente e seus olhos estão carregados de dúvida. Volto a olhar para o Henry e sei que Marco faz o mesmo, já que em questão de segundos o vejo atravessando a rua. - Marco. - Sussurro, corro até o meu marido. - Onde você vai, doida? - Gabi chega e segura o meu braço curiosa.  - O Henry! - Falo e indico com a cabeça. Meu coração aperta, estou aflita.  Algo dentro de mim diz que isso não vai acabar bem.  - Pega o Pedro e tira ele daqui, por favor! - Peço e ela corre para o meu filho no mesmo instante. - E aí, otario? - Henry grita e volto a olhá-los.  Meus passos param. Puta m***a. Ele está armado.
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