SUSSURROS

976 Words
O céu de Boston já estava tingido de tons de vinho e laranja quando Patrick guiou o carro até um dos restaurantes mais reservados da cidade — o La Riva, famoso por seu clima intimista, luzes amareladas e menu sofisticado, mas acolhedor. Lana olhava pela janela, o coração acelerado. Havia algo surreal em tudo aquilo — sair com o CEO da empresa onde trabalhava, ser conduzida por ele não como uma funcionária, mas como uma mulher desejada, respeitada… escolhida. — Nervosa? — ele perguntou ao estacionar, sorrindo de leve. Ela soltou um suspiro e riu. — Um pouco. É estranho... no bom sentido. — Também estou. — Ele desligou o motor e virou-se para ela. — Mas estar com você me acalma. Mesmo quando tudo dentro de mim parece um furacão. Lana baixou os olhos, tímida. Havia algo tão sincero em cada gesto dele que derretia qualquer defesa. O restaurante tinha música instrumental baixa, garçons discretos e uma parede inteira de vinhos expostos em prateleiras elegantes. Foram levados a uma mesa perto da janela, onde podiam ver parte da cidade iluminada. Patrick puxou a cadeira para ela antes de sentar, mantendo o cavalheirismo que parecia natural nele. — Esse lugar é lindo — disse Lana, enquanto passava os olhos pelo ambiente. — Quis te trazer onde ninguém nos olhasse como escândalo. Mas como um casal que está se descobrindo — respondeu ele, com os olhos fixos nos dela. A comida chegou com agilidade. Patrick pediu um vinho tinto leve, e Lana, como sempre fazia, preferiu suco de frutas vermelhas. — Tem algo que eu quero te dizer — começou ela, com a voz suave, enquanto mexia na taça. — Pode falar o que quiser — incentivou ele, inclinando-se um pouco mais. — Eu demorei muito tempo pra me aceitar como sou. Meu corpo. Minha origem. Meu lugar. Sempre trabalhei dobrado pra provar que era mais do que o que viam por fora. E… quando você começou a me olhar diferente, eu pensei que fosse só mais um jogo. Mais uma curiosidade passageira. Mas aí você foi lá... e falou com meu pai. Com o conselho. E agora está aqui, sentado comigo, sem esconder. — Ela levantou os olhos e o fitou, emocionada. — Patrick, isso é mais do que um jantar pra mim. Isso é uma ruptura com tudo que eu achava que sabia sobre homens como você. Ele a olhou com ternura. Pegou a mão dela sobre a mesa e a envolveu com a sua. — Lana… eu me vi em você. Me vi tentando fazer tudo certo, me esforçando pra carregar o sobrenome da família, sendo o melhor CEO, o melhor irmão, o exemplo... Mas sem tempo de ser só eu. Sem espaço pra sentir. Até você aparecer com esse seu jeito de mulher firme, inteligente, doce. Você me desarmou. Me encantou. Ela sorriu, e seus olhos brilharam. — Não é cedo demais? — Quando é real, o tempo não pesa. Ele só soma. O silêncio que se seguiu foi leve, cheio de presença e significado. Após o jantar, Patrick pagou a conta discretamente e saíram andando devagar até o carro, sem pressa. O ar estava fresco, com um vento leve bagunçando os cabelos de Lana. — Tem certeza de que quer que eu te leve pra casa? — perguntou ele, abrindo a porta do carro para ela. Ela entrou, rindo com suavidade. — Tenho. Se não, minha mãe vai ligar pra polícia. Patrick gargalhou enquanto dava a volta no carro. No banco do motorista, ligou o som, e uma música suave e romântica começou a tocar — jazz instrumental com saxofone. Durante o trajeto, eles ficaram de mãos dadas por um tempo. Não havia pressa. Não havia medo. Só um novo início sendo escrito. Ao chegar na casa dela, Patrick estacionou devagar. — Quer que eu desça? — Melhor não. — Ela sorriu. — Mas obrigada por hoje. Por tudo. — Lana… — ele disse, inclinando-se um pouco, o olhar fixo no dela. — Eu quero te beijar. Mas só se você quiser também. Ela sentiu o coração martelar no peito. Seus olhos foram dos dele para a boca dele. Aquele homem, poderoso, disciplinado, que poderia ter qualquer uma… estava ali, pedindo permissão para trocá-la. E ela queria. — Quero — sussurrou. Ele se aproximou, com cuidado, e seus lábios se encontraram com delicadeza. Não foi um beijo urgente, foi um beijo cheio de promessas. De respeito. De entrega. Quando se afastaram, ele a encarou com um sorriso calmo. — Durma bem, Lana. — Você também, Patrick. Ela desceu do carro com as pernas trêmulas e entrou em casa com o coração fora do peito. No corredor, encontrou Lena esperando acordada no sofá. — E aí? — a irmã perguntou com um sorriso cúmplice. Lana tocou os lábios, ainda sentindo o gosto do beijo. — Foi só o começo... mas parece que eu já estou em queda livre. Do outro lado da cidade, Patrick chegou em casa e foi direto ao quarto. Parou diante do espelho, afrouxou a gravata e sussurrou para si mesmo: — Agora é com ela. E por ela, eu derrubo o mundo se for preciso. Mas m*l sabia ele que dentro da empresa, nos bastidores, o diretor financeiro — o mesmo aliado de Hamilton — havia recebido uma ligação anônima naquela noite. Uma voz masculina, fria, dizia: > — Temos um problema. Patrick MacAllister está vulnerável. Está apaixonado pela assistente. É o momento perfeito pra quebrá-lo por dentro. Do outro lado da linha, o diretor sorriu com malícia. — Então vamos ver até onde ele aguenta por amor. Se quiser, posso continuar com a sexta etapa do capítulo, trazendo: Os primeiros movimentos sutis de sabotagem interna; Lana começando a notar resistência velada; Henry se mostrando um aliado leal; E Patrick descobrindo que a guerra que achava encerrada… apenas começou.
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