NA SAÍDA DO ESCRITÓRIO DA GERÊNCIA: A VERDADE NA ROSTO DA FAMA
Assim que a porta da sala da gerência se abriu e a deslumbrada saiu de lá com o nariz empinado, ajeitando os cabelos como se ainda tivesse controle da situação, foi surpreendida pela voz firme de uma das clientes grávidas que continuava na loja, observando tudo com indignação:
— Eu já sei quem você é — disse a mulher, com um leve sorriso de quem tinha uma carta na manga. — Você é aquela modelo famosa, né? Sempre pousando em capas de revista. Pois eu só vou te dizer uma coisa…
A deslumbrada parou de andar e virou o rosto com desprezo, mas o que ouviu a seguir a fez empalidecer.
— Eu gravei tudo. E não fui só eu não, viu? Várias pessoas aqui gravaram o seu showzinho. Seu preconceito, seu deboche, sua arrogância. Já joguei no i********:. E sabe o que mais? Está viralizando.
A modelo engoliu seco, o olhar buscando algum canto da loja onde se esconder.
— E eu coloquei na legenda que, se a moça que você ofendeu quiser entrar na justiça, ela tem pelo menos três testemunhas aqui, fora os funcionários. Nós vimos tudo. Nós ouvimos tudo. E não vamos calar.
Lisbeth, que se aproximava discretamente, parou ao lado da cliente grávida, visivelmente constrangida com a situação. Com a voz doce, porém firme, ela disse:
— Moça… por favor… eu agradeço muito, mas eu não pretendo fazer isso, não. Eu já tenho coisas demais na minha vida para ficar me desgastando com brigas, justiça, exposição. Só quero continuar trabalhando e em paz.
A cliente virou-se para Lisbeth e sorriu com ternura:
— Você é tão nobre, mas tão nobre, que ainda tem piedade dessa criatura que te humilhou diante de todos. Não quer ter o desgaste de uma ação judicial contra uma modelo famosa como ela se considera…
E voltou a encarar a deslumbrada com frieza:
— Mas eu vou te dizer, senhorita modelo: quero ver até quando você vai continuar famosa. Porque, pelo jeito, o homem que estava com você hoje… está é obrigado, saturado da sua presença. E vou te dizer mais: eu sei quem ele é.
A deslumbrada arregalou os olhos.
— E o meu esposo também conhece ele. Vou pedir para que ele tenha uma conversa, um conselho de homem para homem. Porque se esse filho for dele, ele que lute pela guarda. Porque você vai ser uma péssima mãe. Já está destilando veneno com a criança ainda no ventre!
Ela apontou para a barriga da outra com firmeza:
— Você trata essa criança como um troféu, um objeto de status, algo para segurar homem. Mas filhos não são algemas. São bênçãos. E bênçãos não podem nascer no meio de tanto ódio.
A loja ficou em silêncio. Clientes e funcionárias olhavam em volta, emocionadas, como se tivessem presenciado algo muito maior do que uma simples briga: haviam presenciado justiça moral.
Lisbeth respirou fundo, fez uma leve reverência com a cabeça e voltou para sua seção. E a modelo? Deixou a loja sem dizer uma palavra… pela primeira vez, calada.
O TOMBAMENTO PÚBLICO DA MODELO FAMOSA
Assim que a deslumbrada saiu do escritório da gerência, ainda tentando manter a postura, ajeitando os cabelos e encarando os demais clientes com o que restava da sua arrogância, uma voz se ergueu do lado direito da loja, vinda de uma gestante elegante, de vestido florido e barriga já avançada.
— Eu já sei quem você é. Você é aquela modelo famosa, né? — disse, com um sorriso frio nos lábios. — Pois fique sabendo que eu gravei tudo. E não fui só eu, viu? Várias pessoas aqui gravaram o seu showzinho.
A mulher congelou, virando-se lentamente para a gestante que continuava, implacável:
— Já está no i********:. E a publicação tá subindo como foguete. Inclusive, coloquei que, se a moça que você humilhou quiser entrar na justiça, ela tem pelo menos três testemunhas aqui. Fora os funcionários da loja.
Lisbeth, envergonhada e visivelmente abalada, tentou intervir com doçura:
— Não, senhora… Eu não pretendo fazer isso, não. Eu já tenho coisas demais na minha vida para ficar me desgastando com ação judicial. Isso só ia me adoecer ainda mais.
Mas a outra gestante rebateu com firmeza, tocando o próprio ventre:
— Você é tão nobre, mas tão nobre, que prefere engolir esse veneno para não se desgastar… Enquanto essa aí, que se acha estrela, destila maldade até com um bebê no ventre. Mas deixa eu te dizer uma coisa, modelo famosa: você pode até ter seguidores, fama e capa de revista, mas respeito? Isso aqui você perdeu hoje.
Ela se aproximou, encarando a mulher de cima a baixo com olhar firme:
— O homem que estava com você hoje… pelo jeito, está saturado. Saturado do teu ego, das tuas cenas. E vou te falar mais: eu sei quem ele é. E vou pedir para o meu esposo conversar com ele. Aconselhar. Porque se esse filho for mesmo dele… que ele entre na justiça e peça a guarda. Porque você vai ser uma péssima mãe.
A modelo tentou abrir a boca, mas a mulher foi mais rápida:
— Já grávida você está envenenando essa criança com sua arrogância. Para você, essa criança é o quê? Um troféu? Um bilhete de loteria premiado?
O ambiente da loja estava em completo silêncio. Só se ouviam os bipes do caixa e o murmurar de indignação contida. Outro cliente, um senhor de meia-idade, se aproximou e cruzou os braços:
— Eu gravei também. Gravei tudo. Se precisar, eu envio.
— Eu também! — disse uma senhora mais velha. — Me dá teu número que eu mando os vídeos. Essa moça, Lisbeth, merece justiça. E você, minha filha, precisa de uma boa lição de vida.
A gestante deu o golpe final:
— Se hoje você é famosa, você veio de baixo. E quem vem de baixo deveria saber como tratar os outros com respeito. Logo se vê que para você chegar onde chegou… deve ter pisado em muita gente, né, querida?
Ela sorriu, com ironia dolorida.
— Mas se teus pais não te ensinaram, pode deixar que a vida vai ensinar. E se o pai dessa criança tiver um mínimo de juízo, ele vai pegar todos esses vídeos e apresentar para o juiz. Porque uma mãe que age como você… não tem estrutura emocional nenhuma. Essa criança aí… é só tua aposentadoria, né?
Apontando para a própria barriga com carinho, ela concluiu:
— Este serzinho que carrego no meu ventre é amado. Amado por mim e pelo meu esposo. E a criança que está no seu… bom, essa criança está sendo usada. E se você não mudar… ela vai crescer sentindo isso.
A modelo famosa estava pálida, empacada no mesmo lugar, com os olhos marejando de raiva e vergonha. Sem resposta, virou-se e saiu da loja sem olhar para trás, engolindo a derrota mais amarga que já tivera.
Na sala da gerência, após a saída da descompensada...
A dona da loja permaneceu em silêncio por alguns segundos. Respirou fundo, virou-se para a gerente e disse em tom firme:
— Chame a Lisbeth aqui, por favor.
Poucos minutos depois, Lisbeth entrou, um pouco tensa, mas com a postura erguida. Seus olhos estavam marejados, mas ela mantinha o autocontrole.
— A senhora mandou me chamar? — perguntou, com educação.
— Mandei sim, Lisbeth. Pode sentar.
Ela obedeceu, ajeitando a barra da blusa discretamente, como se quisesse esconder qualquer tremor que pudesse denunciar seu desconforto.
— Eu quero que você saiba que estou do seu lado — começou a dona, olhando nos olhos da jovem. — O que aconteceu aqui hoje foi um verdadeiro absurdo. Você foi humilhada sem motivo, exposta na frente de clientes, e tudo isso por alguém que nitidamente tem problemas emocionais sérios. Eu vi as imagens das câmeras e ouvi os relatos. Então, eu quero lhe oferecer o advogado da loja, para que você entre com uma ação judicial. Essa mulher precisa aprender que o dinheiro não compra caráter. Ela não pode sair por aí ofendendo e rebaixando os outros como se fossem descartáveis.
Lisbeth respirou fundo, com os olhos ainda mais cheios. Mas balançou a cabeça negativamente.
— Eu agradeço muito, senhora, de coração. Eu não tenho nem palavras para dizer o quanto é importante saber que eu não estou sozinha. Mas eu não vou entrar com processo nenhum.
— Tem certeza? Ela foi longe demais. Te chamou de tudo, distorceu a sua imagem, quis te humilhar pelo seu corpo... Você não merece isso.
— Eu sei. — Lisbeth sorriu com amargura, depois desviou os olhos e voltou a encará-la com suavidade. — Mas... essa mulher está grávida. Por mais desequilibrada que seja, dentro dela tem uma vida. E eu não quero ser responsável por mais estresse para esse bebê. Não é pela mãe, é pela criança. Uma criança que, infelizmente, está sendo gestada por uma mulher que parece ver nela um objeto, uma moeda, um passaporte social. E não uma dádiva.
A dona da loja se emocionou.
— Você tem um coração muito nobre, Lisbeth.
— Eu só... sei o quanto dói ser tratada como invisível, como inferior. E eu jamais quero revidar com a mesma moeda. Eu prefiro continuar fazendo meu trabalho com dignidade. Ela que se resolva com a própria consciência. E, se não tiver uma... a vida vai se encarregar de ensinar.
A empresária assentiu, respeitosa e emocionada.
— Você tem mais valor do que imagina. E eu vou fazer questão de dizer isso para todos os meus clientes. Continue sendo essa mulher forte, ética, e leal aos seus princípios. E saiba: você tem futuro brilhante. E, se depender de mim, vai ter cada vez mais oportunidades.
Lisbeth abaixou os olhos por um instante, apenas para conter as lágrimas que agora insistiam em rolar.
— Obrigada, senhora... de verdade.
A empresária se levantou e foi até ela, estendendo a mão com firmeza.
— Obrigada a você. Pela força. Pela coragem. Pela humanidade.
Lisbeth, do outro lado, segurava as lágrimas e recebia os abraços e olhares solidários que jamais esperava naquela manhã.