›◞ NOVE

4937 Words
— Aigoo, cuidado Goo. A voz naturalmente tranquila do azulado soou, um tanto repreensiva, segurando o braço do amigo antes que ele atravessasse de vez a pista sem sequer olhar para os lados. E quase que automaticamente o moreno pareceu despertar, erguendo o olhar no celular em suas mãos e piscando poucas vezes antes de se voltar ao mais velho. — Aish, desculpe hyung. – murmurou baixinho, um tanto sem jeito, enquanto ao mesmo tempo bloqueava a tela do aparelho, guardando-o na mochila que carregava nas costas. — Tudo bem… Só quero que preste mais atenção. Prometi pro tio JaeMin que te traria inteiro pra casa, planejo cumprir isso. Ou então "Era uma vez Min Yoongi". – o  azulado balançou a cabeça, lembrando dos avisos do mais velho e acabando por arrancar um riso baixo do amigo mais novo. — Mas afinal, o que de tão interessante tinha nesse celular que tirou toda sua atenção? — O "tio JaeMin". – respondeu, a expressão suave enquanto dava de ombros, agora realmente olhando os dois lados antes de atravessar a rua. — Pediu que eu avisasse assim que chegássemos lá, me lembrou de não falar com estranhos e pediu, de novo, que tivéssemos cuidado no caminho. — Por que não estou surpreso? O Min riu baixo, antes que enfim descerem os degraus que levavam diretamente à estação de metrô. O lugar em si estava pouco movimentado, assim como as ruas, diferente do habitual com a correria de estudantes e pessoas que trabalhavam ou precisavam resolver suas coisas. E isso muito provavelmente se devia ao fato de que estavam em pleno feriado, e quem não estava viajando, como eles, certamente estava aproveitando o dia de descanso junto da família. Jeongguk não podia negar que ficara surpreso ao receber aquele convite, ao mesmo tempo em que agradecia internamente porque havia vindo em ótima hora. O problema mesmo foi tentar convencer os pais do moreno a deixarem ele ir. Não era como se nunca tivessem saído juntos, mas agora eles não estavam indo acampar próximo do rio Han ou explorar o Bukhansan National Park, que ficavam tão pertinho de casa. Agora estavam indo a outra cidade, e mesmo que Wonju não ficasse nem a duas horas de metrô, é claro que os pais do moreno, em especial o ômega, ficavam com um pé atrás, super protetores como eram. Mas com jeitinho e uma lábia de dar inveja em qualquer um, Yoongi havia conseguido. Era uma vantagem que os senhores Jeon gostassem e confiassem tanto em si, então definitivamente o azulado não estava reclamando. — Está bem mais vazio do que eu imaginava… – o Jeon comentou, enquanto caminhavam pela estação. Haviam acabado de comprar os bilhetes e agora seguiam pelo terminal, a fim de esperar o metrô, que seguindo horário, deveria estar bem próximo de chegar – talvez uns quinze minutos, no máximo –. O moreno aproveitou aquele tempo extra que teriam para checar suas coisas e ver se não havia esquecido nada em casa. Felizmente quando abriu a mochila de cara viu sua câmera logo em cima, junto da barra de ferro que sempre carregava pra cima e para baixo. — Não acredito que trouxe mesmo isso com você. – ouviu a voz do azulado, seguida de um riso baixo. — Claro que sim, hyung. – respondeu, com um pequeno biquinho nos lábios, o olhar ainda muito muito concentrado no que fazia. — Até parece que eu ia vir sem ela. — Caramba… — Ah, também não pra tanto, Yoon. Eu só vou usar se necessário. — franziu o cenho, finalmente acabando de conferir tudo, ainda retirando de dentro a câmera de cor escura antes de fechar de vez a mochila. — Eu n- — Não, não é isso. – interrompeu. — Olha quem vem ali. Estranhando, o Jeon rapidamente ergueu o olhar enquanto pendurava a câmera ao redor do pescoço, olhando na direção agora indicada pelo amigo. E por um momento teve de prender a respiração, mesmo que nem ao certo soubesse o porquê. Por mais que estivesse acompanhado pelo amigo de cabelos chamativos, seu olhar não se demorou mais que um segundo nele, antes que o mesmo repousasse no mais alto ao lado e ali se firmasse. O Kim estava simples; uma camiseta branca sem estampa e outra xadrez vermelha por cima, esta por sua vez aberta, além dos jeans claros, os all star surrados e sorriso ladino que sustentava no rosto bem desenhado enquanto conversava distraidamente com o Jung. Não tinha nada de extravagante ou chamativo, e justamente por isso Jeongguk não entendia porque simplesmente não conseguia desviar o olhar, ou porque de repente parecia que havia quebrado e não sabia mais como respirar. Era completamente inquietante e frustrante. E só conseguiu, de fato, desviar o olhar quando o mesmo se cruzou com o do alfa, felizmente tendo tirado força nem sabia ao certo de onde pra quebrar aquele contato visual, tentando focar ao máximo na tarefa de colocar a mochila de volta nas costas enquanto também acalmava os seus batimentos. Felizmente usava sua máscara característica, pois pelo tanto que sentia as pontas das orelhas arderem, tinha certeza de que estava com o rosto enrubescido por ter sido pego no flagra daquele jeito. — O-o que eles estão fazendo aqui? A voz baixinha e visivelmente afetada indagou assim que teve a chance, chegando a falhar um pouco, o que fez o moreno se martirizar um pouco. Ainda assim, antes que o mais velho sequer tivesse a chance de responder, os dois rapazes já estariam se aproximando. — Hey, que surpresa. – o ruivo foi o primeiro a cumprimentar, com um sorriso espontâneo no rosto. — Eu quem o diga. Muito boa, diga-se de passagem. – o azulado respondeu, trocando um sorriso com o ruivo. O Kim somente arqueou uma sobrancelha diante da interação, quase sem acreditar. Afinal, de onde havia vindo toda aquela i********e? Sabia que os havia apresentado, mas não lembrava daquilo. — Parece que tivemos a mesma ideia pra hoje, uh? – enfim se pronunciou, completando, assim que viu as mochilas com os outros dois, curiosidade e surpresa de repente brilhando nos olhos castanhos que logo estavam repousando no menor dos quatro. — Oi. A voz do alfa saíra praticamente num sussurro ao cumprimenta-lo, mas foi o suficiente para que Jeongguk ouvisse e timidamente o cumprimentasse de volta, com um aceno sutil e um “oi” baixo, embora compreensível. — Nhaa, parece mesmo. – Min continuou, aparentemente alheio à interação dos dois, um sorriso discreto ainda adornando a face pequena. — Tiramos o dia para visitar Wonju, queríamos ver as montanhas… E eu quero muito atravessar a Rocking bridge¹. Por mais que a animação do azulado fosse quase palpável, ainda assim não foi o que de fato chamou a atenção do Kim, que não conseguiu esconder a surpresa. — Também estão indo a Wonju? — Mas vejam só, nós também! – foi a vez do ruivo novamente se pronunciar, parecendo ainda mais animado. E antes que Taehyung pudesse dizer mais alguma coisa, completou: — Ok, está mais do que na cara que não podemos desperdiçar essa oportunidade. Por que não vamos todos juntos? Isso soa ainda mais empolgante. Não foi necessário nem meio segundo para que Yoongi concordasse, em meio a um riso diante da animação do ruivo. Franzindo o cenho então, o Kim revezou o olhar entre os dois rapazes tão cheios de i********e e sorrisos, não podendo achar aquilo tudo mais estranho do que já estava achando, mas também acabou afirmando quando os olhares repousaram em si. Relaxou um os ombros, suavizando a expressão. — Acho que é uma boa ideia… se todo mundo concordar, claro. – respondeu, num tom calmo, enquanto o olhar discretamente se seguia ao mais novo ali presente. Até então em silêncio, Jeongguk não evitou encolher um pouco os ombros ao ter toda aquela atenção em si, com aqueles três pares de olhos tão cheios de expectativas que o fizeram prontamente desviar o seu próprio. O moreno não era exatamente uma pessoa sociável e extrovertida. Antes de tudo, na verdade, ele era um garoto tímido, por mais que em grande parte do tempo aquela nuance sua ficasse escondida sob a grossa camada de sua personalidade forte e temperamento um tanto instável. Yoongi era provavelmente a única pessoa, além de seus pais, que enxergava através daquilo e via e tinha acesso ao garotinho carinhoso e sensível que ainda habitava dentro do Jeon… Ao menos até então. De toda forma, por mais que tivesse posicionamentos firmes e suas próprias questões, não se sentia desconfortável com a presença dos dois garotos e de repente aquilo não parecia uma ideia tão r**m. — Acho… Que por mim tudo bem. Mal acabou de falar e os sons de aprovação por parte dos dois mais velhos logo inundaram o local, sendo abraçado prontamente pelo azulado, o que lhe arrancou um riso baixo e um sorriso sutil, este escondido pela máscara escura. Mas não passou despercebido por Taehyung, que teve o vislumbre dos olhos naturalmente grandes – que mais pareciam duas jabuticabas – se tornando mais apertadinhos conforme o menor era abraçado, não evitando sorrir junto, ainda que mais discreto. — Nesse caso, está decidido. – o Min falou com convicção. — E bem a tempo. Indicou a direção oposta, de onde o metrô já se aproximava, quase que numa cena orquestrada por uma força superior. Com um murmúrio de concordância, os rapazes voltaram logo sua atenção ao mesmo, seguindo sem pressa para dentro do vagão quando as portas foram abertas. Mais a frente o alfa e o beta de cabelos chamativos já se encontravam engajados numa conversa animada sobre algo que nem Jeongguk e nem Taehyung sabiam o que era, mas fato foi que ambos estranharam, mesmo que não tenham dito nada. Deixando escapar suspiros quase sincronizados, ambos os rapazes trocaram um olhar, desviando prontamente assim que notaram o que haviam feito, cada qual um tanto sem jeito pelo flagra em que foi pego pelo outro. Talvez só não entendessem ainda o motivo dos corações baterem como se tivesse acabado de correr uma maratona.                               [Delicate] Não importa o quão bonito Jeongguk esperava que fosse aquele lugar, certamente nunca chegaria nem perto da real beleza do mesmo. Nunca havia estado em Wonju até então, e tudo que havia visto a respeito da cidade cheia de pontos turísticos e que misturava civilização e natureza – o que resultava em paisagens de tirar o fôlego –, haviam sido através de fotos e suas pesquisas mais recentes, quando Yoongi sugeriu o local. De cara havia ficado animado, claro, afinal dentro dos seus poucos hobbies, fotografar – paisagens em especial – era o seu favorito. Logo o Min não precisou nem de meio segundo para convencê-lo que aquele seria o destino dos dois. E felizmente ele havia acertado em cheio. Parceria mais um cenário de algum dorama ou algo do tipo. As construções eram simples e tradicionais, mas muito bonitas, e completamente cercadas pelo natural, com a bela vista do rios que havia ali perto, das copas de diversas árvores e das montanhas à disposição, as quais se tinha acesso através de escadarias largas feitas em madeira, e justamente onde os quatro se encontravam naquele momento. — Ah, estamos quase lá! A voz naturalmente alta e enérgica do ruivo lhe despertou dos seus devaneios e fez com que desviasse a atenção para o mesmo, piscando algumas poucas vezes. O moreno calmamente vagueou o olhar pelo lugar, não demorando muito a encontrar o Jung que naquele momento observava a ponte já visível, apenas mais um lance de degraus de distância. — Ok, quando eu disse que queria ver as montanhas e atravessar essa ponte, eu não pensei que fosse ser tão cansativo assim… E a gente nem chegou lá! – o azulado protestou, num murmúrio, por um momento tendo parado de caminhar e se sentando de vez num dos degraus, meio largado. — Você é muito sedentário, hyung. – Jeongguk negou, com o jeito do amigo com o qual já estava acostumado. — A gente fez uma pausa ainda antes de entrar, na área de descanso. — É mesmo. Nem andamos tanto assim. – Hoseok estalou a língua no céu boca, embora um sorriso brincasse nos lábios em formato de coração, logo dando lugar a um riso ao ouvir o resmungo do mais baixo. — Mas podemos fazer uma outra pequena pausa… Olha, vai te ajudar a ganhar energia. O ruivo retirou a mochila das costas, abrindo a mesma enquanto se abaixava ao lado do azulado assim que descia uns poucos degraus até entrar onde onde ele estava, logo estando a estendê-lo uma pequena vasilha fechada. E o Min, que antes até os olhos fechados mantinha e o braço apoiado sobre a testa, os abriu calmamente, focando no mais alto, por um momento fazendo um biquinho, antes de ajeitar a postura e pegar o que era oferecido, agradecendo baixo enquanto abria o recipiente com curiosidade. — Bungeoppang? Os olhinhos do mais velho praticamente brilharam quando deram de cara as massas em formato de peixe agora sem a tampa cobrindo-as. E Jeongguk sabia bem como aqueles eram os favoritos do amigo. Coincidência ou não, Hoseok havia acertado em cheio. — Ye. – o ruivo anuiu com a cabeça ao soltar o murmúrio de afirmação, o sorriso aumentando um pouco mais. — Eu quem fiz. Vai gostar. — Eh? Você parece bem seguro, mesmo que alfas num geral não sejam os mais talentosos na cozinha. – provocou com um tom divertido e um sorriso ladino, enquanto pegava um dos pãezinhos. — Não me decepcione. — Não vou. – rebateu, sorrindo de forma mínima o observando de volta, embora não houvesse sustentado do olhar por tempo demais, voltando-se ao moreno, que até então observa. — Quer um também, Jeongguk-ssi? Surpreso, afinal não esperava, o Jeon a princípio abriu um pouco a boca de forma sutil, antes de fechá-la, negando calmamente à pergunta alheia. — Não, eu to bem… Obrigado. — Tudo bem então. – sorriu de forma sutil. — E você, Tae? A pergunta fez os três automaticamente olharem para os lados à procura do Kim, que só agora haviam notado que não estava perto deles como imaginavam. Mas não demorou muito até que o avistassem admirando a paisagem próximo a uma das barras laterais de segurança, pelo menos uns dois lances da escadaria abaixo de onde o restante do grupo estava, tão distraído que provavelmente nem havia se tocado que era observado, muito menos que já estavam bem a frente dele. — Eu… vou lá perguntar a ele, e chamá-lo. – o moreno disse, assim que viu o ruivo abrir a boca, provavelmente prevendo que ele gritaria pelo Kim. E em resposta recebeu um aceno positivo não só dele, mas de Yoongi também. Afirmou calmamente, antes de girar nos calcanhares e tornando a descer os degraus que levavam até o rapaz alto e de cabelos exóticos que ultimamente vinha tomando seus pensamentos mais do que seria considerado normal. E ainda por cima de uma forma nada convencional. Não era como quando se conheceram e tudo que queria era dar uma surra nele e colocá-lo no devido lugar. Na verdade, essa parecia uma realidade muito distante e a ideia de machucá-lo ou brigar com ele parecia estúpida. Se o seu 'eu' de algumas semanas atrás o visse hoje, provavelmente gritaria consigo e perguntaria o que diabos estava acontecendo consigo. Mas como poderia explicar algo que não sabia? Suspirou, parando por um momento, e olhando os pés cobertos pelos all star branco enquanto bagunçava os próprios cabelos, que logo retornaram ao devido lugar assim que novamente ergueu a cabeça, focando no rapaz ainda distraído e agora há uma curta distância de si. Só então Jeongguk notou que ele usava fones de ouvido – o que certamente era o motivo para estar tão distraído e sequer ter ouvido seus passos até ali – e ainda observava a paisagem bonita, com um olhar afiado, postura relaxada e parecendo estar tão em paz naquele momento que era invejável e quase um crime interromper. Provavelmente nunca admitiria em voz alta, mas nem saberia o certo dizer quanto tempo se perdeu naquela imagem que achara tão bonita e magnética e ponto de fazê-lo esquecer como respirava mais uma vez naquele dia. Retomou o ar após um momento, assim que abaixou um pouco a máscara, respirando fundo. E talvez tenha sido uma péssima ideia, porque estava perto o bastante para sentir o cheiro forte de canela lhe invadir, e aquilo o deixou meio entorpecido por uns dois ou três segundos segundos, antes que sacudisse a cabeça de um lado a outro, tentando ignorar aquilo. E ainda assim, mesmo que sua mente gritasse que estava sendo esquisito e que deveria parar, não conseguiu se impedir. Ao invés disso, quando deu por si, estava novamente observando-o, e não muito depois, capturando o momento com a câmera que ainda mantinha pendurada no pescoço. Não saberia explicar o porquê de estar fazendo aquilo, e, assim como sobre muitas outras coisas que o inquietavam ultimamente, também não tentaria encontrar uma explicação. Porém, nunca quis tanto ter uma na ponta da língua, quanto quando foi pego no flagra. Automaticamente sentiu cada fibra do seu ser congelar, embora ironicamente seu coração tivesse disparado no mesmo instante, a ponto de senti-lo martelando contra suas costelas. Taehyung, ainda surpreso, piscou algumas vezes, processando o que havia acabado de ver enquanto o moreno a sua frente rapidamente abaixava a câmera, o olhando por um segundos, estático, antes de desviar o olhar, parecendo de decidir entre dizer algo ou lhe dar costas e subir os degraus novamente. Estava distraído, fato. Havia sentido a presença ômega antes, mas o que realmente o tinha feito desviar o olhar fora quando o cheiro dele se tornou um pouco mais forte que o normal. Não como durante o cio, claro, era mais como se ele tivesse agitado um pouco. Ainda assim, não deixava de ser agradável. De toda forma, a última coisa que esperava quando voltou seu olhar ao ômega, era encontrar aquilo. E céus, era fofo. Ainda mais quando o Kim notou as pontas das orelhas dele num tom avermelhado bem como suas bochechas, o que era simplesmente adorável. Sabia que o mais baixo estava sem jeito, e talvez tenha sido o principal motivo para que não risse, como queria. Ao invés disso, apenas pausou a música que ouvia, à medida que se aproximava de onde ele estava, parando a uma curta distância dele, dentro dos limites do confortável, sem invadir seu espaço pessoal. — Desculpe… Eu acabei me distraindo. Esse lugar é muito bonito. – comentou, num tom calmo e tranquilo. — Te mandaram na missão de trazer o cordeiro perdido, é? — Na verdade… Eu meio que me ofereci. – respondeu baixo, finalmente tomando coragem de erguer o olhar. E por mais que agora fosse mais fácil olhá-lo nos olhos, já que estava uns três degraus mais alto e praticamente da altura do outro, simplesmente não conseguia. — O Yoon fez uma pausa e o Hoseok hyung estava oferecendo os doces que fez… Eles tão flertando descaradamente, na nossa cara, eu não sei como reagir. — Ah, Deus… Eles estão mesmo, não é? Eu achei que estivesse ficando louco. – o Kim não evitou o riso que lhe escapou, em parte de nervoso, diante daquele fato. Nem o próprio Jeon conseguiu se conter, rindo baixo pela primeira vez, enquanto fechava os olhos e negava, uma mão logo se colocando à frente da própria boca. Taehyung ainda não estava habituado a ter o vislumbre total do rosto do moreno, e provavelmente demoraria um pouco até que conseguisse observá-lo sem parecer um pateta, como tinha certeza que parecia naquele momento. Ainda mais rindo daquela forma, como nunca antes tinha visto. Lembrava um coelho por conta dos dentes grandes. E mesmo que tivesse tido a chance de o observar por apenas alguns míseros instantes antes que colocasse a mão na frente, ainda tinha certeza, sem hesitar, de que aquele sorriso era a coisa mais bonita que já tinha visto em sua vida, até então. — Se for esse o caso, então nós dois estamos. – respondeu, despertando o Kim dos próprios devaneios. — O Hoseok hyung… Ele é uma boa pessoa, não é? Finalmente o moreno abriu os olhos, embora ainda estivessem um pouco apertadinhos pelo riso recente, ao passo que Taehyung desviou o olhar para qualquer ponto, não querendo ser pego no flagra. Ainda assim, a pergunta o pegou de surpresa, o fazendo focar nele mais uma vez. — Eh? – piscou algumas vezes, antes de balançar a cabeça. — Eu… Quer dizer, é. Ele é sim, claro. É uma das melhores pessoas que eu conheço, e não digo isso só porque ele é o meu melhor amigo… 'Tá preocupado com o Yoongi? Arriscou no palpite, mas a confirmação veio em seguida, por parte de um Jeongguk que parecia meio contrariado, ainda que afirmasse. — O Yoon é o meu melhor amigo, e eu não quero que ele se machuque. Eu já vi rolar, e geralmente alfas não procuram betas pra algo sério, então… Taehyung sabia disso. Não concordava, e sabia que o mais baixo também não. Era e******o, arcaico e desrespeitoso, mas também era o mundo em que viviam e nem todos pensavam como eles. — Hmmm… Eu entendo a sua preocupação, mas o Hobi realmente não é assim. Você vai notar com a convivência. – garantiu, enquanto voltava o olhar aos dois rapazes conversando e rindo distraidamente mais acima. — Quando apresentei os dois, eu notei o tombo do Hoseok, ele não é lá muito discreto, mas eu me fiz de doido… Só não sabia que era recíproco. E sinceramente, acho que daria muito certo, mas isso só cabe a eles. Como melhores amigos dos dois, só podemos apoiar no que precisarem… Concluiu, e mesmo que o Jeon ainda parecesse um pouco pensativo sobre as suas palavras, o viu afirmar e relaxar um pouco os ombros. — Tudo bem, acho que tem razão… vou confiar no que está dizendo. – respondeu baixinho, voltando-se ao mais alto, conforme falava, logo fazendo um meneio de cabeça na direção dos outros. — Vamos? Ainda têm uma ponte para atravessarem. Taehyung afirmou calmamente, antes de passar a acompanhá-lo mas no fundo ainda processava as palavras dele, um pouco bobo. Definitivamente bobo. Porque aquilo o deixou feliz de um jeito que não conseguia explicar. Jeongguk havia aceitado sua palavra e realmente parecia mais tranquilo. Era o tipo de coisa que fazia seu coração dançar dentro do peito. Não sincronizado e calmo como num balé, mas louco e desajeitado, como num show de rock. E justamente por isso tratou de acalmá-lo, não querendo que mais ninguém além de si mesmo notasse aquilo. Felizmente Jeongguk parecia alheio, e os outros dois tão imersos um no outro e animados com o restante do passeio que sequer pareciam notar. — Wow… É realmente alta. – o Min foi o primeiro a relatar o que se passou na mente de todos ali, por mais óbvio que fosse. Mas não parecia nenhum pouco intimidado também, pelo contrário. Assim que todos haviam se reunido novamente, hidratados e agora bem mais dispostos após a curta pausa e lanche – que o Kim também aceitou de bom grado – os quatro continuaram seu caminho rumo ao objetivo inicial, coisa que não demorou nem cinco minutos, considerando que já haviam andado bastante. Agora ali estavam eles, em frente a ponte extensa e suspensa há uns bons metros do chão – o suficiente para causar vertigem em algumas pessoas – e cheios de expectativas enquanto contemplavam a vista magnífica. — Mas e aí, o que estamos esperando? Vamos lá! – o ruivo foi o primeiro a quebrar o silêncio contemplativo dos que estavam ali, incentivando-os com a sua animação palpável e contagiante. E conseguiu, já que após o incentivo tanto Yoongi quanto Taehyung pareciam contagiados, soltando exclamações em concordância. O primeiro sem perder tempo agarrou o braço do Jung, liderando o caminho, e Taehyung já estava prestes a fazer o mesmo quando notou que Jeongguk não os acompanhava. Olhando para trás, deu meia volta e se aproximou do moreno que parecia distraído enquanto observava a foto recém tirada. Taehyung não precisou de muito esforço para conseguir ver a mesma assim que parou ao lado do mais baixo, já que ele estava de cabeça enquanto parecia analisar a fotografia. — Nossa, ficou muito bom, você é talentoso… – o comentário saiu antes que se desse conta, surpreso, mas de toda forma era sincero, ganhando um olhar surpreso do mais novo. Sorriu. — Você não vem com a gente? — O-oh… Eu… Obrigado. – limpou a garganta, desviando o olhar, antes de negar quando novamente focou na ponte. — E… Não, não, eu to bem. Eu só vim acompanhar vocês até aqui porque sabia que o hyung queria muito atravessar. Mas encontro vocês lá embaixo, pode ir. Indicou, enfim olhando o mais alto novamente. O Kim estava um pouco sério e parecia pensativo diante da afirmação Jeon, ponderando por alguns instantes antes de continuar: — Você… Está com medo de atravessar? — … O-o quê? Medo? Eu? Não seja ridículo. Por mais que a resposta tivesse sido rápida, tivesse tentado parecer firme e seu rosto estivesse sério, as bochechas rubras e bem visíveis o entregavam. Taehyung teve o vislumbre do rapaz que conheceu bem naquele momento, mas agora tinha plena noção de que ele não era apenas aquela atitude. E se um dia já temeu ou achou maluco, agora só conseguia conter o sorriso e negar, diante da cena. — Tudo bem, eu posso fingir que acredito… – continuou, cruzando os braços e olhando analítico. — Mas é estranho imaginar que justo você tem medo da altura… Quis me enfrentar, e olha o meu tamanho em relação ao seu. — V-você não é tão alto assim. – chiou diante da provocação, com um resmungo. — E eu já disse que não estou com medo! Dessa vez o Kim riu, com gosto, erguendo as mãos como quem se rendia. — Ok, ok… Nesse caso vamos lá, Mr. Coragem. É só uma pontezinha. Te deixo segurar minha mão. — Eu… Arg! O resmungo audível foi seguido de uma careta, antes do mais novo soprar a franja que, um tanto grandinha, caía sobre os olhos e logo passava pelo mais alto, pisando duro no chão. Respirou fundo ao parar em frente a ponte, engolindo em seco, como quem tomava coragem. É só não olhar pra baixo. Repetiu aquilo em sua mente umas três vezes, buscando se convencer – inutilmente, aliás – antes de dar o primeiro passo. Mas ele também foi suficiente para que logo se agarrasse a uma das barras de apoio laterais, fechando os olhos com força. — D-d***a… Que saco. – resmungou consigo mesmo, contendo o choramingo, enquanto ouvia as passadas do outro ao seu lado. — Ei, calma… Olha, não tem problema ter medo. Não fica assim… — Eu juro por Deus que vou te bater. – murmurou ao finalmente abrir os olhos e dar de cara com o rosto alheio e aquele sorrisinho, que diferente dos outros não parecia ser zombeteiro. Desviou o olhar novamente, suspirando antes de dar mais duas passadas inseguras, ainda agarrado a barra de p******o. — C-caramba, por que isso tem que tremer tanto? — Olha, não querendo ser óbvio, mas é por isso que se chama "ponte trêmula". – comentou, mas logo riu um pouco ao notar o olhar dele. — Desculpe… certeza que não quer voltar? Eu te acompanho. — N-não precisa. – a resposta veio rápida, antes que ele negasse sutilmente e em seguida suspirasse. Ponderou por um momento e, sem jeito, em seguida continuou: — Eu… Não gosto que duvidem de mim. E não sou uma criancinha medrosa… Quero ir até o final. E agora vou continuar, ok? Era evidente que sentia medo, mas nem por isso queria dar o braço a torcer. Jeongguk não gostava de sentir medo, porque o fazia se sentir impotente e pequeno. Preferia mil vezes ser corajoso, e não apenas para manter a pose de durão, mas porque daquela forma conseguia se sentir tão inabalável como no fundo gostava de acreditar que era. Talvez Taehyung tenha notado isso… Ou talvez só quisesse ajudar o rapaz a concluir aquele desejo súbito, que de certa forma surgiu por sua culpa. Fosse como fosse, ele apenas afirmou calmamente, e sem dizer mais nada acabou estendendo a mão ao moreno, que num primeiro momento se surpreendeu. Mas antes que olhasse em seus olhos, o Kim desviou o olhar, mantendo o braço estendido da mesma forma enquanto a outra mão se mantinha dentro do bolso do jeans azul escuro. De cara, o rapaz mais baixo não soube interpretar aquilo, muito menos como reagir, afinal não esperava. E por mais que quisesse novamente esbravejar, lhe dar um t**a, ou ser tão bruto quanto costumava ser, a primeira coisa que fez assim que se soltou da barra de p******o e deu um passo na direção do mais alto, foi agarrar seu braço. Se perguntassem, diria que apenas perdeu o equilíbrio e só o usou como apoio. Diria que não gostou do contato com o braço forte ou a proximidade com o corpo que parecia irradiar calor e, d***a, cheirava tão bem. Se perguntassem. Mas ali, agora, se manteria em silêncio, tal qual o mais alto, e aproveitaria tudo aquilo que jurava de pé junto não sentir. Inclusive o sentimento de segurança que lhe apossou assim que se pôs ao seu lado.
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