A Forma De Nala

993 Words
**Fenrir** Irrompo pela porta como um louco e vejo Zara contorcendo-se na minha cama. Aproximo-me rapidamente dela e, com cuidado, coloco a minha mão no seu peito, começando a transferir parte da minha energia para ela. Zara acalma-se por alguns segundos, mas logo volta a gritar de dor. — Não está funcionando — digo, aflito, passando a mão pelos meus cabelos, cada grito de dor de Zara era como uma faca cravada em meu coração. — Afaste-se, alfa — diz o conselheiro Isacar, me puxando para o lado. Vejo-o caminhar até Zara e, com cuidado, tocar no rosto dela. Mas, diferente de quando eu a tocava, ela não sentiu dor ao toque dele. Quando Isacar vira o rosto de Zara, arquejo ao ver os seus olhos. Estavam tão dourados quanto os de Isacar, o que agita o meu peito e confunde a minha mente. Algo não estava certo em tudo aquilo. — Ela já está no final da transformação, mas ainda vai demorar horas até terminar — diz ele, soltando o rosto dela e levantando-se. — Posso acelerar o processo, se permitir, alfa Fenrir. Olho para Isacar, mas não encontro malícia nos seus olhos. Ele queria realmente ajudar, e eu já não suportava ouvir os gritos de Zara nem vê-la sofrendo como estava. — Como? — pergunto. — Sou conhecido por ser um lobo especial, alfa Fenrir — diz ele, com calma como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Especial? - pergunto em dúvida. Sempre soube que havia no nosso meio alguns lobos com dons extraordinários, mas conhecer um era bem diferente de apenas saber da sua existência. — Sim, tenho muitas habilidades, e o meu sangue pode fornecer a energia que ela precisa para adiantar a transformação — responde ele. Suspiro, frustrado; não me agradava a ideia de Zara tomar o sangue de outro lobo, mas também não queria vê-la sofrer. — Apenas faça — digo, suspirando, derrotado. — Tem a certeza, alfa? E se houver algum efeito colateral? — pergunta Ethan que estava tão aflito quanto eu. — Não haverá, isso eu garanto — diz Isacar, aguardando a minha confirmação. — Pode fazer. — Ele assente e vira-se para Zara. Isacar morde o pulso e aproxima-o dos lábios de Zara. Ela estava tão fraca que nem conseguia sugar o sangue que escorria. Isacar retira o pulso da boca dela e faz um corte maior, abrindo a boca de Zara para deixar o sangue derramar-se pela garganta dela. — Vamos, pequena Luna, beba — diz ele. Alguns segundos depois, sinto uma energia diferente tomar conta do quarto. Isacar afasta-se da cama e posiciona-se ao meu lado. Levando o pulso aos lábios, ele lambe a ferida, que cicatriza. Uma onda de energia invade o quarto, e o corpo de Zara brilha intensamente sobre a cama, cegando os meus olhos. Com um último grito angustiado, vejo a energia ao redor de Zara expandir-se e explodir, lançando tanto Ethan e Celina como eu para trás. Lentamente, a luz diminui, transformando-se num brilho suave. Levanto a cabeça e vejo a cama destruída, assim como os móveis ao redor. Olho para onde Zara estava e fico sem fôlego. Bem à minha frente estava o lobo mais lindo que eu já tinha visto. Não se comparava a nada do que eu já havia visto antes: era um lobo dourado. — Ao que parece, as minhas suspeitas estavam certas — diz o conselheiro Isacar com um tom de satisfação, mas a minha atenção estava toda na figura da minha companheira. Levanto-me e, com dificuldade, caminho até onde o lobo estava, ainda sem acreditar no que os meus olhos viam. A loba à minha frente era duas vezes maior que Koda e emanava uma imponência na forma como se portava. Os seus olhos percorrem o quarto, analisando cada pessoa à sua frente. — Uma loba dourada — diz Isacar, enquanto vejo os olhos de Nala pousarem sobre ele. Para minha surpresa, ela aproxima-se e toca o focinho na testa dele. — Não me agradeça, pequena. Fiz o que qualquer um faria. Estava confuso; a conversa à minha frente não fazia sentido. Vejo Nala virar-se na minha direção. Ela aproxima-se e esfrega a cabeça no meu corpo, e podia sentir a energia dela a envolver-me, algo que não conseguia explicar. Acaricio o pelo incomum, sentindo a sua maciez, e o seu ronronar enche o quarto. — Estou vendo coisas ou o lobo à minha frente é dourado? — pergunta Ethan. — A sua visão está ótima, beta Ethan — diz Isacar, com um riso na voz. Os meus olhos não deixam os de Nala. A minha companheira era incrível. Aproximo-me mais e abraço-a desajeitadamente, já que ela era bem maior do que eu. — Você é maravilhosa, Nala — digo, ouvindo o seu ronronar aumentar. Vejo-a se afastar de mim e aproximar-se de Ethan, farejando o ar. Então volta-se novamente para Isacar, e os seus olhos emitem um brilho suave ao fitá-lo. — …sei que quer — diz ele, e fico sem entender o que se passava. — Em breve, pequena, tudo será esclarecido. Uma ruga forma-se no meio da minha testa, e uma irritação cresce no meu peito ao ver aquilo, sem que eu conseguisse entender o que era. Quando um rosnado escapa dos meus lábios, percebo que Koda estava a manifestar-se; ele não gostou daquela interação entre Nala e Isacar. — Não se preocupe, alfa, é apenas uma conversa amigável — diz ele, sem se abalar com o meu rosnado. — Espera um pouco — diz Ethan. — Como consegue ouvi-la, se nem nós conseguimos? — Verdade. Agora que o Ethan falou, estou curioso para saber — digo, olhando para o conselheiro Isacar. — É simples, alfa Fenrir — diz ele, com um sorriso de canto. — Apenas um lobo dourado pode conversar com outro. Assim que ele termina de falar, vejo os olhos dele emitirem a mesma luz que brilhava nos olhos de Nala.
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