**Fenrir**
Termino rapidamente a minha conversa com Isacar. Ao subir as escadas, trazia no rosto um largo sorriso. Eu só queria estar ao lado dela, sentir o seu cheiro e o seu calor. Finalmente, tudo tinha terminado e eu podia ficar mais tranquilo quanto ao destino da minha companheira. Pelo que Isacar tinha dito, Zara ficaria bem e, com o tempo, tudo se resolveria.
Assim que entro no quarto, Celina vem rapidamente na minha direção.
— Ela não despertou, nem mesmo quando a limpei, Alfa. Ao que parece, a transformação exigiu muito dela.
— Obrigado por isso, Celina. Sei que não é sua função, mas gosto de saber que alguém de confiança está ao lado dela. — Posso ver um largo sorriso abrir-se no rosto de Celina; ela era uma excelente médica e amiga.
— Não me agradeça, Alfa. Faço com todo o carinho — diz ela, caminhando em direção à porta. — Se precisar de algo mais, basta chamar-me.
Quando ela se retira, vou até Zara e dou-lhe um beijo na testa. Em seguida, sigo para o banheiro; precisava de um banho longo e sabia que, assim que me deitasse ao lado de Zara, dormiria imediatamente. Naquele momento, sentia o cansaço dos últimos dias a abater-se sobre mim.
Assim que me deito na cama, adormeço de imediato, agarrado a Zara. Acordo no outro dia sentindo uma mão passear pelo meu corpo. Ao erguer a cabeça por um instante, fico imóvel, mas em seguida reconheço os olhos da minha companheira. Eu teria que me acostumar com os seus olhos dourados agora, e não havia dúvidas de que ela estava linda com eles.
— Oi — diz ela, com a voz um pouco rouca de sono.
— É tão bom te ver bem, amor — digo, puxando-a para os meus braços. — Tive tanto medo de te perder.
— Eu sei — responde ela. Olho rapidamente para seus olhos, um pouco confuso. — Consigo sentir a sua energia se agitando; não consigo explicar.
— Deve ser parte dos seus dons — digo, sabendo que Isacar também desconhecia os limites do poder de um lobo dourado.
— Estou feliz que tenha acabado; já não suportava mais te ver sofrer — diz ela com um olhar sereno, mas, no fundo dos seus olhos, podia ver a sombra do medo a brilhar.
— Devia estar preocupada com você, e não comigo.
— Como se isso fosse possível — responde ela, com um sorriso de canto. — É o meu companheiro, Fenrir, sempre virá em primeiro lugar na minha vida.
Eu não sabia o que dizer; não esperava aquilo vindo de Zara, ainda mais porque ela sempre dava um jeito de escapar por entre os meus dedos, escondendo de mim as suas reações. Ela ri quando não respondo.
— Posso entender a sua surpresa, companheiro. — Aquele som para mim era mágico; podia ver o quanto ela estava relaxada nos meus braços.
— Sim, estou surpreso. - digo sorrindo
— Eu senti tudo, Fenrir — podia ver a intensidade na sua voz e na forma como ela me olhava, como se estivesse a recordar os momentos antes da transformação. — Eu senti a sua dor, a dúvida. Não conseguia evitar; os seus sentimentos invadiam a minha mente com tanta intensidade que eu só queria que descansasses. Não sabia que estava te machucando tanto com o meu processo de transformação.
Vejo uma lágrima descer pelo rosto de Zara e limpo-a com a minha mão; não queria vê-la sofrer como estava. Claro que estava surpreso por ela sentir as minhas emoções, mas não desejava aquilo, pois ela sofreria duas vezes mais ao canalizar as minhas emoções para si.
— Shhh! Não chores, querida, quero te ver feliz, não triste.
— Desculpa, eu não queria que tivesses passado por tudo isso — diz ela, afastando-se um pouco de mim.
— Não peças desculpas, Zara. Você é a minha companheira, aquela que a deusa escolheu especialmente para mim. Faria tudo o que fiz novamente, e mais, se fosse preciso — com cuidado, seguro o seu rosto entre as minhas mãos, olhando fixamente nos seus olhos dourados. — Te amo, pequena.
Zara atira-se nos meus braços, derrubando-me contra a cama. Sinto os seus braços a apertarem-se contra mim; viro-a na cama, pairando sobre ela, e começo a dar-lhe vários beijos pelo rosto, fazendo-a rir. Quão maravilhoso era aquele riso! A minha vida não significava nada sem Zara ao meu lado; ouvir a sua risada não tinha preço.
Quando me afasto dela, vejo-a apontar para os lábios, divertida; estava a gostar muito dessa nova Zara.
— Esqueceu de um lugar — diz ela, sorrindo.
— Nunca, mas o melhor fica sempre para o final — digo, inclinando-me na sua direção.
Vejo os olhos de Zara brilharem, e aquilo sempre seria lindo de ver. Passo a língua pelos seus lábios, sentindo a textura macia, e mordo o lugar, ouvindo-a gemer enquanto as suas mãos envolvem o meu pescoço.
— Isso é maldade, Alfa — diz ela, com uma pitada de diversão.
— Ah, então agora sabe a que Alfa pertence, pequena — digo, enquanto beijava o seu pescoço, a minha língua deslizando até o seu ombro.
Ouço Zara ronronar de contentamento e, quando olho nos seus olhos, vejo algo diferente: Nala.
— Olá, Nala — digo, enquanto deslizo o meu nariz pelo seu rosto.
— Oi, meu Alfa — diz ela, ronronando. Devia ter percebido antes que Nala estava a influenciar um pouco Zara, mas era bom ver a minha companheira mais solta. — Devo agradecer-te por deixar Zara mais à vontade?
— Gosto dessa ideia, mas, na verdade, era Zara e não eu — diz ela, rindo.
— Era Zara? — pergunto, surpreso.
— Sim, meu Alfa, ela não vai mais fugir de você. Tudo o que sentimos através das tuas emoções deixou-nos certas de que sempre nos amou — diz ela, mais séria, olhando-me nos olhos.
— O que isso quer dizer exatamente?