**Dante**
Não consegui me controlar; não suportava ouvir tudo o que aqueles m*lditos haviam feito à minha companheira naquela alcateia. Para mim, era imperdoável que colocassem uma criança para trabalhar em troca de comida. Sabia que tinha assustado Diana; podia ver a forma como ela tremia, encolhida no chão, mas não estava conseguindo controlar o meu lobo, que apenas desejava voltar àquele lugar e matar todos que algum dia a haviam ferido.
“Volte, Finn!” — digo, tentando controlar o meu lobo.
“Não! Eles pagarão por essa afronta!” — ralha ele, rosnando.
“Você a está assustando. Lembre-se de que ela não pode nos sentir e que acabará por afastá-la de nós” — digo, tentando conter sua fúria. Aquilo pareceu fazer com que ele voltasse um pouco à razão, e lentamente ele se recolhe na minha consciência.
“Não pense que esqueci disso; ainda terei a minha vingança” — diz ele, antes de ficar em silêncio.
Eu também desejava vingança e, se a oportunidade aparecesse, não a negaria ao meu lobo. Corro até Diana e a vejo encolher-se ainda mais contra a parede, os olhos dela me olhando assustados enquanto lágrimas desciam pelo seu rosto.
— Diana, não vou fazer m*l a você — digo, abaixando-me ao seu lado. — Foi apenas o meu lobo; ele não gostou de saber que você trabalhava naquele lugar para ter o que comer e onde dormir.
Vejo que ela para de chorar, mas os seus olhos ainda me olhavam assustados.
— Vou pegar você e tirá-la daí. Está cheio de cacos de vidro, e não quero que se machuque — digo e, com muito cuidado, a pego nos meus braços. Sinto o seu corpo ficar tenso, mas não me importo; não queria que ela se ferisse com o vidro quebrado.
Coloco-a sentada na bancada da cozinha e viro-me para limpar a bagunça no chão. Podia sentir os olhos dela acompanhando cada pequeno movimento meu pela cozinha. Quando termino, vou até a geladeira e pego outro pedaço de torta, colocando-o à sua frente.
— Pronto, agora está melhor — digo, com um sorriso no rosto. Ela já tinha se recomposto e me olhava com curiosidade. — Pergunte.
Sabia que ela estava curiosa para saber mais do que tinha acontecido e não lhe negaria as respostas.
— Por que rosnou para mim? — pergunta ela, um tanto desconfiada.
— Já te disse, o meu lobo não gostou disso — digo, voltando para o meu lugar. Ela desce da bancada e senta-se num banquinho à minha frente.
— Isso não parece normal — diz ela.
— E não é — respondo com sinceridade, não mentiria para ela.
— Então, por que agiu assim, se isso não é normal? — pergunta ela.
— Porque era sobre você — digo, e vejo o espanto nos seus olhos.
— Por minha causa? — pergunta, apontando para si mesma.
— Sim — respondo, temendo que ela me fizesse revelar mais do que eu queria.
— Isso é loucura; não pode agir dessa forma apenas por minha causa — diz ela.
— Posso, e não consigo evitar — digo, sentindo o meu corpo enrijecer.
— O que não está me contando, Dante? Se é sobre mim, eu quero saber — diz ela. Apesar do medo que Diana sentia de mim, eu podia ver algo bem mais forte naquele momento em seus olhos: a curiosidade.
— Não sei se está pronta — digo.
— Isso não faz o menor sentido — diz ela, frustrada.
— Outro dia, Diana. Acho que já teve emoções demais por uma noite — digo antes de me voltar para a pia e lavar o meu prato. — Boa noite.
Não suportava mais ficar naquele lugar com ela ao meu lado; a tentação era grande demais, e eu sabia que, depois que ela soubesse que éramos companheiros, não iria me conter. Iria querer ela perto de mim, mas Diana não estava pronta para isso; podia ver o medo em seus olhos. Os únicos momentos em que ela não me temia eram quando o meu cheiro estava mais forte para ela; eu podia ver a forma como ela relaxava perto de mim.
— Está com problemas — diz Sam, quando começo a entrar na floresta.
— Como sabe disso? — pergunto, andando ao lado dele.
— Corta essa, Dante; todos nesta alcateia sabem que a mulher que está na casa da alcateia é a sua companheira — diz ele, de forma tranquila.
— Sim, ela é minha companheira — não iria negar o óbvio, ainda mais para outro macho.
— Ao que parece, ela não sabe — diz ele.
— Não, Diana ainda não tem um lobo, então não me reconhece — digo, frustrado.
— Realmente tem um problema, meu amigo; a garota parece um cervo assustado — diz ele, rindo.
— Acha que eu não sei? — digo, passando a mão pelo rosto.
— Vai ter um longo trabalho com ela, seja paciente. Depois de tudo o que vimos na alcateia do Alfa James, devia estar grato por ela estar reagindo tão bem — tinha que concordar com ele. Assim como a Luna, Diana era uma sobrevivente de tudo o que havia acontecido, e, ao contrário do que se esperava, ela estava lidando bem até aquele momento com tudo o que estava a acontecer.
— Ela está perto de conseguir o seu lobo — digo a ele.
— Mesmo?
— Sim, ela já consegue sentir o meu cheiro e está frustrada por não saber o motivo pelo qual se sente atraída por mim — digo, rindo; aquilo estava sendo muito divertido.
— Posso imaginar, mas talvez devesse contar-lhe. Será mais fácil — diz ele, parando alguns passos à minha frente.
— Vou fazer isso em breve, mas antes quero aproveitar um pouco mais essa inocência dela — não podia negar que amava ver a forma como Diana tentava lutar contra o vínculo e sabia que, quanto mais perto estivesse do seu aniversário, mais fortes aqueles impulsos se tornariam.