**Lorcan**
Eu estava além de irado; isso não chegava nem aos pés do que eu sentia naquele momento. Assim que terminei a minha conversa com Fenrir, a minha expressão mudou, e todos que estavam comigo abriam caminho para que eu passasse; ninguém queria enfrentar a minha fúria.
O i****a canalha do Roderick achou que eu não sabia de tudo o que ele estava fazendo nas minhas costas, mas o seu tempo de brincar comigo tinha acabado. Ele teria o que merecia, um castigo à altura pelos anos de traição. O meu avô o arrastava sem nenhum cuidado, e eu podia ver o rastro de sangue que ficava pelo caminho à medida que ele o levava preso entre os seus dentes.
Corin podia ser um velho lobo e alfa aposentado, mas seu espírito de luta era firme, e havia sido ele que, anos atrás, me alertara sobre o comportamento do meu Beta. Estava na hora de promover mudanças eficazes nas pessoas ao meu redor, e começaria por Roderick.
Quando chegamos à alcateia, os guerreiros que estavam com Roderick são levados diretamente para as celas; trataria deles mais tarde. No momento, precisava lidar primeiro com a indisciplina do meu Beta. Vejo o meu avô entrar, arrastando-o e jogando-o aos meus pés. Ele volta à forma humana e se cobre com um manto que um dos nossos lhe oferece.
— Esse inútil vai acabar com a nossa alcateia — diz ele, exalando fúria por todos os lados. Sentado no meu lugar, observo Roderick com desgosto.
— Explique-se, e aproveite enquanto estou lhe dando a chance de fazer isso — digo com uma calma que eu não tinha naquele momento. Tudo o que eu desejava era pular no seu pescoço e arrancar a sua cabeça com os dentes.
— Não tenho que te explicar nada! — brada ele, segurando o ombro dilacerado. — Por anos, te servi fielmente, Lorcan, imaginando que vingarias os nossos, mas em vez disso, aliou-se aos nossos inimigos! Os seus pais devem estar se revirando no túmulo ao ver isso.
Sinto as minhas garras se alongarem e cravarem na madeira do meu assento como se fosse manteiga. Ele sabia o quanto eu odiava quando falavam dos meus pais, e ali estava ele, desejando a morte.
— Temos a oportunidade perfeita para vencer essa luta. Basta matar a Luna, e Fenrir não terá outra escolha a não ser nos atacar. Ele ficará desorientado, será a oportunidade perfeita para nos livrarmos dele e tomarmos a sua alcateia. — Vejo a loucura nos seus olhos e agora percebo que Roderick não desejava apenas vingança; ele também almejava o poder e não estava preocupado com quem teria de matar para conseguir.
— Pelo que vejo, você já tinha tudo planejado, não é mesmo? — digo, sentindo a minha fúria se espalhar.
— Sou seu Beta; preciso estar ao seu lado e ajudá-lo com o que for necessário.
— Você não entende, Roderick, que os nossos pais nunca desejariam isso. Você quer sacrificar Zara por algo que ela nem mesmo entende, e isso eu jamais permitirei — digo, levantando-me.
— Você é fraco! Um alfa inútil! Se não pode fazer o que é necessário, sempre será uma desonra para esta alcateia! — Não era o meu velho amigo que estava à minha frente; era alguém totalmente diferente. Eu não reconhecia aquela pessoa, era um estranho.
— Não me importo com o que você pensa. O meu pai ensinou-me o que eu preciso saber: a honra de um alfa representa o seu valor com o povo, e eu não desonrarei a memória do meu pai fazendo algo tão c***l quanto o que você deseja. — A fúria domina os seus olhos, e quando ele vem na minha direção, vejo o meu avô desferir um chute no seu peito, jogando-o para trás.
— Mais respeito com o seu alfa — diz ele, com olhos sombrios.
— Ele não é meu alfa; o alfa que conheço não é um covarde.
— A partir de hoje, estou revogando o seu título de Beta desta alcateia, Roderick. Você cumprirá pena nas nossas celas pelo que fez nos últimos anos, e, em respeito à nossa amizade, quando for libertado, poderá continuar nesta alcateia como um civil comum. — Vejo o desespero tomar o seu rosto.
— Está me rebaixando! Não pode fazer isso comigo! Você precisa de mim, Lorcan, você não é ninguém sem mim! — grita ele, vindo novamente até mim, mas os guerreiros que estavam na sala o seguram, impedindo-o de se aproximar.
— Levem-no para uma cela separada dos demais, ele deve ficar isolado até segunda ordem — digo a eles.
— Sim, alfa — dizem, arrastando-o enquanto ele gritava e esperneava, tentando se libertar.
Ver aquilo era difícil para mim, mas eu não tinha outra escolha. Não seria fraco, como o próprio Roderick dissera, mesmo que me custasse muito pelos anos de amizade que tínhamos. Ele estava se tornando uma ameaça para nossa alcateia.
— Você fez a coisa certa, filho. Ele não era mais o mesmo.
— Eu sei, avô, assim como sei que ele está tramando algo, e estou tentado a dar-lhe corda para ver até onde vai — vejo a surpresa no rosto do meu avô com as minhas palavras.
— Quer usá-lo como isca? - Pergunta o meu avô.
— Sim, mas ele não saberá que é a isca. Sei que deve haver mais pessoas por trás de tudo isso; Roderick não se arriscaria tanto se não tivesse ajuda — estava certo disso, conhecia bem o meu Beta para saber como ele agia.
— Então pretendes soltá-lo? — pergunta o meu avô, e pela sua expressão vejo que ele não gostava muito dessa ideia.
— Ainda não, senão ele desconfiaria, mas em breve terei de planejar algo. — As coisas tinham mudado nos últimos dias, e eu sabia que havia muitas perguntas sem resposta. O envolvimento do conselheiro Isacar apenas confirmava a minha teoria; algo estava acontecendo, e eu descobriria o que era.