Desabafo

1028 Words
**Zara** Sinto as lágrimas rolarem pelo meu rosto e soluços irromperem do meu peito. Eu estava precisando daquele abraço que Diana me dava. No momento, ela era minha única conexão com a realidade. A suas mãos acariciavam os meus cabelos enquanto eu chorava copiosamente nos seus braços. Agradeci mentalmente por Fenrir não estar ali, não queria que ele me visse tão frágil quanto eu estava. — Está tudo bem, Zara, ninguém aqui vai nos fazer m*l — diz Diana. Afasto-me e encontro o seu olhar preocupado. — Eu não sei, não conhecemos ninguém neste lugar. E se eles forem como o alfa James? — perguntei, sentindo meu corpo se arrepiar só de pensar na possibilidade. — Eu também estava em dúvida, mas eles me trataram muito bem. Nunca dormi numa cama tão confortável — diz ela, sorrindo. — Sabe o que houve? — pergunto. Fenrir já tinha me dito algumas coisas, mas meu lado desconfiado precisava ouvir de mais alguém para realmente acreditar. — Foi um caos, Zara. Se você visse a fúria do alfa Fenrir, era de dar medo — diz ela, passando a mão nos braços. — Depois que ele te tirou das celas, te levou para ser tratada. Ele quase matou Paola por dizer que ele devia te rejeitar. Estava impressionada com as coisas que Diana me dizia, e se realmente fosse verdade, ele não pretendia me rejeitar, o que eu não sabia se era algo bom naquele momento. — Ele realmente fez isso? — pergunto. — Sim — diz ela, pegando a bandeja que Fenrir havia deixado na mesinha. — Depois que o curandeiro te examinou, ele partiu imediatamente. Ouvi ele dizer que não queria que você ficasse naquele lugar. Agora coma, você precisa se recuperar. Olho para a bandeja à minha frente, o cheiro fazendo o meu estômago roncar. Não me lembrava da última vez que havia comido, alfa James não me dava comida. Então começo a comer com prazer. Havia omelete, suco de laranja e alguns pedaços de bolo. Como tudo com pressa, nada me garantia que Fenrir não voltaria atrás. Se precisasse fugir, ao menos estaria com o estômago cheio. Termino de comer e me recosto satisfeita nos travesseiros. — Gostou? — pergunta Diana, me olhando divertida. — Sim, estava ótimo — digo, sorrindo. — Foi o alfa pessoalmente que fez — diz Diana, fazendo os meus olhos se arregalarem. Olho com desconfiança para a bandeja vazia. — Não se preocupe, ele não pôs nada na sua comida, eu estava com ele na cozinha quando ele fez o seu café. — Isso é esquisito — digo, desconfiada. — Ele está tentando te agradar, Zara. E pelo que ouvi na cozinha, ele sempre faz as refeições — o que Diana falava parecia-me irreal. Na nossa alcateia, os machos normalmente não faziam tarefas domésticas. — Espero que não precisemos fugir daqui — digo a ela com um suspiro triste. — Acho que não. Também não confio totalmente neles, mas o fato de você estar sendo tão bem tratada me faz dar o benefício da dúvida — diz ela. Realmente, Diana tinha razão. Apesar do medo que eu sentia, em nenhum momento Fenrir tentou me forçar a algo ou me disse qualquer palavra dura. Mas, por precaução, manteria a minha guarda erguida; não estava disposta a passar pelo inferno que já tinha enfrentado na minha antiga alcateia. — Como foi sua noite? Ele tentou algo? — pergunta Diana, com os olhos preocupados. — Ele me marcou — digo a ela, passando a mão no meu ombro, que ainda estava dolorido. — Meu Deus, Zara! Ele... — Não, Diana — digo, fazendo sinal para que falasse baixo. — Não aconteceu nada. Ele me disse que fez isso para que os meus ferimentos se fechassem mais rápido. — Que susto você me deu — diz ela, levando a mão ao peito. — Mas faz sentido, o lobo dele pode te curar através do vínculo. — Ele não tentou nada, Diana. Eu nem sei se conseguiria não tremer se ele me tocasse — digo, encolhendo-me na cama. — Zara, por acaso o alfa James te tocou de forma... diferente? — pergunta Diana, olhando-me fixamente enquanto segurava as minhas mãos. — Não — digo, balançando a cabeça. Se Fenrir não tivesse chegado, acho que o alfa James teria cumprido a sua promessa de me dar aos seus soldados. Só de pensar nisso, sentia meu corpo tremer. — Tudo vai ficar bem agora, precisamos ter esperança de que as coisas vão ser diferentes — diz ela, sorrindo para mim. — Não tenho essa sua confiança — digo a ela. — Só de não estarmos mais naquela alcateia já é uma vitória, Zara. Podemos recomeçar aqui — diz ela. Diana era poucas semanas mais nova que eu, o que significava que, em breve, ela também ganharia o seu lobo. Sempre havíamos sido muito próximas, principalmente porque éramos tratadas como a escória da alcateia. Pensar no lobo dela me fez lembrar de Nala. Fazia alguns dias que eu não conseguia alcançá-la, e isso me preocupava muito. — O seu aniversário está próximo — digo a ela, mudando de assunto. — Sim, não vejo a hora — diz animada, um largo sorriso se abrindo no seu rosto. — E o seu lobo? Como é? Abaixo a minha cabeça, frustrada. Havia ganhado o meu lobo enquanto estava inconsciente nas celas da casa do alfa James. Não tinha chegado a me transformar, e agora não sabia se ao menos ouviria a voz de Nala de novo. — Eu não sei, estava muito fraca quando ganhei Nala — digo a ela. — Nala é o seu lobo? — Sim, ela é bem animada, mas já tem um tempo que não a ouço. — Não sentir Nala era como ter um grande vazio no meu peito. Por mais que ela estivesse comigo há pouco tempo, já ocupava um grande espaço no meu coração. — Tudo vai ficar bem, estou sentindo — diz ela, apertando a minha mão com delicadeza. Apenas sorrio para ela, sem saber o que o destino me reservava naquele lugar, mas esperando que não fosse pior do que o que já tinha passado.
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