CAPÍTULO 2

1462 Words
CONRADO MALDINI Eu vi Linda no balcão, ela preferiu fazer os pedidos, eu aceitei calado, enquanto me sentava e agora estava sentado na frente do garoto, que me olhava firme. Ele tinha os cabelos pretos, tinha um nariz bonitinho e olhos pretos. Ele era o pequeno meliante de Linda, já podia ir simpatizando com o garoto. - O que quer com a minha mãe? - A voz do garoto veio calma. - E uma pergunta ampla meliante - Eu sorri. - E você, o que fazia no fliperama? - Jogava - Eu olhei para a máquina de jogos no canto da lanchonete. Levei a mão no bolso e tirei a nota, deslizando até ele. - Minha mãe tem dinheiro. - São dez dólares para você jogar naquela máquina, sem ter que entrar em fliperama de adulto, certo? - Ele ficou olhando a nota. - Olha para a nota Nicolau, olha como ela olha pra você é te chama. Sorri. - Eu não vou deixar você sozinho com ela - Ele olhou pra mim com aquele tom de desafio na voz e um olhar firme. - Ela vale mais que isso. Me simpatizo com o meliante. Só um pouco, bem pouco. - Eu sei que ela vale meliante, quantos quer para me deixar conversar sozinho com ela? - 50 - Eu olho para ele. - Pegar ou lagar velho. Eu fiz aquilo. Colocando as notas na mesa sem nem pensar duas vezes. Nicolau pegou e se levantou, indo direto pra máquina nos fundos e deixando o lugar amplo. Vago. Com espaço. Minha doutora voltou trazendo os dois cafés e acenou para o garoto que era para ele pegar o pedido assim que pronto no balcão. Ela parecia uma ótima mãe. Uma mãe perfeita e completamente boa para o meliante mirim. Embora devesse ficar mais esperta com o meliante. - Você é mãe solteira? - Pergunto. Só depois de tirar os olhos do filho que ela olhou pra mim, com os olhos atentos. Agora era a mulher que eu queria, ela buscou dentro do meu olhar algo que refletia ao Conrado de onze anos atrás e ela achou, bem no fundo. - Eu sabia que viria atrás de mim Conrado, Pedro falou de você, soube que você voltaria pela necessidade de um Maldini. - Necessidade? Não usaria esse termo. - Por que me procurou? - Para ter a mulher que me fez delirar a um tempo atrás - Eu me inclinei pra frente. - Linda, eu voltei por você. Declarei verdadeiramente. Sem medo. Sem drama. - Não sente raiva de mim? - Desafio, me queimando com os olhos azuis. Ah, Linda, senti raiva de mim. Não de você mulher. Depois de um final de semana que ficou comigo ela se casou, sim. Casou com o pior homem. A escolha errada. Eu fui o amante dela. Por um final de semana, até se casar com um pesadelo. O pesadelo em pessoa que está a sete palmos debaixo da terra. Pensa em dois amigos. Um deles iria se casar. Rola sexo entre os amigos. A que iria se casar some e eu aí surge a notícia do casamento. Era quase como uma faca. Quase. - Não Linda, nenhum pouco. - E o que pretende? - O mesmo que a onze anos atrás, pretendo você - Fiz uma pausa para poder ver os lábios dela entreabertos. - Eu não sou mais aquela mulher. - Melhor ainda, se tornou uma mulher completa - Eu peguei a xícara e passei meu polegar pelas bordas. - Mãe, médica de renome e uma mulher perfeitamente bonita, vou usar esse termo para resumir gostosa e muito cheia de si. Ela sorriu, me acompanhado com o café. - Eu não posso me envolver com você. Tenho meus compromissos com o meu filho e com meu trabalho. - Claro que pode! Eu amo crianças, sei respeitar uma mulher e o que ela é - Fiz uma pausa e dei um gole no café. - Sou o homem perfeito pra você, só basta dizer sim. - Você volta depois de onze anos com essa história? Ela parecia chocada. - Sim, essas coisas acontecem. - O que fez esses anos, Conrado? - Cuidei dos meus garotos e da minha vida sozinho - Eu falei mais baixo. - Lembra o que disse para você antes de cair no sono? - Perguntei, sabendo que ela lembraria. Sabendo que eu nunca falei aquilo brincando. - Que você Linda, era a única mulher a qual eu daria uma chance na minha vida, e eu deixo essas palavras pra você, novamente, querendo reforçar que eu sentir prazer ao estar com você, paixão e eu não sou um garoto que deixa essas coisas passar. Adormecer e a palavra. Ela deu uma gargalhada. - Você me fala isso depois de onze anos? Francamente! - Linda... - Esperei você naquela igreja, esperei você me tirar daquilo e você não apareceu. Você devia ter aparecido onze anos atrás - Ela deixou a xícara na mesa. - Não onze anos depois. Eu vi seus olhos avaliarem a minha postura. Tensa. Dura. Completamente r**m. - Eu não leio mente e não sabia que você esperava isso de mim - Eu voltei a me encostar no encosto da cadeira. - Se eu soubesse teria ido com meu cavalo branco, querida! - Não seja irônico - Foi a vez dela se inclinar para frente. - Eu passei seis anos com um homem que eu nunca suportei, vendo ele maltratar Nicolau e me maltratar. Eu fiquei rígido na cadeira. - Linda - Ela me corta. - Nicolau é um garoto diferente por culpa de um maldito homem. - Até isso você poderia ter evitado. - Não, me casei com ele chorando, não de alegria, mas de medo, medo puro - Vi uma nuvem n***a se estender pelo seu rosto. - Conrado, eu consegui apagar ele da minha vida, consegui mesmo. Consegui fazer com que meu garoto esquecesse parte de tudo aquilo. - Linda - Ela me corta. - Eu aceitei vir para falar que não tem eu e você, eu posso estar cuidado da sua nora - Ela fez uma pausa. - Mas é uma relação profissional. Eu pisquei surpreso. - Não quer continuar de onde paramos? - Perguntei, quase implorando. - O problema Conrado, e que aquilo nunca parou, só que fui só eu que continuei - Ela se levantou. - Lamento por você, mas aquilo é o meu passando. E eu não vivo de passado. - c*****o eu também não vivo e é por isso que estou aqui - Eu me levantei. - Eu não quero abrir mão de você, entende? Vamos tentar. Saí de trás da mesa e segurei seus braços. - Conrado... Fui na fé do senhor Jesus. Eu a beijei. Ali, diante todos. A beijei com prazer e saudade. Colando meus lábios nos dela, senti o gosto dela, o gosto quente e intenso da boca dela, senti ela segurando meus braços. Eu não tinha medo. Não mesmo. Eu a beijei. Como antes. E eu só parei quando senti algo me afastando, me empurrando, mesmo eu não saindo do lugar. Sendo um baque sobre mim. - Fica longe da minha mãe velhote! - O grito veio grave da voz do garoto. Que me olhava enquanto se colocava na frente da loira. - Ela não vai ficar com você - Ele olhou para Linda, com um olhar firme. - Não vai ficar com ele, vai mamãe? Eu arregalei meus olhos. - Eu quero algo sério com sua mãe. - Conrado, acabou - Ela pegou a mão do garoto e nem fez questão de olhar pra mim. - Vamos Nicolau, vamos embora. Vi a beira do poço. - Linda! Não faz isso, lembra do que você me disse a onze anos atrás? - Eu sou péssima de memória! - Ela ficou firme e começou a caminhar. Enquanto eu. Eu fui atrás. - Não pode falar isso. Ela parou, no meio da calçada, o garoto ficou parado também, olhando para mim, com aqueles olhos arregalados e olhos de meliante mirim. - Chega, por favor, eu estou com uma criança. - Uma criança bem levada pelo visto! - Não fale dele, você não o conhece. Não sabe nem quem ele é Conrado. - Deixa mamãe, eu sei me defender dele... - Nicolau! - Ela repreendeu, e deu mais um passo até chamar o táxi, que parou segundos depois. - Passar bem Conrado, muito bem. - Isso não terminou. - E nunca vai terminar - Ela entrou no carro e logo foi o garoto. - Vai me deixar aqui? - Não houve resposta. Dei um passo para trás e eu o vi. O garoto. Nicolau. E sabe o que ele fazia? Ria de mim enquanto mandava um tchau. Filho da mãe!
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD