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3849 Words
ISABELA Miguel e eu saímos do bar caminhando juntos pela rua, alguns olhares em nossa direção chamam a minha atenção. Os cochichos que com certeza mencionam meu nome após me verem com homens do cartel. — Agora todos sabem que está trabalhando com o cartel mexicano. Era isso o que você queria? Fama? — meu irmão alfineta, rindo, enquanto acende um cigarro. — Eles apenas estão falando da minha presença lá. Sempre falaram da nossa família, graças a você, quando chegou em casa com a camisa suja de sangue, por exemplo — grunho, irritada com a hipocrisia de Miguel. — Não estou no cartel por fama, o submundo também me atrai, mais do que possa imaginar. Empurro a porta de madeira da nossa casa, encontro papai já em pé, o corpo tremendo pelas drogas que ele necessita pegar com Miguel. — Demoraram! Já iria atrás de vocês dois. Miguel ri, jogando um saquinho com cocaína para Santiago, ele rapidamente se senta e começa a cheirar a droga. Incrível como uma pequena quantidade pode controlar alguém dessa forma. — Trouxe seu vício, pai, estava tendo problemas com a chegada da minha irmã ao cartel mexicano.  Reviro os olhos indo me sentar no sofá, tiro minhas botas, meus pés estão doendo depois de tantas horas em pé  — Guzman aceitou mesmo? — papai pergunta, distraído com sua droga. — Sim, o problema é Miguel aceitar logo isso de uma vez. Conheço Guzman há mais tempo que você, não esqueça — relembro, vendo seu olhar de aviso. — Hoje ela quase foi morta por um homem que devia muito ao cartel — comenta, venenoso, meu pai que rapidamente olha para mim. — O quê? Isabela, você quase morreu? — papai fica alterado. — Cale a sua maldita boca, isso aconteceu por causa do seu filho que não estava lá ao meu lado, papai — acrescento, irritadiça. — Miguel não foi comigo, Guzman apareceu e matou o homem jogando um isqueiro na caminhonete dele. — Devemos muito ao Guzman — papai diz. — Miguel não arrisque a vida dela assim novamente. Meu irmão olha em nossa direção, incrédulo. — Ela se colocou em perigo por conta própria. Ainda tenho que defender a bonequinha? — ironiza. — Não quero sua proteção, Hernandez vai me ajudar com reflexos para não ser surpreendida novamente — informo com a voz fria. — Não quero depender de você para nada. Ouvimos um grito que acabou ganhando nossa atenção, passos apressados e logo Fernanda, desesperada, entra em casa. — Lupita foi levada, Miguel! Acabaram de levar minha amiga para servir de troca, o próprio pai e o irmão a levaram! — brada, puxando meu irmão pela jaqueta de couro. — E? Acha que vou interferir nisso? — Miguel diz, puxando sua jaqueta da mão dela. Ela o puxa para fora, sigo-os junto ao nosso pai. A mãe de Lupita chora muito, sua única filha mulher, a senhora está sendo consolada por vizinhos. — Faz alguma coisa! Ela não é uma estranha, é minha melhor amiga, Miguel! — Fernanda insiste, nervosa. Meu irmão a pega pelos cabelos. — f**a-se a Lupita! Devia agradecer porque não teve esse destino graças a mim, Fernanda, estaria na mesma situação, igual à sua amiga — rebate, grosseiro. — Não vou interferir em nada, aceite logo isso e cale a boca. — Não vamos fazer nada, a família dela escolheu isso e não quero meus filhos em nenhuma confusão — papai ordena. Suas ordens não têm o peso de antes, na verdade, ele obedece meu irmão como se ele fosse o chefe da nossa família. Miguel se solta de Fernanda adentrando a casa, na companhia do nosso pai, ambos conversando sobre o que acabou de acontecer. Fernanda chora irritada e furiosa com a decisão tomada, seu olhar é direcionado para mim. — Deve estar se achando, não é? — Sorri, irônica. —  Lupita falava m*l de você e agora a levaram embora! Reviro os olhos. — Não me interessa o que acontece com ela. O pai praticamente a levou para ser trocada, mas o fato que ela sempre falou m*l de mim apenas me deixa feliz em saber o destino dela — admito, com um leve sorriso. Fernanda se aproxima de mim. — Você se acha tanto, Isabela, voltou para o cartel no momento que eu estava mais próxima do Guzman! Ficou com ciúmes ou apreensiva caso ele fosse parar na minha cama? — especula, numa clara tentativa de me desestabilizar. Minha vontade é marcar seu rosto com uma bofetada e muito mais. Apreensiva por Guzman fodê-la? Isso é ridículo. — Guzman tem um harém de mulheres à sua disposição na hora que ele quiser. Acha que você iria se tornar única? — Gargalho. — Ele iria colocá-la com as outras, f**a-se se é irmã do soldado, nada disso importa para nenhum deles, sua i****a. — Não tente me rebaixar! Sou bonita, melhor do que você, acha que ele não iria trocar uma pela outra? Claro que iria, ótimo que não voltou para o cartel por causa dele. Eu vou fazer de tudo para ocupar o lugar que deixou por vontade própria na vida dele! — anuncia, com os olhos furiosos. Um sorriso de diversão surge em seus lábios. Aproximo-me encarando seus olhos, ela olha para os meus. — Olhe bem no fundo dos meus olhos. Faça o que bem entender da sua maldita vida, Fernanda, quer ocupar meu lugar? Então vá! Agora não pense que vou escutar suas expectativas, frustrações e ainda aceitar insultos — vocifero, com uma vontade louca de enchê-la de tapa. — Vou espalhar para os quatro cantos! — Vou repetir o que disse para Miguel, Guzman me conhece há mais tempo do que vocês dois. Por que acham que consegui esse emprego escolhido por ele próprio? — pergunto, vendo-a não ter resposta. —  Quer tentar ser mais uma dele? Faça isso, não vou te segurar, muito menos ajudar quando estiver precisando. — Ele te aceitou por pena com certeza, pensando na nossa situação, nada mais — afirma. — Você foi nada na vida dele, o que ele ganhou ficando contigo? Pego em seus cabelos com um movimento só. Ela arregala os olhos. — Cuidado com suas palavras, Fernanda, posso aceitar tudo isso como um desafio para provar que ainda posso ficar com Guzman se surgir vontade — sentencio, sorrindo. — Posso destruir seu sonho sem muito esforço, não me provoque. Largo-a indo para dentro de casa com a última lembrança de Guzman em seu carro e a pergunta que direcionou a mim. Assim que entro no quarto, lembro de seus dedos na minha nuca, parece que ela ficou marcada por seus dedos. Ainda posso sentir seus dedos, arrepiando meu corpo por inteiro. Ele não é um estranho para o meu corpo. Caminho até à gaveta da penteadeira para pegar um pouco de cocaína, mas outra droga chama minha atenção.  Ecstasy Uma das drogas sintéticas produzidas pelo cartel,  Miguel trouxe há uma semana, ela é feita em pequenos comprimidos de uso oral, essa é uma das formas de usá-la. Essas drogas rendem um retorno financeiro exorbitante, e são enviadas para as outras máfias e usuários a fim de uma maior comercialização. Pego um deles, colocando-o na boca. Preciso de uma alegria momentânea e um pouco de diversão em lembranças que tenho dentro do meu coração perturbado. Acordo com meu celular vibrando perto da minha cabeça, resmungo não querendo sair da minha cama. Vagas lembranças da noite de ontem é o estopim que me faz querer abrir os olhos, usei droga e lembro apenas de Fernanda irritada comigo pelas altas músicas que estava cantando enquanto tomava banho. Estava elétrica ontem. Eu precisava daquilo, sentir uma alegria que me tirasse um pouco dos problemas e pensamentos. Agora os problemas são Hernandez e dezenas de mensagens e ligações, olho para o celular mais atentamente, espanto-me ao ver que são onze e meia da manhã. Tenho que ir para o cartel, merda, esqueci que mesmo sendo sexta-feira tenho trabalho agora. Levanto depressa indo até o guarda-roupa, procuro por roupas rapidamente, levo tudo para o banheiro, preciso de um banho rápido, pegar alguma fruta e estar lá antes do meio-dia. Mas parece que não estou com sorte, a filha do dono do bar acaba de parar na minha frente. — Isabela. — O que você quer, garota? Estou com pressa. — É verdade que trabalha com o líder do cartel de Sinaloa? — sonda com cautela. — Tem algum conselho? Eu não sigo nenhum, prefiro deixar acontecer naturalmente — digo, nervosa pelo meu atraso. — Não. Acabei ouvindo boatos, mas queria perguntar para você, diretamente. —    Aproxima-se com a voz baixa. — Quero comprar drogas, acha que gosto de trabalhar ali? É uma obrigação, sou escrava do meu pai. Fico surpresa com a confissão, desesperada, dela. — Esse setor não é comigo, mas vou falar com alguém de confiança para ver se posso entregar. Qual é seu nome? — Maria. — Tem certeza do que me pediu? Não é brincadeira, Maria, não quero responsabilidade para cima de mim quando seu pai souber — digo em tom de aviso. — Posso pensar, volto a falar com você depois — ela diz, rapidamente, voltando para o bar, sigo meu caminho avaliando tudo isso enquanto tenho que chegar rápido ao cartel.  Encontro Hernandez esperando por mim na entrada do cartel, ele levanta uma sobrancelha. — Onde estava, Isabela? Perdeu a hora — pergunta, em uma clara repreensão. — Perdi a hora, ontem usei Ecstasy para me divertir. Estou pronta, apenas vamos logo, preciso aprender isso o quanto antes. Ele respira fundo entrando comigo para uma área vazia no fundo do cartel. No meio do caminho encontro uma morena, pela direção que está vindo, provavelmente, estava com Guzman. — Você nunca sabe o que esperar, tem que usar seu corpo como escudo. — Ele vem para cima de mim. Uso meus braços para tentar segurá-lo. — Um chute no seu p*u funciona melhor do que um escudo não acha? — sugiro. Ele é forte demais para segurar. — Você é bonita, pode fingir estar vulnerável para surpreender seu adversário — aconselha. — O olhar é uma forma de confundir, use seus olhos verdes. Sorrio, assimilando tudo que ele disse. Olho no fundo de seus olhos e paro de tentar segurá-lo, ele usa mais força, quando está a ponto de me esmagar contra a parede. Seguro seus braços dando um empurrão, até que, forte. Uso um dos braços para bloquear sua nova tentativa de aproximação. O braço livre pega em seu pescoço para sua surpresa. — É assim que tem que ser. Sua punição vai ser ir até à boate conosco, vai voltar tarde para sua casa — comunica, arrancando um sorriso meu. — Isso é um belo convite. Mas tenho um assunto com você, a garçonete do bar que era do meu pai veio pedir drogas para mim — digo, vendo seus olhos atentos. — Ela quer comprar escondida do sujeito. — A garçonete? — pergunta, surpreso —  Você disse o quê? — Disse que não cuido dessa parte, ainda falei para ter certeza se é isso que ela quer. — Por enquanto nada de drogas para ela, o pai gosta de se divertir com drogas e mulheres da boate e certamente deve estar lá hoje. Reviro os olhos. — Isso é irritante como Fernanda. Ela quer Guzman, mas duvido que passe de um mísero momento de prazer,  a morena que vimos no corredor agora pouco comprova isso  — acrescento, com um falso sorriso. — Fernanda deveria ter cuidado com o que deseja. Ela tem essa ideia fantasiosa de casamento, uma amiga dela foi trocada ontem. — Adorei isso — admito. — Ambas sempre falaram m*l de mim, não tenho paciência com insultos e provocações. — Gosto dessa Isabela mais determinada, próxima de tudo isso novamente.  Você fez um acordo com o submundo, mas por qual motivo? — sonda, brincando com um isqueiro em sua mão. — Não vejo mais sentido levar uma vida fora disso tudo, Hernandez.  Quero estar aqui e com vocês para tudo, posso jurar lealdade. O submundo faz parte da minha vida e não há nada que possa me tirar daqui, fiz um acordo da minha alma para o submundo — afirmo. Ele abre um sorriso de aprovação. — Temos uma longa noite pela frente, Isabela, Guzman está esperando por nós. A boate mais famosa de Sinaloa ganha a atenção dos meus olhos curiosos após dois anos longe desse lugar. Guzman tem essa vontade em sua posse, todos os soldados estão espalhados pelo local trazendo drogas para usuários e com certeza aliados presentes. Passei um batom vermelho em meus lábios, coloquei um pouco de cor neles, coisa que não fazia há muito tempo. — Vai ficar vendo seu irmão fazer o trabalho? — Miguel provoca, passando ao meu lado com Ecstasy em um saquinho. Meu olhar segue sua nuca até ele sumir do meu campo de visão. Caminho em direção a um dos soldados que está com drogas em vários saquinhos, Miguel não é o único que gosta de responder a uma provocação. — Eu levo isso — aviso ao sujeito. Mas uma mão arranca o saco da minha mão. — Venha comigo — Guzman diz. Ele manda irmos para um lugar longe dos outros. Cruzo os braços ao encarar seus olhos — Por que não? Eu quero fazer o trabalho sujo  — questiono, intrigada. — Você é mensageira — diz o óbvio. — Quero-a perto dos meus olhos, Isabela. — Faço o que então? Ele me deu as costas quando uma voz interrompeu nossa conversa. — Lo encontré. Eu o encontrei. Uma mulher com um grande decote assim como sua boca chama atenção, ela diz algo na orelha de Guzman. Assisto ambos saírem juntos. Encaro um dos sofás vazios, sento minha b***a, estou impaciente, cruzo as pernas olhando ao redor com tédio. Vou precisar de três ou mais bebidas para não surtar nesse lugar. Guzman acha que vou ficar assistindo tudo? Não sou uma criança que deve ficar no lugar, esperando-o voltar do sexo com aquela mulher. —¿Cuál es tu nombre? — levo um susto quando uma voz desconhecida e rouca diz no pé do meu ouvido. Qual é meu nome?        Uma mão tatuada toca meu ombro, mas não com muitas tatuagens como Guzman, um terno preto chama minha atenção. Ele não parece ser daqui. Encaro os olhos azuis, cabelos em um tom loiro-escuro, traços de um homem poderoso, não um soldado. — Isabela — respondo. — Erick. — Apresenta-se, sentando ao meu lado. Ele transmite poder, persuasão. Com certeza é aliado de Guzman e não preciso de uma bola de cristal para adivinhar que ele deve ser da Cosa Nostra ou Ndrangheta. — Procura por Guzman?  — Na verdade, você chamou a minha atenção antes de pensar em ir até ele — confessa, olhando meus olhos como se quisesse saber o que escondo.  — É muito bonita, nunca a vi por aqui. Gostaria de levá-la para a Cosa Nostra, já esteve em Nova Iorque? Fico sem palavras ao ouvir uma proposta de conhecer Nova Iorque, mas sei que não é essa sua única intenção. — Tráfico de mulheres? — pergunto, arrancando um sorriso dele. — Esperta, mas não ofereci isso. — Erick. — A voz fria de Guzman arrepia os pelos do meu corpo. — Guzman, estava esperando você em ótima companhia. — Isabela trabalha para mim, ela é responsável por levar recados e ameaças em meu nome — revela, com um olhar frio como um iceberg gigantesco. A surpresa de Erick é nítida quando volta a olhar para mim com o dobro de interesse. Certamente achou que fazia parte das mulheres de Guzman. — Uma mulher linda levando ameaças, você e eu temos bom gosto em concordar que é tentador — diz, olhando para Guzman. — Vou pegar uma bebida — aviso, ficando de pé.  Deixo os dois homens para trás para discutir seus negócios sem estar entre eles. Pego um drink enquanto observo alguns usuários consumindo drogas em boa companhia. Aéreos ao que está acontecendo por aqui, como é possível? Mesmo se estivesse drogada meus olhos estariam atentos na mesa onde está Guzman e Erick. — Conheceu Erick, Don da Cosa Nostra — Hernandez diz, ao se aproximar de mim, fumando seu cigarro. — Está voltando com tudo. Sorrio com o comentário do Hernandez. — Ele me fez uma proposta. Os olhos de Hernandez ficam atentos. — Proposta? — indaga, curioso. — Para conhecer Nova Iorque, mas quando falei do tráfico de mulheres ele não afirmou nada — digo, bebendo um pouco do drink. — Ganhou o interesse de Erick. — Gostando de assistir a diversão, irmãzinha? — Miguel se aproxima rindo. Semicerro os olhos para ele em resposta. — Acabei de conhecer Erick, Don da Cosa Nostra. Enquanto você devia estar trabalhando, então estou me divertindo muito para a sua informação — provoco, vendo seu olhar incrédulo. — Diego está chamando você — Hernandez comunica, olhando o celular. Procuro-o com os olhos e não o encontro em lugar algum. Em uma sala aos fundos da boate que deve ser do chefe dele, Diego bebe uísque enquanto ajeita sua camisa. — Quer que eu fique aqui? — indago sem entender. Fecho a porta indo até à mesa a passos lentos, quero saber a verdade. Estão me escondendo? — Guzman quer que fique aqui longe dos olhos de Erick, Isabela. Sente a b***a na cadeira, vai esperar muito ficando de pé. Sento-me ainda não engolindo essa história. — Primeiro não posso repassar a droga, agora tenho que me esconder. Erick nunca viu uma mulher? — pergunto, irritada. Diego gargalha. — Não uma mulher que trabalha para Guzman — comenta. — Já sei da proposta que ele lhe fez agora pouco. — As notícias correm rápido por aqui — digo, sem paciência. — Olho para você e vejo o quanto os dois anos te fizeram bem. Além de que voltou ao submundo, fez um acordo depois de fugir por medo, mas sua volta mostra uma Isabela disposta a tudo — Diego diz, olhando em meus olhos. — Estou aqui porque quero estar, não tem ninguém me obrigando — acrescento. — Gosto de ouvir isso. Sabe que não tem como sair disso já que entrou permanentemente dessa vez, mas atrair atenção de um Don não é bom — explica brincando com o copo. Diego quer me deixar curiosa, quero saber o que ele tanto sabe e não solta logo de uma maldita vez! — Pode dizer logo de uma vez — brado, cansada desse joguinho de meias-palavras. — Levá-la para Nova Iorque pode ser jogar você em uma das boates dele com outras mulheres — pontua. — Não quero contato com ele. Esperava que iria aceitar uma proposta de um estranho? Não pretendo deixar o México, mas estou incomodada do porquê Guzman quer me deixar aqui.   — Ninguém sabe que vocês já tiveram algo. Podem usá-la para chegar até ele, entende que mesmo que quisesse não tem como sair? — revela,  pegando-me de surpresa. Usar uma mulher sem nada para atacar um chefe de cartel? É insano tudo isso. Diego sai, deixando-me sozinha na sala, inquieta e impaciente esperando a minha autorização para sair! Enquanto ando de um lado para o outro pensando em Erick, sua proposta incomodou Guzman, sem dúvidas, até porque não teria outro motivo me deixar nessa sala. Nova Iorque, essa proposta seria o sonho de Fernanda. Conheço segundas intenções quando as vejo, Erick gostou de uma mexicana que não é apenas um rostinho bonito. Mas não sei se isso é tão bom assim. A porta é aberta por Guzman, seu olhar logo encontra o meu. — Por que preciso ficar aqui? — pergunto, antes mesmo que ele diga algo. — Porque eu quero, só precisa seguir minha ordem — responde, passando para sua mesa. — Seu aliado já foi embora? — especulo. — Não. Chamou atenção dele, Erick gosta de colecionar mulheres em suas boates, a ideia de levá-la ainda persiste — avisa, com um olhar frio. Aproximo-me de sua mesa. — Você disse que trabalho para você certamente, então já posso sair. — Mais do que isso, falei que já esteve em minha cama — revela, pegando-me de surpresa. Cama. A conexão que minha mente faz com as lembranças de seu carro pequeno demais para o insano desejo que havia dentro de nós dois. — Diego disse que podem me usar para chegar até você. — Já avisei o Erick que você não sai de Sinaloa para lugar nenhum — acrescenta. — Fez um acordo comigo, então não há nada que tire você daqui. — Ele engoliu isso?  Guzman se aproxima pegando em meu rosto com sua mão, obrigando-me a encarar seus olhos. — Está me provocando? — sonda, próximo demais. — Como aliados ele sabe de um certo limite quando dou uma ordem. — Mas agora vão saber de mim, a notícia correrá. — Vai  — repete — Isso te coloca como um belo alvo para nossos inimigos a partir de hoje e também ganha olhos atentos dos meus aliados. — Isso te irrita e me põe em perigo. — Minha voz sai rouca como se em vez de parecer preocupada, estivesse excitada.  — Você é uma peça do submundo agora, veio ao meu cartel pedir por um emprego e isso te trouxe de volta para mim sem usar um mísero dedo nisso — diz, com um sorriso que não chega aos olhos. Cretino. — Você disse que tinha esquecido, sem vingança — relembro, forçando minha voz a intimidá-lo. No fundo, uma parte de mim sempre desconfiou de tudo, Guzman aceitar se retirar da minha vida sem cobrar nada por isso. Tinha certeza que algo estava errado. — Eu não dei a minha palavra em um papel com o meu sangue, amor.  Se fosse assim, seria válido, mas você nunca perguntou — comenta, com um sorriso m*****o. — Eu não sabia! — revido, irritada pela presunção dele. — Então usou meu irmão, não foi? Sabia que ele sempre demonstrou ambição. Ele larga meu rosto abrindo um leve sorriso. — Está tão esperta, Isabela, não sabe o quanto gosto disso — confidencia com um tom rouco. —  Sempre enxerguei a vontade de participar de tudo isso dentro de você, mas aquele medo atrapalhou seus planos. — Não existe mais esse medo em mim. Minha família está com laços com o submundo desde o cargo do meu irmão, inclusive Fernanda é uma opção para o seu harém — digo o nome dela sem remorso. Ela não quer isso? Estou entregando-a sem remorso algum. — Fernanda, entregou o nome de sua irmã sem ao menos pensar nela. — Gargalha.  — A ambição dela é um perigo que deve ser acompanhado. Mas o assunto não é sua irmã, ela não faz parte do submundo. Duas batidas na porta chamam a minha atenção. — Entre — Guzman autoriza meu irmão a entrar em sua sala. — Chamou, chefe? — pergunta o obediente soldado. — Leve Isabela para casa.
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