No momento em que Sayuri cruza a porta de casa, o seu irmão vem até ela rapidamente. Yuki tinha olhos em todos os lugares e já havia sido informado do ocorrido na festa. Ele queria apenas poder pegar Hideo pelo pescoço e apertar até que ele parasse de respirar.
— Me diz que você terminou de vez com aquele i****a. — diz Yuki com os olhos em brasa.
— Sei que já sabe o que fiz, então já tem a resposta da sua pergunta. — diz ela, sentando-se no sofá enquanto retirava as sandálias.
— Sayuri, por favor! O que eu tenho que fazer para você abrir mão daquele i****a? — Yuki não se conformava com aquilo. Ele só queria ver a sua irmã bem, e para ele isso seria possível se ela estivesse com outra pessoa.
— Sei o jogo que ele está fazendo, irmão, e esse jogo é para dois. — diz ela com um sorriso de canto.
Yuki suspira e caminha lentamente até ela. Conhecia a sua irmã e sabia que aquele sorriso no rosto só poderia significar problemas, o que acabaria com ele limpando a bagunça dela.
— Não quero que se machuque, querida. Eu te amo muito. — diz ele, dando um beijo em sua testa.
— Se me ama, me deixe provar para aquele i****a que ele está sendo apenas teimoso. — responde ela, decidida.
— O que está planejando fazer, Sayuri? — pergunta Yuki, apreensivo.
— Não vou dizer nada agora. Em breve você saberá. — diz ela, para a frustração de Yuki.
— Você soube que ele veio aqui romper o compromisso de vocês? — As palavras de Yuki foram ditas de forma lenta e em tom baixo. Ele não desejava que a sua irmã se magoasse ainda mais com aquele assunto.
— Soube sim, e adorei o que vocês fizeram.
Apesar do sorriso, Yuki não se iludia. Ele podia ver aquela sombra que sempre cruzava o rosto de sua irmã sempre que ela falava sobre Hideo. Por mais que ele tentasse entender, jamais compreenderia por que ela simplesmente não o deixava de vez.
— Não tome nenhuma decisão de forma impulsiva. — diz ele.
— Não se preocupe, já chamei reforços para o que tenho em mente. Hideo não vai escapar assim tão fácil. — responde ela, dando um beijo na bochecha do irmão e partindo.
Sayuri entra em seu quarto com um sorriso no rosto. Ela já tinha planejado tudo. Em breve, Hideo descobriria algo que vinha buscando há muito tempo, e que ela sabia que, enquanto ele não tivesse a resposta que queria, não tomaria uma decisão séria na vida.
A água caía sobre o corpo de Sayuri, trazendo-lhe leveza, como se lavasse os sentimentos ruins que a dominavam durante aquele dia. Mas havia algo em tudo aquilo que Sayuri nunca esqueceria: o beijo que ela tinha dado em Hideo. Ela jamais pensou que seu coração pudesse disparar daquela forma. Ela tinha gostado, e Hideo poderia negar, mas ela tinha sentido o quanto aquele beijo havia mexido com ele. Sayuri sai de seus pensamentos com o toque do telefone. Ela apenas estica a mão e alcança o aparelho na bancada do banheiro, atendendo à ligação e colocando no viva-voz.
— Hola, cariño. Estou com saudades.
— Péssima hora para me ligar, Matteo. — diz ela, rindo.
— O que está fazendo? — pergunta ele com a sua voz rouca.
— Estou tomando banho, pode me ligar depois se quiser. — responde ela. A linha fica muda por alguns segundos antes que Matteo respondesse.
— Não faz isso comigo, Sayuri. Você não sabe a inveja que sinto dessa água neste momento. — Sayuri ri com as palavras do amigo. Matteo era um galanteador de primeira e ela amava esse lado dele.
— Você nunca aprende, Matteo. Mas me diga, quando chega? — pergunta ela, enquanto enxaguava os cabelos.
— Amanhã cedo, amor. Deixe a porta do quarto aberta. — diz ele, rindo.
— Se comporte e me ligue quando chegar.
— Pode deixar, amor da minha vida. — diz ele, desligando.
Sayuri gostava de Matteo. Ele era alguém leal e confiável, e acima de tudo, ela sabia que Matteo toparia qualquer coisa que ela quisesse. Eles haviam se tornado amigos anos atrás, quando ela participou de um evento com o seu pai, e desde então, nunca pararam de se falar.
De banho tomado, Sayuri se permite descansar. Ela precisava de sua mente leve para o próximo dia, mas mesmo assim os seus pensamentos insistiam em voltar para o beijo daquele dia. Por mais que ela quisesse dormir, o sono não vinha.
No outro dia, quando Sayuri desce para tomar café, encontra o olhar apreensivo dos pais à mesa, algo que ela tenta ignorar ao se sentar ao lado de Yuki.
— Apenas digam, não me olhem assim. — diz ela, servindo-se de um copo de suco.
— Soubemos o que houve, e saiba que isso não nos agrada em nada, Sayuri. — diz Hyota.
— Eu sei, e em breve tudo isso estará resolvido. — diz ela, enquanto comia sem se preocupar com nada.
Os pais de Sayuri trocam um olhar preocupado. Conheciam a filha e sabiam o quanto ela era impulsiva às vezes. E naquele momento, observando o comportamento dela, temiam que ela aprontasse mais uma vez.
— Filha, o que está pensando em fazer? — pergunta Hana de forma mais delicada.
— Não é o que vou fazer, mãe. É o que já fiz. — responde ela, sorrindo. Todos olham Sayuri com cautela, mas ela permanecia tranquila.
— Sayuri...
— Papai, você e mamãe me prometeram que eu poderia lidar com isso do meu jeito, e é isso que estou fazendo. Apenas esperem e verão o que vai acontecer em breve.
— Não gosto disso. — diz Yuki.
— Nem nós, mas demos a nossa palavra, e precisamos confiar nela. — diz Hana.
— Senhorita Sayuri, o seu convidado chegou. — diz o mordomo, entrando na cozinha acompanhado de um homem. Ao ver de quem se tratava, os pais de Sayuri ficaram em choque.