O homem, sob a mão de ferro de Yuki, suava frio. O silêncio ao redor da mesa era absoluto, como se todos aguardassem o veredito de um juiz implacável. Yuki, com o maxilar trincado e os olhos fulminantes, inclinou-se mais próximo ao ouvido do infeliz. Sua voz era macia e afiada ao mesmo tempo enquanto falava com o homem.
— Você acha que pode abrir essa boca suja pra falar da minha irmã... e sair daqui andando?
O homem tentou balbuciar uma resposta, mas a dor que sentia nos ombros o impedia até de pensar com clareza. Os colegas da mesa, tensos, sequer se mexiam. Todos sabiam bem do que o homem à sua frente era capaz de fazer, já tinham ouvido as histórias, e tudo o que desejavam era sair da sua mira naquele momento.
Yuki o soltou com um empurrão seco, fazendo o homem cair de joelhos ao lado da cadeira. Sem dizer uma palavra, tirou a jaqueta e a entregou ao segurança que já se aproximava, entendendo o que estava prestes a acontecer. O Matsumoto estava prestes a dar uma lição que os homens à sua frente jamais esqueceriam.
— Levanta — ordenou Yuki com frieza.
— P-por favor, senhor... Foi um erro, eu estava bêbado... Não queria ofender...
— Bêbado ou não, a sua língua já falou demais.
Yuki puxou o homem pela gola da camisa e, com um soco preciso no estômago, o fez se curvar de dor. Em seguida, acertou-o com um direto no rosto, fazendo-o cair de costas. Os outros dois homens da mesa se levantaram, hesitando entre ajudar o amigo ou fugir.
— Sentem-se! — rosnou Yuki. Sua voz foi tão firme que os dois obedeceram sem pensar. Não eram loucos de comprar uma briga cujas consequências não podiam arcar.
Com os olhos flamejando, ele se aproximou do homem no chão.
— Você acha que pode rir da dor de alguém como Sayuri Matsumoto? Acha que isso não tem consequência?
— F-fomos idiotas... Foi só uma piada... — disse ele, com a voz tremendo, a mão segurando com força o estômago, ainda sentindo a dor que os punhos de Yuki tinham causado.
— Aqui, piadas têm preço.
Yuki agarrou-o pela camisa e o jogou contra a parede próxima, fazendo um dos quadros decorativos cair com o impacto. O outro homem tentou intervir, mas levou um chute no peito que o derrubou sobre a mesa.
Em poucos segundos, os três estavam caídos, gemendo de dor. O público ao redor assistia em silêncio, temendo até mesmo respirar alto. Todos sabiam que Yuki, apesar de jovem, era o braço mais afiado da família Matsumoto — e, quando se tratava de Sayuri, ele se tornava uma fera sem controle.
Um dos seguranças se aproximou.
— Senhor, deseja que levemos esses três para os fundos?
Yuki respirou fundo, ajeitou as mangas da camisa e voltou a colocar a jaqueta.
— Sim. E que fiquem lá até o sol nascer. Se voltarem a colocar o nome da minha irmã na boca, arranquem-lhes a língua.
Os homens foram arrastados pelos braços enquanto gemiam, sem forças nem coragem para resistir. Yuki retornou ao balcão, pegou seu copo de uísque e o virou de uma só vez. As pessoas o olhavam com assombro, mas não houve comentários — todos podiam ver o quão furioso ele estava.
Sayuri, que havia parado de dançar ao ouvir os gritos, se aproximou, os olhos curiosos.
— O que aconteceu? — Ela conhecia bem o gênio do irmão, e Yuki não tinha tanta paciência quanto todos pensavam.
Yuki olhou para ela, ainda tenso, mas se forçou a sorrir. Ele não permitiria que um assunto como aquele tirasse o pouco de paz que a sua irmã estava tendo.
— Nada com que você precise se preocupar. Só lixo sendo retirado do salão.
Ela arqueou uma sobrancelha, desconfiada, mas não insistiu. Tocou de leve o braço do irmão e sorriu com ternura. Yuki sempre seria seu herói de armadura brilhante.
— Obrigada por sempre cuidar de mim.
— E sempre vou cuidar — respondeu ele, mais sério agora. — Mesmo que o mundo inteiro tente te ferir, Sayuri, vou estar aqui... sempre.
Ela apenas assentiu, com os olhos marejados, e o abraçou ali mesmo, em meio à boate silenciosa que, aos poucos, voltava ao ritmo normal. Ela pegou o irmão pela mão e saiu o arrastando para o salão. Mesmo com uma carranca enorme, Yuki se deixou levar por Sayuri, dançando com ela no ritmo da música agitada que tocava.
Mas ninguém ali jamais esqueceria o que acontecia com quem ousasse desrespeitar uma Matsumoto. O recado de Yuki tinha sido dado.
Era de madrugada quando eles retornaram à mansão dos Matsumoto. Sayuri dormia confortavelmente nos braços do irmão, alheia aos pensamentos que invadiam a sua mente. Yuki subiu as escadas e a colocou com cuidado na cama, retirou as suas sandálias e a cobriu, dando-lhe um beijo na testa antes de fechar a porta e se retirar.
— Me informaram o que houve — disse Kyota assim que o filho fechou a porta.
— Dei uma lição neles — disse ele, com o maxilar trincado de raiva.
— Não se preocupe, filho. Estou lidando com eles neste exato momento. Te garanto que vão se arrepender de suas palavras.
Yuki olhou para os olhos do pai com um sorriso de canto. Poucas pessoas tinham o poder de despertar o pior do velho Matsumoto, e, ao que parecia, os homens na boate haviam conseguido.
— Não vejo a hora de tudo isso acabar, pai. Ela pode se fingir de forte o quanto quiser, mas não sou cego para não ver o quanto essa história está custando a ela. — Pensar na irmã fazia Yuki querer esganar Hideo por suas ações.
— Prometemos a ela, filho. Não podemos falhar com a nossa palavra. Mas quando ela se decidir, ninguém me impedirá de acertar as contas com ele. — Kyota sorria sempre que a sua filha tinha que ouvir uma piada ou brincadeira das pessoas da máfia, mas ele cobraria aquela humilhação. Só esperava que Hideo conseguisse pagar o seu preço.