Capítulo 32

1047 Words
Hideo fazia a sua mala enquanto olhava para a mãe com uma carranca no rosto. Já tinham se passado quinze dias desde o que acontecera com ele, e ela ainda achava que ele não estava pronto para se afastar. — É um encontro de amigos, mamãe. — disse ele, rindo da expressão dela. — Tem mesmo que ir? Pode deixar para a próxima. — respondeu ela com esperança. — Nem pensar, tenho uma aposta a ganhar. — respondeu ele, pensando na luta entre Vito e Max que finalmente iria acontecer. — Você e essas apostas... — disse ela, balançando a cabeça. — Sabia que não desistiria, então pedi ao Jin para te acompanhar. Hideo parou o que estava fazendo e olhou para a mãe. Ele podia ver a preocupação estampada no rosto dela. Largando as suas coisas, foi até ela e lhe deu um abraço apertado. — Não tem lugar mais seguro para eu estar do que o Complexo da Fênix, mamãe. Ricardo é extremamente cuidadoso com a segurança do local. — Aquilo era algo que Hideo jamais questionaria, já que Ricardo fazia de tudo para manter os filhos e as crianças da Fênix seguras. — Mas não custa nada prevenir. — disse ela, sorrindo. Hideo desistiu e apenas deu um beijo na testa da mãe. Faria tudo para deixá-la tranquila enquanto estivesse fora. — Se isso vai deixá-la mais tranquila... — disse ele. — Obrigada, querido. E se cuide. — disse ela, lhe dando um beijo e um abraço. Hideo deixou a sua mãe em casa e partiu para a pista de pouso particular que tinham em Quioto. Assim que chegou, encontrou Jin à sua espera. — Devia dar um beijo na sua mãe por me fazer te acompanhar. Finalmente vou conhecer as lendas! — disse ele, com os olhos brilhando. Hideo bufou. O seu amigo parecia uma criança animada com um presente. Mas ele entendia aquele comportamento — as pessoas da Fênix realmente davam o que falar, e eram poucos os que conseguiam trabalhar com eles. — Muito engraçado. — disse ele, ignorando os comentários de Jin e entrando no jato. — Isso vai ser muito interessante. — disse Jin, enquanto prendia o cinto. — Lembre-se de se comportar, já que vai ser o penetra da festa. — Os olhos de Jin se escureceram. — Estraga-prazeres. — Nossos encontros são bem monitorados, Jin, e Ricardo não costuma receber pessoas que ele não conhece. — A forma como Hideo olhou para o amigo fez com que ele entendesse bem a situação. Lidar com pessoas do submundo também trazia muitos riscos para quem estava com eles. — Sei bem como é isso. — Vou mandar as suas informações para ele, só para ele se prevenir. — disse Hideo, mexendo no telefone. — Mesmo assim, ainda estou feliz por conhecê-los. São poucos os que conseguem. — Verdade. Vai gostar deles, não tem um que não goste. — disse Hideo, lembrando de como havia sido arrastado para a Fênix por Ricardo, e como nunca mais quis sair depois disso. Após mandar mensagem para Ricardo, recebeu apenas um positivo como resposta. Sabia que o amigo iria investigar a vida de Jin até antes do seu nascimento. O voo foi tranquilo e sem maiores transtornos. Em poucas horas, pousaram na pista particular de Ricardo, no complexo. Quando a porta se abriu, Hideo encontrou Klaus à sua espera. — Como está, garoto? — perguntou ele, dando-lhe um abraço. — Estou bem. — Soube que teve problemas recentemente. — disse Klaus, de forma sugestiva. — Nada que linha e agulha não consertem. — disse, com um sorriso de canto. — Precisa ser mais cuidadoso. — Vou ser, não precisam se preocupar. — respondeu, mas Klaus apenas bufou, balançando a cabeça. — Deixe-me apresentar o meu braço direito. Este é Jin. — Bem-vindo. — disse Klaus, apertando a mão dele. — Obrigado por me receber. — Se Hideo confia em você, vamos lhe dar o benefício da dúvida. — Jin sabia exatamente o que ele queria dizer, e entendia o motivo. — Não vão precisar se preocupar comigo. — respondeu Jin. — Para o seu bem, esperamos mesmo. — disse Klaus, já pegando a bagagem de Hideo. — Vamos, o Aurélio já começou as apostas. — Aquele filho da mãe... essa é minha. — disse Hideo, entrando no carro. — As coisas estão animadas por aqui. Essa luta promete. — respondeu Klaus. — E como estão a Síria e as crianças? — Estão bem. Ela chegou agorinha de uma missão, e as crianças estão na sala de recreação. Está cada dia mais difícil mantê-los quietos. — respondeu, rindo, ostentando no rosto um olhar orgulhoso pela família que construiu. — Está falando da assassina? — perguntou Jin, animado. Klaus olhou para ele pelo retrovisor e riu da expressão dele. — Sim, Síria continua sendo a melhor. — respondeu ele. — Isso vai ser incrível. Vou adorar conversar com ela. — respondeu Jin. — Apenas lembre-se de manter uma distância adequada da minha mulher, rapaz, a menos que queira perder alguma parte do corpo. — disse Klaus, com um olhar sugestivo. — Não se preocupe, quero apenas poder falar com ela. Afinal, ela é uma lenda no nosso mundo. — Continua tão ciumento como sempre. — disse Hideo, balançando a cabeça. — Eu sei o tesouro que tenho, Hideo, e sei valorizar a minha mulher. Então acho que esse ciúme jamais vai desaparecer. Cinco minutos depois, o carro parou na porta da mansão de Ricardo. Eles entraram rapidamente, e Hideo observou a bagunça que o lugar estava. Ele podia ouvir a risada de Aurélio na sala, e aquilo o fez rir. Ali, ele estava em paz. Todos os seus demônios, dominados. — Olha quem chegou! — disse Klaus, assim que entraram na área de lazer da mansão. — Nosso caçulinha chegou! — disse Aurélio, assim que o viu. — Pode parar, o Nerone é bem mais novo que eu. — disse Hideo, mas Aurélio já havia se aproximado e apoiado o braço sobre seu ombro. — Sempre será nosso caçulinha, já que o Nico perdeu esse posto. — Graças a Deus por isso! — gritou Nico de longe. Era disso que ele precisava: um momento com a sua família maluca. Para Hideo, aquilo era ter paz.
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