Capítulo 9

1012 Words
Sayuri olhava para Hideo e sentia vontade de rir. Ele havia fugido tanto dela para terminar justamente em seus braços... Aquilo era cômico. O carro corria pelas ruas de Tóquio. Ela tinha pressa em chegar ao hospital, já que ele havia perdido muito sangue. — Sayuri? Está na linha? — chama alguém pelo ponto em seu ouvido. — Estou ouvindo — responde. — Quais as suas ordens? — Matem todos. Não quero ninguém vivo quando a polícia chegar — diz ela com um suspiro. — Ou melhor, levem algum deles para os meus bichinhos. — Será feito — diz a voz no seu ouvido. Rapidamente, o carro estaciona na entrada do hospital da máfia. O médico já os aguardava com uma maca e alguns enfermeiros. Sayuri ajuda a colocar Hideo na maca e acompanha o médico. — Em breve trarei notícias, senhorita — diz o médico antes de entrar na emergência. Sayuri se senta em um banco do lado de fora, com os olhos fixos na porta à sua frente. Ela não desejava que Hideo tivesse se machucado, mas ele era orgulhoso demais para pedir ajuda, e o resultado quase foi desastroso. Ele teve sorte dela ter recebido uma mensagem informando sua localização e o perigo que corria — algo que ela ainda iria investigar, é claro. — Irmã! — Ao som daquela voz, Sayuri se vira a tempo de ver seu irmão correndo até ela, os olhos transbordando de preocupação. Ele se aproxima, a puxa para si e começa a examinar seu corpo em busca de algum ferimento. — Estou bem, irmão. Não sou nenhuma amadora — responde com um sorriso de canto. — O que houve, Sayuri? Me informaram que minha irmãzinha estava indo resgatar alguém. Ficou louca, irmã? — diz ele, passando a mão pelos cabelos. — Sabe que sei me cuidar, Yuki. E se eu não tivesse ido, ele estaria morto agora — diz ela, sentando-se novamente. — Quem é tão importante para você ter saído neste temporal para resgatar? — pergunta ele, divertido, sentando-se ao lado dela. — É o Hideo — diz ela. — O quê?! — diz seu irmão, surpreso. Ela entendia bem aquele comportamento dele — afinal, ela o perseguia há muito tempo. Sayuri não queria ser um peso para Hideo. Seu único desejo ao ir atrás dele era conhecê-lo melhor, já que estariam casados em breve. Mas ele era bom em fugir, e ela fingia que não sabia onde ele estava para lhe dar espaço. Porém, aquilo tinha terminado. Ela não fecharia mais os olhos para a fuga de seu noivo. Algo que Hideo descobriria em breve é que Sayuri o havia escolhido. E quando ela escolhia alguém, essa pessoa era sua — algo que ela faria questão de que ele soubesse. — Por mim, podia ter deixado morrer, esse abusado — diz Yuki com um bico enorme. Ele achava uma afronta o fato de Hideo recusar sua amada irmã, a joia da família. Yuki sente um beliscão no braço e, quando se vira, encontra o olhar sombrio da irmã. — Por que fez isso? — Não ouse falar assim dele, Yuki! Ele é meu noivo! — Yuki suspira. Sabia que aquela briga com sua irmã não resultaria em nada. — Apenas saiba que, se ele ousar te magoar, vou acabar com a raça dele, Sayuri. Ele não te merece — diz, abraçando-a apertado. — Vai por mim, irmão, não adianta ele tentar fugir. Eu sempre pego o que quero. — Sei que vai conseguir. Tirar a paz de pobres mortais é sua especialidade, irmã — diz ele, rindo da expressão chateada dela. Sayuri apenas se permite ficar apoiada em seu irmão. Ela precisava daquele apoio. Seu coração tremia só de pensar que Hideo pudesse ter morrido. Não, ela não se permitia pensar naquilo. Durante anos, Sayuri havia observado Hideo nas sombras, sempre acompanhando seus passos. A menina havia crescido, e junto com ela o carinho que sentia por ele — algo que ele desdenhava naquele momento com todas as suas forças. A porta da sala de emergência se abre lentamente. O coração de Sayuri se aperta assim que a figura do médico passa por ela, vindo em sua direção. — Como ele está, doutor? — pergunta ela, tentando controlar suas emoções. — Ele está bem. É um homem forte, senhorita — diz o médico, sorrindo. — Levou alguns pontos, mas fora isso está bem. Precisa apenas descansar um pouco. Aquelas palavras trazem um bálsamo de alívio ao coração angustiado de Sayuri. Ela se permite respirar aliviada, apoiada em seu irmão. — Cuide dele, doutor. Qualquer coisa que ele precise, basta me ligar — diz ela antes de se virar e sair sem olhar para trás. Yuki observava, surpreso, aquele comportamento da irmã. No mínimo, esperava que ela cuidasse dele naquele momento difícil. Mas, ao que parecia, Sayuri estava decidida a dar um bom gelo em seu noivo fujão. Um sorriso curva os lábios de Yuki. Ele iria adorar aquela disputa entre os dois. Conhecia o temperamento da irmã e sabia que Hideo estava perdido ao ter que lidar com ela. — Espere, Sayuri! — grita ele atrás dela. — Não vai ficar com ele? — Eu quero matá-lo — diz, fechando os punhos com força. Agora que sabia que ele ficaria bem, sua única vontade era esganá-lo por se colocar em perigo da forma que fez. — Às vezes você me assusta — diz ele, caminhando ao seu lado. Sayuri não responde. Apenas continua andando em direção à saída. No momento em que entra no carro com o irmão, pega o telefone e manda uma mensagem para a mãe de Hideo, informando onde ele estava. Ela sabia o quanto Mei se preocupava com o filho e não queria vê-la triste por bobagem. Yuki observava o rosto da irmã com um misto de sentimentos. Em breve, teria uma conversa com Hideo. Não permitiria que ele continuasse fazendo o que fazia com Sayuri. Para ele, homens não fugiam de compromissos — eles os honravam. E ele pretendia cobrar aquilo do futuro líder da Yakuza.
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