Capítulo 10

1011 Words
Hideo se sentia desorientado. Seu corpo doía um pouco, mas nada que ele não pudesse suportar. Quando abre os olhos, encontra sua mãe sentada à sua frente, segurando uma de suas mãos. Ele suspira aliviado ao entender o que tinha acontecido. Quando Hideo pensa na sua noite de aventura, algo estala em sua mente, como se fosse uma pequena luz em um quarto escuro. Rapidamente, ele se vira, os olhos procurando uma certa silhueta pelo quarto de hospital. — Ela não está aqui — diz Mei, ao ver a forma como Hideo procurava Sayuri pelo quarto. Os olhos de Hideo se voltam rapidamente para sua mãe. Ele podia ver a preocupação brilhando nos olhos dela. Sabia que a tinha preocupado, mas em sua mente era algo fácil e rápido — o que se provou uma mentira quando chegou lá e viu a quantidade de pessoas nos navios. — Quem é ela? — pergunta ele, curioso para saber a quem devia sua vida. Uma dívida de sangue, para Hideo, era sagrada, e não importava quem fosse, ele pagaria com juros pelo que foi feito. — Sayuri, Hideo. Quem mais seria? — pergunta sua mãe, confusa. Parecia que Hideo havia congelado no lugar. Seu corpo estava parado, estático na cama. Ele se recusava a dever algo à pessoa que evitava todos aqueles dias. Não ela. Parecia que o destino havia transformado sua vida numa piada c***l — afinal, ele devia justamente à pessoa que não desejava encontrar tão cedo. — Aposto que ela já deve ter ido até vocês para cobrar essa dívida — diz ele, bufando. Mei se aproxima mais e lhe dá um tapa na testa. — Ai, mãe!? Hideo alisava a testa, alheio aos olhos sombrios da mãe. Quando ele se vira, para na hora. Aquele era um olhar que ele não via há muito tempo, e naquele momento não desejava que fosse dirigido a ele. — Não fale dela dessa forma, Hideo. Eu não vou permitir! — diz ela de forma firme. Mei lamentava a cegueira que dominava o filho em relação a Sayuri, mas ela abriria seus olhos, nem que fosse à força. — Mãe... — Sayuri não pediu nada. Ela o salvou, te trouxe para o hospital e apenas me mandou uma mensagem avisando que você estava aqui! Aprenda a ser mais grato. — Aquilo não era o que Hideo esperava ouvir da mãe, e ao ver a forma como ela o olhava, sabia que a tinha deixado muito chateada. — Eu vou pagar essa dívida, mamãe — diz de forma firme. — Essa é a questão, filho. Sayuri não quer nenhum pagamento. Ela foi clara ao dizer que qualquer forma de compensação seria vista como um ato de zombaria com sua boa vontade. Não podemos fazer nada — Mei lamentava aquilo. Já tinha preparado um presente à altura para Sayuri, mas sua futura nora havia acabado com seus planos. A cabeça de Hideo dava voltas, mas ele não podia dizer muita coisa, pois nunca se permitiu conhecer Sayuri. Não desejava se aproximar dela e, por isso, quanto menos informações tivesse, melhor. — Vou falar com ela depois — diz ele a contragosto. Por mais que não desejasse ver Sayuri, sabia que devia, ao menos, um agradecimento por sua ajuda. — Faça isso — diz Mei, suspirando, agora mais tranquila. — Me assustou, filho. Sempre serei muito grata à Sayuri por tê-lo ajudado. Hideo não responde à mãe. Sua mente estava voltada para o que tinha acontecido, a raiva dominando seu corpo ao pensar que em breve acertaria as contas com as pessoas que tentaram matá-lo. Ele não era misericordioso, e aquelas pessoas saberiam bem o que acontece ao se mexer com ele. — Pelo que vejo, o meu paciente está bem melhor — diz o médico entrando com uma enfermeira. — Sim, me sinto melhor, doutor. Estou pronto para ir para casa — diz ele. — Tem certeza de que não está sentindo nada? Ainda precisa cuidar desse ferimento — insiste o médico. — Estou bem, doutor. E posso fazer o curativo sem nenhum problema. — Eu não duvido disso, senhor. Bem, não há nada que me faça prendê-lo aqui. Se me garantir que vai se cuidar, vou lhe dar alta. — Pode deixar, doutor. Ele seguirá à risca suas dicas — diz Mei, olhando para o filho com a sobrancelha arqueada. Ele apenas suspira, se deixando cair sobre os travesseiros. — Vou cuidar dos papéis. Enquanto isso, nossa enfermeira trocará seus curativos — diz o médico. — Apenas seja rápido — pede Hideo. — Como desejar — responde o médico, se retirando. Hideo estava em silêncio enquanto a enfermeira trocava seu curativo, seus pensamentos perdidos em Sayuri e em uma forma de compensá-la pelo que havia feito por ele. — Prontinho, senhor. Já pode ir — diz o médico, entregando uma lista de remédios para Hideo. — Aqui tem tudo o que vai precisar e os horários que deve usar. Espero que tenha uma boa recuperação. — Obrigado, doutor. Hideo se levanta com a ajuda da mãe e deixa o hospital. — Direto para o meu apartamento — diz ele ao motorista, assim que entram no carro. — Nem pensar, filho. Eu vou levá-lo para casa e cuidar de você — diz Mei. — Sei que está preocupada, mamãe, mas eu estou bem. E, no momento, só quero ficar em paz, sem precisar me preocupar com certos olhares — Mei não precisava perguntar para saber que o filho falava do pai. Ela apenas desejava que eles pudessem, algum dia, deixar aquela briga de lado e se resolver como deveriam. — Não vou insistir, te conheço o suficiente para isso. Mas vou passar lá todos os dias para ver se está se cuidando como se deve — Hideo sorri. Ele amava aquele cuidado da sua mãe. — Leva aquela sopa que gosto. O médico disse que preciso me alimentar bem — diz ele com olhos pidões. — Menino travesso, não precisa fazer essa cara para ser mimado — diz ela, achando divertida a expressão do filho.
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