Capítulo 47

1004 Words
O som ritmado dos passos ecoou pelo corredor de mármore, cada passada marcada pela elegância de quem sabe que o mundo pode ser moldado pela sua simples presença. Matteo entrou na sala de café da manhã com um meio sorriso nos lábios, os olhos escuros como a noite vasculhando cada rosto como se calculasse mentalmente o risco de todos ali — e, ao mesmo tempo, fosse apenas mais um velho amigo chegando para a refeição. Sayuri foi a primeira a se levantar, o sorriso largo se abrindo sem reservas. Os seus olhos brilharam como se a presença dele fosse um raio de sol em meio à tempestade que vivia nos últimos dias. — Matteo! — disse ela, atravessando a sala com passos apressados e um brilho nos olhos que não se via há tempos. — Você veio mesmo… Ele abriu os braços e a envolveu em um abraço firme, mas breve — o suficiente para ela sentir o conforto, e o mundo sentir o respeito. — Mi reina japonesa, eu sempre venho quando você chama. — murmurou ele, ainda com aquele sotaque arrastado e charme perigoso. — Mesmo que seja para tomar chá e fazer cara de bom moço. A família observava a cena com expressões que mesclavam alívio e curiosidade. Yuki levantou-se e cumprimentou Matteo com um aperto de mão firme, mas respeitoso. — Príncipe escarlate… — disse Hyota, levantando-se com dignidade para cumprimentar o convidado, um sorriso brincava em seus lábios. — É bom vê-lo mais uma vez em nossa casa. — Senhor Hyota. Senhora Hana. — Matteo curvou levemente a cabeça, num gesto inesperadamente cortês vindo de um homem que certa vez fez um banqueiro desaparecer com um sorriso no rosto. — Obrigado por me receberem com tanto carinho. Prometo não causar nenhum escândalo antes do almoço. Todos riram, mesmo sabendo que com Matteo, as promessas eram apenas parte do charme. Enquanto todos se sentavam novamente, Matteo ocupou o lugar ao lado de Sayuri, como se aquela cadeira lhe pertencesse por direito. A conversa logo girou em torno de amenidades — a diferença entre os cafés j*******s e mexicanos, as aventuras culinárias de Matteo em Marrakesh, e até uma breve história sobre uma vez em que ele foi confundido com um ator em Paris. — Uma senhora jurava que eu era um tal de Diego Luna… só que armado até os dentes. — brincou, arrancando risos até de Yuki, que normalmente era o mais sério. Apesar do tom leve, havia algo em Matteo que jamais se apagava: um brilho nos olhos, um cuidado com as palavras, como se cada frase pudesse virar uma ameaça sutíl se o ambiente mudasse. Ele era o tipo de homem que contava piadas como quem guarda lâminas sob a língua. Sayuri o observava com carinho, mas também com atenção. Ela sabia que Matteo não via fronteiras entre o certo e o errado — apenas entre o que era aceitável ou não, segundo o próprio código. — E como foi o voo? — perguntou Hana, servindo mais chá. — Longo. Silencioso. Cheio de lembranças. — respondeu ele, lançando um olhar breve a Sayuri. — Mas nada que um bom café japonês não resolva. Sayuri sorriu. Matteo estava ali, e isso era tudo o que ela precisava por agora. E, naquele momento, todos sabiam: com o Príncipe Escarlate na casa, Sayuri estaria segura. Mas o mundo à sua volta? Esse, talvez, tivesse motivos para temer. — Sabe que é sempre bem vindo Matteo, é da família. — Diz Hana com um sorriso discreto. Ela era grata pela presença de Matteo, pois sabia que Sayuri ficaria bem ao lado dele, no pior da vida da sua filha era o mexicano de olhar assustador sentado a sua frente que havia lhe ajudado, e isso Hana jamais esqueceria. — Minha esposa está certa Matteo, fique o tempo que precisar, você é de casa. — Diz Hyota sorrindo. — Desta forma vou acabar roubando os seus pais de você Sayuri. — Diz ele passando o braço pelo ombro dela e a puxando para si. — Pode tentar, mas não vai conseguir. — Diz ela rindo. Metteo era a alegria de Sayuri em dias escuros, ele era a força que ela sempre recorria quando sentia que o seu mundo estava virando um caos. — Como estão as coisas na sua organização? — Pergunta Yuki. — Faz tempo que não vou lá. — Sinto falta de você por perto, meu amigo. Sei apreciar um bom aliado e amigo. — Diz ele com um olhar sugestivo no rosto. Yuki apenas desvia o olhar rindo, ele sabia que Matteo jamais esqueceria das noites de caçadas deles no México. — Assim que tiver uma folga eu vou te fazer uma visita. — Responde ele. — Essa é a desvantagem de ter você por aqui, Metteo. — Diz Sayuri ainda presa em seu abraço balançando a cabeça. — Por que diz isso minha, mi muñeca encantadora? — Sayuri sorri ao ouvi-lo a chamar de boneca charmosa, Matteo era um conquistador nato, e ela tinha sentido falta daquele lado dele. — Você nunca aprende, não é mesmo. — Diz ela balançando a cabeça, ele apenas ri. — Não se preocupe, minha irmãzinha, sei que em seu coração só existe uma pessoa. — Responde com a voz mais suave. Na ponta da mesa Hyota olhava para a forma que Sayuri e Matteo conversavam com alegria, ele queria que a sua filha pudesse dar uma chance a sua felicidade e esquecer o herdeiro da família Shinoda, mas conhecendo a sua filha como ele conhecia, podia ver nos seus olhos que isso não aconteceria. — Que bom que sabe, porque foi por isso que te chamei aqui. — Diz ela sorrindo. Ao olhar bem para Sayuri, Matteo sente um arrepio subir por sua espinha, ele conhecia bem aquele sorriso, e ele significava confusão, algo que ele adorava. — Me diga Sayuri. O que tem em mente princesa? — Pergunta ele já imaginando as palavras que deixariam a boca de sua amiga.
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