Capítulo 17

1006 Words
Eles entram em um bar da Yakuza e se sentam em uma mesa afastada das outras. Hideo podia ver que Ricardo estava muito tranquilo com tudo aquilo, então a sua conversa com ele não deveria ser nada muito difícil. — Pelo que vejo, você tem tido dias ruins — começa Ricardo, tomando um gole da sua bebida. — Mais do que você pode imaginar — responde ele com pesar. Era difícil esconder algo de Ricardo. Ele sempre sabia o que estava acontecendo com as pessoas de quem se importava, e Hideo era grato por ele ser alguém discreto e guardar os seus segredos. — Eu me preocupo com você, garoto, mas infelizmente tem coisas que eu não posso fazer. Apenas você pode — os olhos de Ricardo olhavam Hideo sem nenhuma emoção. O seu amigo não merecia pena pelo que passava, e sim respeito, algo que ele sempre teria. — Eu sei, Ricardo, e sou grato pelo seu cuidado. Vou resolver isso — as palavras deixavam a boca de Hideo sem nenhuma esperança de que as coisas realmente fossem melhorar. Esperança era algo que ele não tinha já fazia um tempo. — Apenas fique bem e se cuide. Não me faça por alguém para ficar de olho em você — aquilo faz Hideo rir. Às vezes, Ricardo era protetor demais para ele, mas de certa forma ele gostava daquele cuidado, sentia-se acolhido e seguro com o apoio dele. — Não precisa exagerar, eu estou bem agora. Ninguém vai tentar me matar novamente — responde ele. — Eu não estava falando do atentado, Hideo, e você sabe bem disso — Hideo encara os olhos de Ricardo. Aqueles olhos que eram o terror de tantas pessoas, mas que para ele tinham um significado diferente. Ele suspira, recostando-se em sua cadeira. Odiava que Ricardo soubesse da sua situação com o pai. — Não precisa se preocupar. Tenho o meu apartamento e não fico muito na casa dele. Vou ficar bem — diz ele. — Mas, por via das dúvidas, vou deixar alguém de olho em você — diz Ricardo com um brilho diferente nos olhos, o que alerta Hideo. — Quem? — pergunta ele, já se arrependendo. — Alguém que vai adorar ficar de olho em você, garoto — diz Ricardo, se levantando e parando à frente dele. — Aposto que Sayuri vai adorar essa tarefa. O corpo de Hideo congela com aquelas palavras. Ele levanta a cabeça rapidamente e encontra o sorriso de Ricardo ao encará-lo. — Não pode estar falando sério? — Estou, e não importa o que me disser, não vou mudar de ideia — diz já saindo. — Descanse bem. — Ricardo! Não pode estar falando sério! Ricardo!? — Não adiantava chamá-lo, Ricardo já tinha partido, deixando-o para trás com um grande problema. Hideo continua no bar depois da saída de Ricardo. Um drink após o outro, ele continuava bebendo, sem se importar com a quantidade ou a hora. Em sua mente, não haveria ninguém o esperando em casa de toda forma, então ele não precisava se preocupar com aquilo. Memórias da noite rondavam a sua mente a cada gole que dava. Os olhos magoados de Sayuri ainda o assombravam terrivelmente, e ele se sentia péssimo pelo que tinha feito. — Vamos embora — ao som daquela voz, Hideo se vira rapidamente. Ali estava ela, a dona dos seus pensamentos conturbados, se materializando bem diante de seus olhos. — Eu... eu não preciso de babá — diz ele, com a fala enrolada, voltando a beber. — Eu estou dizendo que vamos embora — repete ela com a voz mais firme, mas Hideo não lhe dá moral e volta a beber. Sayuri olhava chateada para Hideo. Ele estava visivelmente bêbado e exposto no bar. Quando ele pega o copo novamente, ela o arranca das suas mãos e o joga contra a parede. As poucas pessoas que estavam no bar a olhavam assustadas. — Se não vai ver por bem, vai ser por m*l, Hideo. Você escolhe — diz ela com raiva. — Você não manda em mim, Sayuri. Vá embora — diz ele, tentando alcançar a garrafa que estava em cima da mesa. Sayuri ferve de raiva com aquilo e, em um ato impulsivo, arranca a garrafa das mãos de Hideo e a quebra em sua cabeça, desacordando-o. — Ficou louca, senhorita? Ele é o herdeiro da Yakuza! — diz o gerente do bar, correndo até eles. Os seus olhos desesperados ao ver Hideo desacordado sobre a mesa a sua frente. — Eu sei. Esse i****a é meu noivo — diz ela com o maxilar serrado. O homem a olhava com espanto diante daquelas palavras. — Noivo? — Sim. Não precisa se preocupar. Vou levá-lo para casa — diz ela com um suspiro. Sayuri pega o telefone e manda uma mensagem. Segundos depois, um homem entra às pressas no bar. — Traga ele, Luck — diz ela, já passando pelo homem. — Sim, senhorita — Luck pega Hideo nos braços e acompanha a sua chefe. Ele o coloca no banco de trás, ao lado de Sayuri, e entra na frente, ao lado do motorista. — Para o apartamento dele no centro. — Sim, senhorita — responde o motorista. Sayuri tinha ficado surpresa quando Ricardo a ligou. Ela conhecia Ricardo apenas pelo que os outros diziam e pela única vez em que havia entrado em contato com ele para saber se Hideo estava bem. Então, não esperava que ele fosse procurá-la. Mas, quando ele disse que estava preocupado com Hideo e desejava que ela o mantivesse na linha, não havia como negar aquele pedido, já que ele a tinha mantido informada sobre Hideo durante os últimos meses. Sayuri tinha que admitir que admirava a forma como Ricardo agia e cuidava dos seus. Ela olhava para Hideo dormindo ao seu lado com gratidão por ele ter pessoas que se preocupavam com ele da forma como o líder da Fênix fazia. Ela tentaria cumprir aquela promessa a Ricardo: cuidaria de Hideo, mesmo que ele não desejasse a sua presença.
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