Hideo a encarava com intensidade. O seu peito subia e descia de forma descompassada, tentando controlar a tempestade de emoções que se formava dentro dele. Os seus olhos percorreram o rosto de Sayuri como se memorizassem cada detalhe: o contorno delicado das sobrancelhas, a curva suave das bochechas coradas, e então pararam na boca dela.
Os lábios de Sayuri estavam entreabertos, a respiração irregular, como se ela também estivesse sentindo o peso daquele momento. Hideo não conseguia desviar o olhar, o seu coração martelava no peito, batendo mais rápido do que nunca.
Sem conseguir se conter, ele se inclinou, aproximando-se ainda mais. Com um gesto firme, mas cheio de cuidado, retirou o cinto de segurança que a prendia e, num único movimento, puxou Sayuri para seu colo.
O mundo pareceu parar. Nada mais existia — apenas ela, apenas ele, e aquela tensão elétrica que os envolvia.
Hideo deslizou uma das mãos pela cintura dela, sentindo o calor da pele sob a roupa, enquanto a outra subia para acariciar de leve a nuca de Sayuri. Os seus olhos buscaram os dela uma última vez, como pedindo permissão silenciosa. Então, sem esperar resposta, ele a beijou.
A mão de Hideo pressionava o rosto de Sayuri contra o seu, a sua língua invade a boca dela sem aviso, sem delicadeza, como se ele quisesse a punir pelo que tinha feito minutos atrás. Ele esmagava os seus lábios nos dela arrancando pequenos gemidos dos seus lábios.
Sayuri estava perdida em meio aquele beijo, o seu corpo estava em chamas a medida que a mão de Hideo a pressionava mais contra si. Ela envolve as suas mãos no seu rosto se afastando dele com a respiração agitada.
Os olhos de Hideo era algo que Sayuri jamais esqueceria em sua vida, eles brilhavam com o mais vivido desejo, os seus lábios avermelhados pelo beijo que tinham trocado.
— As coisas por aqui não são como você quer Hideo. — Diz ela com um sorriso de canto. Sayuri se abaixa e desliza a língua pelo pescoço dele até chegar a sua orelha onde ela dá uma pequena mordida, a sua mão adentra a camisa dele sentindo o contato da pele dele com a sua. Ao ouvir os gemidos de Hideo, Sayuri sorri, ela se inclina e chupa o pescoço dele deixando uma marca enorme no lugar.
Sem poder se conter Hideo a puxa novamente para si tomando a sua boca.
Foi um beijo intenso, faminto, carregado de toda a saudade, de toda a raiva, de todo o amor reprimido que ele não sabia que sentia. Sayuri arfou contra os seus lábios, surpresa, mas não recuou. Pelo contrário, correspondeu ao beijo com a mesma intensidade, as mãos se agarrando à camiseta dele como se o mundo pudesse desmoronar a qualquer momento.
O gosto dela invadiu os seus sentidos, doce e inebriante. Hideo sentiu como se estivesse respirando pela primeira vez depois de um longo tempo submerso. Cada toque, cada suspiro, cada tremor de Sayuri alimentava o desejo que queimava dentro dele.
Ele a segurava com firmeza, como se temesse que ela desaparecesse se afrouxasse o toque. A raiva de minutos antes se dissolveu, substituída por algo muito mais avassalador: um amor que ele não sabia que era capaz de sentir.
Quando finalmente se afastou, apenas o suficiente para encarar Sayuri, os seus olhos estavam escuros de emoção.
— Você é minha, Sayuri. Sempre foi. Sempre será. — murmurou contra os seus lábios, a voz rouca de desejo e promessa.
Sayuri afastou-se levemente, ofegante, tentando recobrar o fôlego e organizar os pensamentos que pareciam ter sido varridos pela intensidade do beijo. As suas mãos ainda repousavam no peito de Hideo, sentindo o coração dele batendo tão rápido quanto o seu.
— Hideo... — sussurrou ela, sem conseguir formular uma frase completa.
Ele apenas a observava, ainda segurando-a com firmeza, como se temesse que qualquer movimento pudesse afastá-la para sempre. Hideo não queria falar, não queria quebrar aquele momento mágico e frágil que existia entre eles.
Sayuri, porém, precisava de respostas. Precisava entender o que aquilo significava.
— Você não pode simplesmente... fazer isso — disse ela, a sua voz saindo embargada. — Depois de tudo...
Hideo passou a mão pelos cabelos, frustrado.
— Eu sei. Eu sei que errei, Sayuri. — Seu olhar era uma mistura de dor e sinceridade.
Ela piscou, surpresa com a honestidade dele.
— Você pediu o fim do nosso noivado, Hideo. Disse que não me queria mais...
Hideo fechou os olhos por um momento, como se a lembrança fosse uma faca cravada em seu peito.
— Eu era um i****a. — A voz dele saiu baixa, rouca. — Estava com medo... medo de te machucar, medo de não ser bom o suficiente pra você, de te envolver em todos os problemas que me rondam.
Sayuri o olhava em silêncio, absorvendo cada palavra.
— Não pense que será assim tão fácil, Hideo Shinoda — disse ela, sua voz quase um sussurro. Sayuri alcança a maçaneta da porta e abre saindo e o deixando, só então ela percebe que ele a havia trazido de volta para sua casa.
Hideo suspira e com um praguejar desce do carro batendo a porta.
— Agora eu quero lutar por você, Sayuri. Quero provar que sou digno de você. — Seus olhos se encontraram novamente, intensos. — Se você ainda me quiser...
— As coisas não são como você quer Hideo, se ralmente me quiser vai ter que provar isso. — Diz ela dando as costas para ele.
Hideo corre até ela e segura a sua mão antes que ela entrasse em casa.
— Me diga que vai parar de ver aquele i****a. — Diz com os dentes trincados de raiva.
Sayuri sorri e se aproxima dele envolvendo os seus braços em torno do pescoço dele. Ela aproxima os seus lábios dos dele colando o corpo deles, mas no último minuto desvia alcançando a sua orelha.
— Você não manda em mim. — Sussurra no seu ouvido e o empurra para longe entrando em casa.
Hideo olha para ele partir com uma carranca no rosto, ele pragueja diante da resposta dela. Ao seu lado o som de uma risada enche o ar, ao se virar ele encontra os olhos escuros de Matteo o encarando.
— Tenho até dó de você Shinoda, a minha princesa sabe ser c***l. — Diz ele.
— Cala a boca! E não fale da minha noiva desse jeito. — Responde.
— Retiro o que eu disse. Vou me divertir um bocado com o seu sofrimento. — Diz Matteo entrando na casa com uma risada divertida. Hideo apenas observa ele partir queimando de ódio.