Alguns minutos depois, Mei entra no quarto com uma bandeja nas mãos. Ela percebe o quanto Hideo e Sayuri estavam distraídos na conversa e se arrepende de ter entrado naquele momento. Era bom não vê-los se matando como sempre acontecia. Um sorriso curva os seus lábios ao ver a tranquilidade dos dois enquanto conversavam de forma serena.
— Desculpe atrapalhá-los — diz Mei, aproximando-se e colocando a bandeja sobre a mesinha ao lado. Ela se vira para encontrar os olhos do filho e apenas enxerga a tranquilidade que havia neles.
— Está tudo bem, tia Mei. Já resolvemos o que era preciso — diz Sayuri, levantando-se. Mas, quando tenta soltar a mão da de Hideo, ele não permite, segurando-a no lugar. — Me solte.
— Não. E você não pode bater em alguém que não está em condições de se defender — responde ele com um sorriso de canto.
Sayuri olha para ele, surpresa com a tamanha cara de p*u do homem à sua frente.
— Pode ficar, querida. É bom que você o faça comer alguma coisa — diz Mei de forma tranquila. O susto que ela tinha levado havia passado, e tudo o que desejava naquele momento era ver o seu filho se recuperando o mais rápido possível.
— Não, tia Mei...
— Está tudo bem, Sayuri. Apenas o ajude — diz ela, divertindo-se com o quanto Sayuri estava envergonhada.
— Mãe, eu gostaria de me sentar. Não dá para comer nada desse jeito — diz ele. Hideo ainda estava de barriga para baixo na cama, o rosto apoiado em alguns travesseiros. Por causa da gravidade dos ferimentos, ele não podia se deitar de costas, ou as feridas poderiam piorar.
— Não acho uma boa ideia — diz ela.
— Por favor. Prometo que vou me comportar — diz ele com olhos pidões.
— Está bem. Mas vai ter que se comportar — diz ela, cedendo. — Vou ver se encontro alguém para me ajudar.
— Obrigado, mãe — diz ele com um sorriso no rosto.
Sayuri olha para Hideo com um olhar reprovador. Ele poderia ser um adulto, mas naquele momento agia mais como uma criança fazendo birra por algo.
— Por que está me olhando assim? — pergunta Hideo.
— Você é impressionante, sabia? Está manipulando ela — diz ela.
— Não. Apenas uso o que sei — diz ele, dando de ombros. Mas, ao fazer isso, sente as feridas nas costas pressionarem umas contra as outras e arfa com a dor que o envolve.
— O que foi? Você está bem? — pergunta Sayuri, ajoelhando-se ao lado dele e olhando em seu rosto, preocupada.
Hideo aproveita aquele momento de distração de Sayuri e solta a mão dela, segurando com força sua nuca, mantendo-a no lugar.
— Tenho um ótimo jeito de você fazer a minha dor passar — diz ele com um sorriso de canto.
Os olhos de Sayuri se arregalam quando Hideo a puxa em sua direção, a sua mão segurando com força sua nuca, impedindo-a de fugir de seu alcance. E ela, temendo que ele se machucasse, apenas se deixa levar, os olhos reféns dos dele.
Diferente do que Sayuri imaginava, quando os lábios de Hideo tocaram os seus, não havia a agressividade que ela vira em seus olhos segundos atrás. Havia apenas uma gentileza calma e envolvente que a fazia relaxar em sua presença. A cada toque delicado, Sayuri sentia o seu corpo se arrepiar e se pegava retribuindo aquele beijo doce com prazer.
Hideo era seu, disso ele jamais poderia negar. Ela tinha lutado muito para tê-lo e não abriria mão de seu noivo. E, quanto mais pensava sobre aquilo, mais intenso o beijo que compartilhavam ficava. As mãos de Sayuri envolvem o rosto de Hideo, pressionando-se contra ele, a sua língua explorando a sua boca cálida com prazer evidente.
No silêncio do quarto, apenas os pequenos gemidos dos dois eram ouvidos. Quando a porta se abre de forma silenciosa, as pessoas que estavam do lado de fora param ao ver os dois se beijando, sem se darem conta da presença deles.
— Ao que parece ele já está melhor — diz Aurélio com um sorriso de canto.
Ao ouvir a voz de Aurélio, Hideo se separa rapidamente de Sayuri, um sorriso sem graça se formando nos seus lábios por ter sido pego no flagra.
— Eu realmente amo vocês como a minha família — diz Hideo a Aurélio, Klaus e Max, que estavam na porta. — Mas agora só queria esganá-los por me interromperem.
— Ele está bem, pessoal. Totalmente recuperado, pelo que parece — diz Aurélio, rindo ao entrar no quarto.
— Não exagere, garoto — diz Klaus, sorrindo.
— Olhe para o nosso caçulinha, nem se recuperou e já está fazendo traquinagem — diz Aurélio, rindo da cara brava de Hideo.
— Deve ter aprendido com os mais velhos. Não é mesmo, Aurélio? — diz Max.
— Ei! Eu sou um bom exemplo a ser seguido — diz ele, aproximando-se da cama. — Vamos, Romeu, viemos te sentar.
— Apenas sejam cuidadosos. Ele ainda não está bem — diz Mei, mais atrás.
— Não se preocupe, senhora. Nada derruba esse j**a — responde Aurélio.
Com cuidado, eles se aproximam de Hideo, segurando-o com delicadeza. Era inevitável que ele sentisse dor pela forma como estava deitado, mas com um pouco de paciência, conseguiram sentá-lo na cama.
Hideo tinha os lábios pálidos devido à dor que sentia. Era como se a suas costas fossem se rasgar ao meio com o esforço, prova suficiente de que seu pai não havia tido misericórdia dele em momento algum.
— Aqui, querido — diz Mei, entregando-lhe alguns comprimidos e um copo de água. Ele os pega e os toma rapidamente.
— Obrigado, mãe — diz, devolvendo o copo.
— Você nos deu um grande susto, garoto — diz Max.
— Ainda bem que tenho irmãos mais velhos — responde ele com um sorriso de canto.
— Sim, você tem — diz Klaus.