Capítulo 60

1033 Words
O som do nome Matteo ecoou como uma sentença dentro da mente de Masato. A notícia caiu como um trovão: Lyo havia sido capturada. Interrogada. E pior... ela tinha falado. Disse o seu nome. Ele andava de um lado para o outro como um touro enjaulado, sabia que não deveria ter confiado em Lyo, ela já tinha acumulado muitas falhas com ele, e não era mais seguro que ela ficasse viva. As veias no pescoço de Masato saltaram enquanto ele esmurrava a parede do escritório. Fragmentos de reboco voaram. O silêncio que se seguiu foi ainda mais denso que o rugido da sua raiva. Ela sabia onde ele morava. Tinha estado na sua casa. Agora era uma ameaça viva. Ele não poderia se dar ao luxo de que os seus inimigos encontrassem provas contra ele, não agora que ele estava quase descobrindo a identidade do seu inimigo misterioso. — Ela está no hospital... sob cuidados intensivos... — informou Shun, com a voz baixa, quase temendo ser engolido pela fúria do chefe. Ele odiava quando Masato estava daquela forma, pois ele se tornava imprevisível, e ele já tinha visto coisas que n]ao desejava que acontecesse a ele mesmo caso seu chefe se descontrolasse ainda mais. Masato não hesitou. — Acaba com ela. Hoje. Agora. Antes que Matteo a use outra vez. Sem esperar resposta, virou-se e saiu, deixando atrás de si um ar gélido e cortante. Rapidamente a equipe de Masato foi informada do que precisava fazer e Shun respirava aliviado por não ter sido alvo do seu chefe. No hospital, o quarto 412 era vigiado apenas por um enfermeiro distraído. O homem enviado por Masato era discreto, metódico, quase invisível. O plano era simples: entrar, aplicar a dose letal, desaparecer. Mas não contava com Ronin, o pai de Lyo. Ronin estava exausto, mas atento. Desde que soubera da condição da filha, não arredara pé do hospital. E quando viu aquele homem estranho aproximar-se com demasiada intenção, algo despertou dentro dele — o instinto de pai. A sua filha podia ter errado e desonrado a sua família, mas enquanto ele estivesse vivo ninguém tocaria a sua garotinha. — Afaste-se dela! — gritou, lançando-se sobre o intruso com mais coragem do que força. Ele podia ver a surpresa no rosto do homem e movido por seus instintos tentava o afastar da cama da sua filha. Ele tinha tido sorte ao vir verificar Lyo ou jamais teria conseguido pegar o intruso a tempo. A luta foi curta. Brutal. E silenciosa. O homem era profissional. Um corte certeiro. Ronin caiu ao lado da filha, ainda viva, com os olhos arregalados de medo e dor. A medida que o seu sangue se esvaia aos pés do homem a sua frente o seu desespero crescia ao saber que a sua filha estaria indefesa, ele não poderia a proteger do inevitável. Lyo dormia alheia ao perigo ao seu lado, tubos estavam inseridos na sua garganta e ela estava ligada a vários aparelhos. O homem olha para ela sem nenhuma expressão no rosto, não era apago para sentir pena ou dó das suas vítimas, tudo o que lhe importava era o pagamento que ele receberia pelo serviço feito, e Masato pagava bem. Sem se preocupar com a bagunça a sua frente, já que tinha tido de matar Ronin, ele puxa a sua pistola do coldre coloca o silenciador e faz um disparo rápido na testa de Lyo. Rapidamente os aparelhos a sua volta disparam de forma enlouquecida, o homem deixa o lugar rapidamente antes que alguém o vise, rouba as imagens de segurança e parte para informar o seu chefe, o trabalho tinha sido feito. Quando Shun deu a notícia a Masato, esperava alguma hesitação. Mas não. O líder apenas acenou com a cabeça. Masato era sempre frio e indiferente, o seu chefe não tinha um coração algo que não o surpreendia. — Menos uma preocupação... Mas os olhos dele diziam o contrário. Não era alívio. Era ódio. Frio. Rancoroso. Mortal. Masato não perdoava falhas. Nem mesmo as que ele próprio causava. Aquele problema tinha sido evitado, mas não as consequências deles, já que Lyo tinha abrido a boca. A chuva caía em rajadas finas, batendo contra as janelas do escritório como se quisesse entrar e avisar Masato do que estava por vir. Mas ele já sabia. Sentia. A traição tinha cheiro. E estava cada vez mais próxima. Takashi, o informante mais discreto da rede de Masato, entrou sem ser anunciado. O capuz encharcado escorria sobre o chão de madeira escura. Ele era o tipo de homem que tinha passe livre em sua casa, e por isso sempre entrava quando lhe convinha. — Tenho o que pediu, senhor... — disse, estendendo um pequeno pen drive prateado. Masato olha o pen drive com curiosidade, ao que parecia a sua noite tinha ficado ainda mais interessante do que já estava. Masato não respondeu. Apenas girou a cadeira, encarando-o com olhos impacientes. Ligou o monitor e reproduziu o conteúdo. O vídeo era tremido, mas claro o suficiente. A primeira imagem: homens invadindo um dos seus navios mercantes. Movia-se como um fantasma. Profissional. Organizado. Depois, a câmera focou por breves segundos num rosto conhecido. Hideo. Masato cerrou os punhos. Os dentes rangeram. O peito subia e descia como o de um animal prestes a atacar. Ele sempre tinha desconfiado dele, e agora estava com a prova diante dos seus olhos, e o melhor, mais sedo do que ele esperava. Mas não era só isso. — Pára. Volta ali. Mais atrás... aí mesmo. — ordenou Masato. O vídeo voltou alguns frames. E então surgiu o segundo rosto. Sayuri. Ela estava lá. Ajudando. Quando os seus homens finalmente iriam eliminar Hideo, Sayuri havia o ajudado e destruído qualquer testemunha do que tinha acontecido. O silêncio foi absoluto. — Agora está claro. — disse, num tom tão frio que gelava a espinha. — Hideo não está sozinho. E Sayuri... — ele parou, como se o nome fosse veneno. — ela pagará por essa afronta da mesma forma que ele, nenhum deles deve sair vivo! Fez sinal a Takashi para sair. Precisava pensar. Planejar. Matar de forma mais c***l possível os seus inimigos, que agora tinham nome e rostos.
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