Sayuri não era tola para cair em uma armadilha malfeita como a de Masato. Ela havia percebido o carro os seguindo no momento em que saíram de casa, então instruiu o motorista por mensagem sobre o que fazer, assim como o seu pessoal. Quando invadiram a cafeteria, as outras vans já tinham sido interceptadas pelos seus homens, então ela apenas precisou fingir ser capturada para que Masato caísse na própria armadilha — e tinha dado certo.
O silêncio que se instalou na praça era cortante. Todos os olhares estavam fixos em Sayuri e Masato. A humilhação diante da elite da máfia queimava mais do que a dor na sua perna ferida. Masato estreitou os olhos, a mandíbula cerrada, o rosto deformado pela raiva.
— Acha que ganhou alguma coisa, Sayuri? — rosnou ele, cambaleando para frente. — Não tem provas. Nenhuma. Isso aqui? Isso é teatro barato! Quem vai acreditar em você?
Sayuri manteve o sorriso. Mas os olhos, frios como aço, mostravam que ela não estava ali para brincar. Na verdade, ela estava surpresa por Masato bancar o rato e tentar fugir do que havia feito, mas não dava para esperar outra coisa de um homem como ele.
— Eu não preciso que todos acreditem em mim, Masato... — disse ela, dando um passo à frente. — Só preciso que saibam que você está acabado.
— Mentira! — gritou ele, a voz ecoando pela praça. — Todos aqui sabem do que sou capaz! Sabem o que fiz por essa organização! Vocês acham que vão me enterrar assim?
A multidão recuou ligeiramente com o tom ameaçador, mas não se dispersou. Matteo, firme ao lado de Sayuri, deu um passo adiante, os olhos semicerrados.
— Já chega, Masato. Você cavou a sua própria cova. Mas não se preocupe, eu terei prazer em jogar o seu corpo dentro dela e jogar a terra. — Todos ali podiam ver a intenção nos olhos de Matteo, e aqueles que o conheciam sabiam que ele não brincava com as palavras.
Masato riu, uma gargalhada amarga, carregada de desespero.
— Sayuri, você é uma criança mimada, brincando de líder. Eu movi o submundo enquanto você brincava de princesa!
— E agora você vai responder por tudo isso — diz Sayuri, os seus olhos afiados sobre Masato.
— Não vai ser hoje que vamos acabar com a sua raça, Masato. Afinal, como você mesmo disse, apenas esse teatro não é prova suficiente diante da família para te acusar. Mas seus dias de sorte estão acabando — diz Matteo, observando Masato se enrijecer com as suas palavras.
— Você... — ele murmurou, os olhos arregalados. — Vamos nos encontrar novamente.
— Sim, vamos — respondeu ela. — E pode ter certeza de que o dia em que isso acontecer será o seu último dia de vida.
Masato se sentia encurralado, mas não podia fazer nada sobre aquilo. O seu plano havia se voltado contra ele, e diante daquelas pessoas, ele não poderia falar ou fazer nada que o prejudicasse ainda mais. Sem olhar para Sayuri, ele se vira e caminha em direção ao seu carro.
— Isso não vai ficar assim, guarde as minhas palavras — diz ele antes de entrar no carro e partir.
— Que covarde — diz Matteo, se aproximando dela. — Pensou rápido, princesa. Estou orgulhoso de você.
Matteo estava a caminho da casa de Hideo quando recebeu a mensagem de Sayuri, então rapidamente se deslocou até onde estava o pessoal dela. E, no fim das contas, o plano tinha saído perfeito.
— Sabe que estou sempre preparada, e meu pessoal também — diz ela, sorrindo para ele.
Vendo Sayuri daquela forma, Matteo se esquecia de que ela tinha um nome forte no submundo. Para ele, ela era apenas sua princesa — alguém com um rosto tão inocente, mas com uma mente afiada como a lâmina de uma navalha.
— Vamos, o seu noivo está se descabelando a essa hora — diz ele, puxando-a em direção a um dos carros.
— Contou para ele! — diz ela, brava.
— Não me olhe assim. Estava falando com ele quando a sua mensagem chegou ao meu celular. Não tive como disfarçar. Ele apenas concordou em não vir porque eu disse que não daria tempo e garanti que você estaria segura — diz ele de forma sugestiva. Sayuri apenas revira os olhos e entra no carro.
— Não tem sentido discutir com você. Sou inteligente o bastante para saber que não ganharei essa luta — diz ela, assim que ele entra no carro.
— Sempre admirei a sua inteligência, princesa. Mas devo dizer que a sua astúcia é algo impressionante — diz ele com um sorriso de canto. Sayuri apenas o ignora. Às vezes, Matteo tendia a bancar o cavalheiro com ela.
Quando chegam ao prédio onde Hideo morava, ficam surpresos ao ver a quantidade de soldados os aguardando, e um Hideo com cara de poucos amigos entre eles.
O carro m*l havia parado, e Hideo já havia aberto a porta, puxando Sayuri de dentro e a envolvendo em seus braços. Ele pensou que teria um treco quando foi informado do que estava acontecendo. Não suportaria que algo acontecesse à pequena diante dele. Sayuri era muito delicada para aquele mundo, e por mais que Hideo conhecesse um pouco de sua força e bravura, ainda queria que ela se afastasse de tudo aquilo.
— Quase me matou do coração, Sayuri — diz ele, segurando o rosto dela entre as mãos.
Sayuri observa com surpresa a preocupação estampada nos olhos de Hideo — algo que, para ela, ainda era novo, já que nunca pensou que ele lhe daria aquele tipo de olhar.
— Estou bem. Sei me cuidar — diz ela com um sorriso de canto. Os olhos de Hideo se escurecem.
— Eu não quero que tenha que se cuidar, Sayuri! Eu sou seu noivo, e isso é minha obrigação! Se depender de mim, você não moverá um único dedo.
— Oh! Como você é fofo — diz ela, se agarrando a ele e lhe dando um beijo rápido.