Capitulo 2

947 Words
Varias Horas Antes Despertei assustada com os gritos de Carla do lado de fora do quarto. Ela berrava enquanto dava fortes batidas na porta e não era a primeira vez que fazia aquilo. Me levantei as pressas e fui em direção a única porta que havia naquele pequeno cômodo, a abri e lá estava ela pronta para me atacar com suas palavras. — Onde está o pagamento, fedelha? — Eu vou receber hoje e te pago, prometo. — Suas promessas não valem nada para mim. Não sei de qual chiqueiro você saiu mas saiba que aqui existem leis e elas devem ser obedecidas. Você tem até amanha para pagar pelo quarto ou irei joga-la no olho da rua junto com os ratos que você colecionar ai dentro dessa calcinha. Foi apenas o que ela disse antes de sair andando pelo corredor, me deixando ali plantada na porta conversando sozinha. Voltei para dentro e fique alguns segundos me encarando frente ao pequeno espelho pregado na parede. Meus cabelos negros estavam embaraçados e minha pele branca parecia estar mais pálida que o normal. As olheiras estampadas revelavam as noites m*l dormidas de alguém que passava as madrugadas contando seus problemas para si mesma, presa dentro da própria mente. Mas eu não podia ficar parada ali o dia todo, precisava me arrumar para ir trabalhar e assim conseguir um pouco de dinheiro para poder pagar aquela espelunca de quarto. E foi o que eu fiz, me arrumei após tomar um banho dentro de um banheiro que m*l cabia uma criança e sai a pressas daquele lugar. O dia estava frio e as ruas movimentadas como de costume. Perto ao apartamento havia uma pequena quadra esportiva onde alguns meninos jogavam futebol diariamente. Também havia algumas árvores, uma aqui, outra ali, alguns animais como cachorros, gatos e até mesmo ratos.Comecei a seguir meu caminho rumo a cafeteria em que trabalhava como garçonete e pelo trajeto vi diversas pessoas, magras, gordas, altas, baixas, brancas e negras. Todas possuíam vidas distintas e apenas uma coisa as ligava: a vontade de lutar por algo. Coisa que eu havia perdido a muito tempo. Não demorou muito para que eu chegasse no meu trabalho, até parece clichê não é mesmo? Uma jovem fracassada que trabalha em uma cafeteria, coisa que a gente só vê em filmes. Mas diferente deles a minha história não parece que terá um rumo feliz no final, pelo contrário, parece que ficará cada vez pior.O estabelecimento havia acabado de abrir e não possuía nenhum cliente, para a minha sorte. — Kaila, chegou mais cedo hoje — disse Hilary, a recepcionista atrás do balcão. — Pois é, acho que trabalhar é melhor do que ficar naquele maldito apartamento. — É tão r**m assim? — Você nem imagina. Após vestir meu uniforme aproveitei a ausência de clientes e comecei a limpar as mesas. Eu fazia quase tudo naquele lugar, varria o chão, limpava as vidraças, tirava a poeira e também levava o lixo para fora, a famosa faz tudo. Foi então que eu parei o que estava fazendo para atender a uma mulher que havia acabado de adentrar na cafeteria. Sua pele era n***a, seus cabelos cacheados e ela aparentava ter cerca de trinta anos. Usava roupas elegantes e andava como se estivesse em uma passarela. — Bom dia, em que posso ajudar? — perguntei. — Oi, poderia me trazer um capuccino? — Claro, mais alguma coisa? — Por enquanto não. Como ela só pediu um capuccino eu não precisei anotar o pedido e minutos depois voltei até a mesa trazendo seu pedido. — Aqui está. — Obrigada. — Tenha um bom dia. — Mais uma coisa. — O que? — Poderia me fazer companhia? — Eu adoraria mas infelizmente tenho muitas coisas a fazer, muita bagunça para limpar e... — Eu pago o dobro pela sua companhia — ela sorriu e em seguida deu um gole no capuccino enquanto me olhava. — Bom — olhei para o balcão e Hilary estava distraída ao celular — não posso aceitar dinheiro para fazer companhia a alguém, me parece errado demais. — Eu insisto. — Sinto muito, se eu fizer isso posso até perder o meu emprego. Dei as costas e comecei a me afastar. — Kaila Wright. Foi apenas o que ela disse e aquilo me fez ficar imóvel. Ninguém naquela cidade tinha conhecimento do meu sobrenome, nem mesmo minhas colegas do orfanato sabiam. — Como sabe o meu sobrenome? — me virei lentamente e ela ainda estava sorrindo. — Eu sei muitas coisas, aliás, nós sabemos. Vou te pedir mais uma vez, poderia me fazer companhia? Creio que temos muita coisa para conversar. — Isso é uma pegadinha? — perguntei enquanto puxava uma das cadeiras e me sentava. — Creio eu que não. — Ninguém, absolutamente ninguém nessa cidade sabe meu sobrenome. — Ele sabe. — Ele quem? — Isso não vem ao caso agora. — Como sabe? Me diga logo. — Nós estamos observando você. Sabemos tudo sobre a sua vida. Você cresceu em um orfanato, após isso passou a morar em um abrigo e agora se mudou para cá. Onde vive em um apartamento velho no qual está com os alugueis atrasados. — Então é isso, andou vasculhando os meus documentos velhos no orfanato e veio até mim se achando uma agente da cia. Diz logo o que você quer comigo e por que andou pesquisando sobre a minha vida. — Vida? Você chama isso de vida? — Vai se f***r, se acha que vou deixar você vir aqui me humilhar como todas as outras pessoas está enganada. — Você vai deixar sim, porque é isso que você faz. É isso que veio fazendo toda a sua vida. Você deixa todo mundo te humilhar por que lá no fundo você acha que merece isso. Mas você não merece, é por isso que eu estou aqui. Ele quer te oferecer um contrato. — Ele quem? — Lúcifer.
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