Capitulo 3

1081 Words
— Poderia me devolver seu copo? Acho que eu te trouxe cachaça ao invés de cappuccino — não consegui conter a vontade de debochar e para a minha surpresa ela não se chateou, ao invés disso também riu da situação. — Até foi engraçado, admito. Mas estou falando serio. — Humm. Então o d***o quer me contratar? Seria por conta do meu charme? — passei a língua pelo lábio superior tentando parecer provocante, mas eu passava longe disso. Nunca me achei sexy ou algo parecido, não possuía s***s grandes, pernas grossas ou uma b***a enorme. — isso eu não sei, mas se você aceitar o contrato poderá perguntar pessoalmente. — Então satanás vai vir até mim? — Não. Nós vamos te levar até ele. Aquela conversa tomou um rumo engraçado e estranho ao mesmo tempo. Mas a cafeteria estava vazia e eu já havia limpado boa parte de tudo então decidi ficar ali e ver até onde aquela mulher iria com aquele papo sobrenatural. — E o que eu ganho com esse contrato? — Tudo o que quiser. Casa, carro, mansões e até mesmo uma ilha só sua. Você vai ser superior a todos que conhece. — Nossa, tentador. E o que eu perco? Minha alma? — Isso eu não sei. Não tenho permissão para ler o contrato. — Deixe-me adivinhar, eu ganho todas essas coisas e vivo dez anos antes de ir para o inferno? — Dez anos? — ela riu — criança, isso não é algo retirado das series que você assiste. Terá direito a viver quantos anos quiser, com a mordomia que quiser. — E eu vou ver Lúcifer? O terrível Lúcifer? — Sim. Você vai morar na mesma resistência que ele. — Sabe o que eu acho? — O que? — Acho que você precisa de um tratamento medico. Mas gostei do papo, bem engraçado. Eu precisava me distrair um pouco. — Aceite o contrato e verá que não estou brincando. — Para a sua sabedoria eu não acredito nessas coisas. Não acredito no d***o. — Mas ele acredita em você, por isso te escolheu a dedo. — E o que eu tenho de tão especial a ponto do d***o me escolher? — Essa é a questão, você não tem nada. Sem amigos, sem pais, sem parentes e sem vida social. — Assim você machuca meus sentimentos — sorri, tentando disfarçar o fato de que ela estava completamente certa. Eu não tinha nada, eu não era nada. — Kaila — ela balançou a cabeça negativamente — está na hora de dar a volta por cima, está na hora de colocar essas pessoas em baixo dos seus pés e mostrar a elas quem manda. É isso que ele está te oferecendo, um recomeço glorioso. — Muito bonitinho esse seu papo de recomeço mas eu vivo na vida real. Se quiser mais alguma coisa é só me chamar — me levantei da cadeira e dei as costas indo em direção ao balcão. — O dia esta frio hoje né — disse Hilary notando minha aproximação enquanto mexia no celular. — Sim, acho que vai chover. — Isso é bom. Eu amo a chuva. — Você ama tudo, Hilary. — Mentira, eu não amo o meu salario. — Então dê ele pra mim. — Só se você me fizer gozar? Aquelas palavras me deixaram vermelha como uma maçã em seu estagio final de amadurecimento. — Que nojo, sua pervertida. — Você não goza não é? Deixe de frescura Kaila — ela riu notando minha timidez — todo mundo goza, eu aposto que existem milhares de pessoas gozando nesse exato momento. — Você devia virar garota de programa. — Claro, quer ser minha cliente? Eu sei usar a lingua de uma maneira que vai te levar a loucura — Hilary mordeu os lábios me olhando de cima a baixo e em seguida caiu na risada. — Idiota... — Sou mesmo. — i****a e pervertida. — Você que é muito fresca e tímida. —Tenho princípios, sabia? — Claro que tem e a julgar pelo seu jeito esses seus "princípios" nunca foram penetrados de jeito. — Eu vou te matar. — Mate, mas não agora. Estou no meio de uma conversa bem quente aqui — ela voltou sua atenção para o celular. — A julgar pelo seu jeito essa conversa deve ser com o dono da cafeteria. — Agora eu é que vou matar você. Está insinuando que eu sou interesseira? — Eu não disse nada. Dei as costas para o balcão e a mulher misteriosa havia deixado o estabelecimento. Sobre a mesa onde ela estava encontrava-se um pergaminho enrolado, o dinheiro do capuccinho e uma gorjeta bem gorda. Peguei o pergaminho e havia uma fita vermelha amarrada nele. Seria aquele o tal contrato? Perto ao copo encontrei um bilhete deixado pela mulher: "O contrato deve ser assinado com sangue." Agora não me restava mais duvidas, aquele pergaminho realmente era o contrato bizarro do qual ela havia falado minutos antes. Uma grande idiotice ao meu ver. Atualmente Olhei para ambos os lados da calçada, depois para cima e em seguida voltei os olhos para o contrato no chão. Nada aconteceu aparentemente, minhas roupas ainda estão jogadas perto a mim e o frio começava a me maltratar. A noite ficava mais nebulosa a cada minuto e a movimentação nas ruas logo daria lugar ao deserto da madrugada. Eu não tinha para onde ir então fiquei ali sentada e encolhida enquanto fitava as luzes das casas se apagando aos poucos. Todos estavam indo dormir em suas camas confortáveis, ao lado de suas famílias amáveis. E eu, bom, eu estava a beira da loucura. Sem abrigo e agora sem sanidade, eu não acredito que realmente cortei o dedo para escreve meu nome em um papel i****a que me foi entregue por uma pessoa mais i****a ainda. Duas luzes fortes surgiram na rua a direita. Certamente os faróis de um último veículo que transitava por ali. Mas não era um veículo qualquer, era uma Limousine luxuosa que aparentava custar mais que todo aquele bairro brega. O veículo parou bem próximo a mim e aquilo me assustou. Me levantei rápido do chão e dei alguns passos para trás enquanto olhava em todas as direções para ver se mais alguém estava presenciando aquilo. O vidro da janela onde ficava o motorista se abaixou um pouco mas o interior da limousine estava escuro e eu não consegui enxergar nada. — Senhorita Kaila Wight? Era a voz de um homem. 
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